sexta-feira, julho 29, 2005

A Precária Fábrica de Mandolates - FINAL

O Sr. Conga ficou extremamente decepcionado com o mundo: as coisas andavam tão difíceis que nem mais as putas eram confiáveis.

E ficou ainda mais decepcionado quando, passados 17 dias do fato, viu no intervalo da novela a propaganda de um mandolate que rolava!

O Sr. Conga tomou tino e uma atitude: mudou-se para Carecuru, no Amapá.

Ninguém nunca mais viu Conrado Conga.

Em Macapá, começou-se a vender os deliciosos nhac-nhac mandolates Ga-Con. Eles eram tenros, teistáveis e rolavam. E ficavam de cores diferentes enquanto eram mastigados! Um sucesso de vendas e público!

Cinco pessoas morreram engasgadas.

A autópsia revelou que uma formação similar à um dente humano obstruiu a cavidade epligótica na faringe.

O Fantástico, ao promover a investigação do mistério, encontrou barracões de madeira de 444 m2 em Carecuru. Vazios.

Não havia vizinhos próximos que pudessem dar informações.

A única sobra de todo o ocorrido é um mandolate que o dia todo percorre o barracão até o final e volta. Do Sr. Conga encontrou-se apenas um diário, com todas as páginas preenchidas com o mesmo texto: "Eu já sabia!".


Smooth criminal - Alien Ant Farm

quinta-feira, julho 28, 2005

A Precária Fábrica de Mandolates

Conrado Conga tinha um sonho e não mais que cinco dentes: levar algo de si para as outras pessoas.

Ao contrário do que pensava seu pai, preferiu o caminho da doceria invés do futebol. O Sr. Conga saiu de casa aos 12 anos, por diferenças inconciliáveis entre o padrasto e seu rabo.

Os anos passavam, e os dentes do Sr. Conga caiam a cada nova fórmula de mandolate que não rolava. "Eu preciso de uma fórmula de mandolate que role" - pensou o Sr. Conga.

Até que um dia ele conseguiu: o mandolate ficou macio, teistoso e rolava. Bastava bater palmas que ele vinha até você.

O Sr. Conga ficou eufórico e caiu na gandaia pra comemorar.

Entre uma puta, outra e a queda de mais um dente, muita pinga e cachaça. Chegou em casa de pernas abertas e sem fórmula do mandolate que rolava. Pobre Sr. Conga...

CONTINUA...



Kid A - John Mayer

quarta-feira, julho 27, 2005

O Teatro Epifânico

personae dramaticae:
Homem (entre 21-28 anos);
Mulher (entre 21-28 anos)

O Ponto Mais Alto de Uma Acalorada Discussão Sobre Relacionamentos

ATO I
(No palco, cenário vazio; na rua, uma de médio movimento em frente a um cinema; num Shopping não. Em internas, a luz deve lembrar o entardecer; em externas, deve ser ao entardecer.)

MULHER (espantada e nervorsa): Mas isso é completamente desparatado!
HOMEM (calmo): Querida, não é pra ter sentido. É pra ser sentido.

ATO II
(Os personagens se olham e partem em direções opostas. Após darem alguns passos, viram-se e voltam para o meio do palco. Ele lhe entrega um papel. Ela lhe entrega uma caneta. Sobe música. Eles andam até sair do espaço teatral.)

FIM


Oh! sweet nothin - Velvet Underground

terça-feira, julho 26, 2005

Notas curtas de viagem 2

"Nunca vi minha mãe tão bonita, tão linda quanto aquele dia.

Ela tinha 87, mas parecia 45, no máximo. Sua boca lisa fazia um contraste com a pele pálida. As rugas, tão poucas e tão bem maquiadas, sugeriam um contraponto com as partes lisas da pele.

Os brincos pequenos dourados e o vestido rosa tímido, faziam sobretom com os lábios, as mãos levemente rosadas e a evanescente cor das orelhas.

Ela estava altiva, como uma rainha. O cheiro das flores e o murmúrio das pessoas parecia regido por ela. Ela imóvel, soberba, inteira, tranquila.

Gelada.

Todos nós lá, os filhos à sua volta. Alguns choravam. Outros ressentiam em silêncio.

Acho que apenas eu admirava, maravilhada, a beleza emanada daquele corpo cercado por velas."



Dead - Korn

segunda-feira, julho 25, 2005

Notas curtas de viagem

...então teus pais são evangélicos, né? É uma benção!
- Não...minha mãe é batista; meu pai é católico, meio carismático...
- Ah, eu sou evangélica. Sou batista, como tua mãe, mas da Paz. Tu mãe é Betel. E você?
- Eu não...


Shady Lane - Pavement

sábado, julho 02, 2005

Esgotado!

A minha sacola de histórias, piadas, racontos, lielsons, mentiras e besteiras esvaziou.

Como fiquei sem matéria-prima pra tratar o blogue, vou até Francisco Beltrão buscar um carregamento de ficção.

Volte por aqui lá por agosto.

Enquanto isso, desliga o PC e vai ler um livro. Afinal, precisamos garantir as tais 5 horas que os brasileiros passam por semana lendo livros. Discorramos um pouquinho sobre isso:

Eu sou um cara que lê bastante (fato, não mérito). Numa média aproximada leio LIVROS 2 horas por dia. Numa semana, dá 14 horas de leitura. Beleza! Eu me garanto e cubro mais dois pra fechar a média.

Alguém aí garante o resto do Inter 2?


I don't like mondays - Tori Amos

sexta-feira, julho 01, 2005

Enquanto isso, em Curitiba...

A moça de saia curta, sentada de pernas cruzadas, despenca o pescoço e encosta a cabeça mascadora de chiclete na guarda do banco.

O velho negro de terno branco, guardou o lenço vermelho e achou a ruela fedida.

Uma pomba cagou no ombro da colegial excitada com a boca do guri.

A colegial pombagada passa ao lado do velho. Ele se vieleia acima. A moça do banco faz um único movimento: descruza as pernas.

A moça, naturalmente, abre as pernas, como num balé.
A saia, naturalmente sobe, como numa fuga.
O velho naturalmente leva a mão ao chapéu panamá, como num aceno.

Entre eles, o vertical sorriso dela.


Vai passar - Chico Buarque