quinta-feira, junho 30, 2005

Esperando Godot? O caralho!

LIELSON: ei, cara! me ajuda tirar essa bosta dessa bota.
ÉLE-ZÊ: por quê? Tá machucando teu pé?
LIELSON: na verdade não. mas como os caras fazem isso naquela peça, achei que ia ficar legal rolar um inter-texto, saca?
ÉLE-ZÊ: hmmm! certo. é agora que eu digo never mais?
LIELSON: acho que você comeu bosta de boi zebu. isso é do outro cidadão.
ÉLE-ZÊ: só. confundi a merda dos autores.
LIELSON: eita! não vou nem falar nada...
ÉLE-ZÊ: ma quié que tamos fazendo aqui?
LIELSON: esperando por um tal de Godot.
ÉLE-ZÊ: Dodô? aquele ruim que jogava no São Paulo?
LIELSON: GODOT.
ÉLE-ZÊ: gordo? que gordo?
LIELSON: G-O-D-O-T! Você é burro ou tá querendo me irritar?
ÉLE-ZÊ: foda-se. quem é esse viado?
LIELSON: sei lá. é um cara que não chega.
ÉLE-ZÊ: ah, sei. estamos no teatro.
LIELSON: é, moins non plus.
ÉLE-ZÊ: tamos sim. você até falou em francês.
LIELSON: e daí?
ÉLE-ZÊ: pra ser teatro, tem que rolar uma língua estrangeira no meio do texto e o tema é aquele universal do teatro (segundo Manoel Carlos Karam): esperar por alguém que não chega.
LIELSON: que merda, né?
ÉLE-ZÊ: ô, vidinha meia-boca, viu.
LIELSON: vamos embora dessa merda?
ÉLE-ZÊ: não dá. estamos esperando por Godot...


I'm wait for my man - Velvet Underground

quarta-feira, junho 29, 2005

Dissonância

O que faz você gostar de música pop?

Essa coisa barata e de pouca elaboração se comparada às canções eruditas. A verdade, é que a primeira coisa que me preocupa quando resolvo viajar é: quanto tempo, logo quantos CDs preciso levar.

Basicamente é uma relação amorosa simples: a música pop me dá o que eu peço e eu ignoro sua fragilidade.

Outra verdade é que essa fragilidade faz da música pop forte. Marcante.

A música erudita é catártica; singela em sua complexidade.

A música pop é rebuscada em sua simplicidade. O que é algo bastante complexo.

E eu adoro os complexos simplórios, que levam à catarse pela singeleza.


I love my recorder - Lispector

segunda-feira, junho 27, 2005

Uma piscadela e um beliscão



Strangers - Portishead

sexta-feira, junho 24, 2005

Para Kathia...

Nossa, tinha tanta coisa pra te falar antes de tu ir embora...

Não vai dar tempo. Melhor começar logo...

Vou tentar resumir:

já que você vai, adeus!


Rubby Tuesday - Roling Stones

quarta-feira, junho 22, 2005

Execução

Você já pensou se o mundo fosse de uma burocracia funcional absoluta?

Existiriam documentos com o momento que cada pessoa nasceria e morreria. E um governo democrático, honesto, sensato e batuta que empregaria executores.

Por 3 horas de vida a menos, você poderia escolher a forma de morte.

Explico: se sua hora da morte a acontecer consta nos arquivos, basta que os executores cheguem, cobrem as 3 horas e te executem conforme o pedido.

Eu escolheria morrer no exato momento em que a música sobe e explode. Gostaria de ser explodido junto, um pouco depois.


Exit music (for a film) - Radiohead

domingo, junho 19, 2005

Propaganda

Só pra avisar:

Volto a colunar ao Bonde após longo período. Sobre o livro do Tezza, O Fotógrafo.
Por aqui, por favor [>>>]


Writing to reach you - Travis
De olho no espelho...

:ODADIUC

é eugolb essen otircse oduT
osoicilam - ocitsácras - ocinôri
od oirártnoc oa odil res eved e
.mumoc osnes o asnep euq

.osseva ed oiem ratse iav adnia E


Life in a glass house - Radiohead

sexta-feira, junho 17, 2005

Psicanálhase 2

A Ana (Lista) disse que meu Id (ota) tá querendo que o (c)Ego se supere. Mas ele tá meio perdido no Édipo (é complexo, sabe).

Parece que minhas pulsões textuais tem sido recalcadas no incosistente e somatizadas em forma de bloguesteria.


Monkeys gone to heaven - Pixies

quinta-feira, junho 16, 2005

Psicanálhase

Minha Ana Lista me disse que tenho complexo de Freud. Que recalco minhas pulsões, pulsinhas e pulsos cortados.

Que o Eros tá de foder com o Tânatos. O Id quer uma capa, mas o Superego disse que é dele e o Ego, sum.

A Ana Lista diz que estou reprimindo um desejo incosciente de "pau no cu" do Freud. Ela disse que vai me deitar no divã e que aquilo na foto não era só um charuto.


Freud Flinstone - Engenheiros do Hawaii

quarta-feira, junho 15, 2005

Serviço de utilidade pública: Laerte

As tiras de Laerte na Folha de São Paulo são pequenas obras de arte.



Vale a internet também [>>>]


Seven Months - Portishead

sábado, junho 11, 2005

Um texto tosco para um final de semana pouco promissor

Jaime era bonzinho pra caraleo.

Foi que de tanto andar com um baralho no bolso da camisa, o naipe de ouros entranhou-se-lhe, o de copas desceu peito abaixo, o de paus um pouco mais e o de espadas cutucava sua bunda.

Ele era todo coração: e mais: um coração de ouro!

Ajudava escoteiros a atravessarem a rua, carregava velhinhas pesadas para as sacolas, dava frio pra quem tinha blusa, fome pra quem tinha comida, sempre dava seu velho no banco para um ônibus, jogava pombas no milho para as calçadas, clicheava os jargões nos lugares comuns.

Até que um dia foi assassinado por uma quadrilha de vendedores de órgãos. Como haviam perdido sua noite e não encontraram nem cravo, nem piano, buscaram os rins de Jaime.

Mas estavam ruins. Tentaram os intestinos. Mas estava uma merda. Tentaram os músculos. Mas estavam no osso.

Arrancam-lhe o coração: era dourado.

Petelecaram ele: oco.
Unharam ele: banhado a ouro.
Enfiaram uma das espadas-que-cutucavam-a-bunda-do-Jaime no atrio de lá e o abriram: sangue, nervo, grito e noz. Ouviram o grito: deixaram os nervos para um cabo de hiper-tensão: o sangue secaram na calçada: noz para o alto. Uma pra cada.


My iron lung - Radiohead

sexta-feira, junho 10, 2005

Dupla cidadania

Acho que pelo tempo vivido, serviços prestados e taxas pagas, consigo fácil um passaporte de cidadão da Merda.

Merda - Mombojó

quarta-feira, junho 08, 2005

post-cardeal

Dizem que me acho demais, mas é inevitável; vivo perdido...

Same - Snow Patrol

terça-feira, junho 07, 2005

Marta no país da morfologia

Marta lia um livro. Resolveu abrir ele bem, tão bem, até que ela pudesse entrar dentro dele.

E Marta entrou. Entrou em um dado lançado em um correRio, passou por Galáxias e zoológicos fumarentos.

Marta então chegou a um castelo sem portas. Entrou.

Encontrou uma mesa com homens mudos jogando cartas de tarô e outra mesa com comida. Marta estava faminta.

Na mesa das comidas tinha sopa de acentos, guizado de plosivas, suco de sintaxe. Mas Marta optou pelos diliciosos O's caramelizados.

Marta engoliu um O inteiro, sem mastigar ou passar um circunflexo em cima. Marta se engasgou.

Começa a tussir, a Marta. Cospe um A. Finalmente, Marta engole o O.

Caiu pra trás, a Morta.


7 words - Deftones

domingo, junho 05, 2005

constatações métricas

Condições da valiação: uma neblina que poderá ser chamada de fog pra dar um clima mais londrino, 14 graus celsius e início ao horário de 0h01m de domingo.

Gasta-se em torno de 80 minutos do terminal do portão até a casa onde moro.


Miles away - Yeah Yeah Yeahs

sexta-feira, junho 03, 2005

post-placebo

Tudo tão prevível:

foi absolutamente inimaginável, como havia previsto.


Super freaky memories - Luna

quinta-feira, junho 02, 2005

Papéis sociais

Todo indivíduo em uma sociedade desempenha uma função "social".

Essa função dependerá de vários fatores: opção sexual, idade, etnia, etcteria. Podemos chamar isso de papel social.

Conversando com Paulo Sandrini (escritor e companheiro de mestrado), propomos uma classificação para os papéis sexuais na sociedade:

o papel do homossexual masculino=papel de carta;
do heterossexual masculino=sulfite branco
da heterossexual feminina=papel de seda;
da homessexual feminina=papel couché 120g fosco;
papel do transsexual=celofane;
do bissexual=papel bíblia.


Paperbag Writer - The Beatles