sexta-feira, abril 28, 2006

Os coelhos estão atrasados pra um importante encontro...

Tive uma adolescentice hoje: sorri na rua por me lembrar que vou ao Show do Echo & the Bunnymen a noite.

Certo, é meio forçado.

Tô com aquele comichão logo acima do estômago, me dizendo em seus sinais comichonais que o show vai ser épico.

Não sei se é um jeito estúpido de justificar a pequena fortuna empregada na compra do ingresso. Mas eu sempre gostei de ir em shows. Sei que é errado criar expectativas positivas antes de qualquer coisa, pois é difícil conseguir que o espaço entre a imaginação e o fato seja ocupado pela satisfação.

Já fui em shows bons como o do Los Hermanos, na abertura da turnê do Ventura, do Teenage Fanclub, no CRF 2, do Arcade Fire, no Tim Festival e do Coldplay, na Via Funchal.

Em shows que rolou "aquela" entre banda e público, como o Mombojó no 92º, o Pixies na pedreira e o Strokes em São Paulo.

Fui em shows plenos e perfeitos, como a Nação Zumbi na Ópera de Arame e o Cake no Curitiba Master Hall, bandas que não tenho nenhum CD e mesmo assim proporcionaram os melhores shows que já vi. Vi não, participei. Ah, é claro: o singelo e emocionante show do Pato Fu em Curitiba em 2004.

Mas, veja você, show do Echo & The Bunnymen, nesse eu nunca fui...


A promisse - Echo & The Bunnymen

quinta-feira, abril 27, 2006

Era uma vez

Celinha. Morava num pequeno apartamento afastada das pessas, mas próximas das multidões. Celinha era escritora.

Começou com um blogue meia-boca, que no boca a boca, virou mania e cartilha de conduta para adolescentes, que a consideravam uma boca e meia.

Celinha porém sabia qual parte de boca lhe cabia. Por isso, sempre assinou o blogue com um pseudônimo: Alice (Ce-li-a ---> A-li-ce). Não queria 'sujar' seu nome.

Cada vez mais, as histórias meia-boca entravam goela abaixo das pessoas. Celinha, como Alice lançava um livro a cada 2 meses. Celinha resolveu então, publicar uma literatura experimental e levada a sério. Escolheu o nome de Lecia.

Celinha se mordia, pois Lecia (que era a escritora que ela sempre quisera ser) não vendia nada, mas era beijada pela crítica; o oposto de Alice, que vendia muito, porém os analistas literários metiam a boca.

Celinha, então inventava mais uma personagem: Zélia, uma escritora de soft porn. Seu primeiro livro (Pipoca ou Pop Corn?) fez tanto sucesso entre os intelectuais e punheteiros, que virou filme.

Mas Celinha não engolia isso. Não era isso que pensara pra si.

Resolvera pôr a boca no mundo: lançaria um livro assinado, finalmente, por ela mesma, revelando toda a história da criação das outras 3 escritoras. Todos ficarão de boca aberta, pensou.

Quando Celinha começou a escrever, percebeu a história que ficaria muito grande e resolveu lançá-la aos poucos, em capítulos, formando uma decalogia. O(s) livro(s) foi(ram) um sucesso comercial.

Até que aconteceu: as outras editoras que publicavam os pseudônimos de Celinha, resolveram processá-la por uso indevido e mal-intencionado da imagem de suas escritoras. Corre à boca pequena que Celinha teria aberto um largo sorriso ao ouvir isso.

Quando Celinha, de boca aberta, viu Leicia na TV, num programa de entrevistas, não soube o que fazer. Comentava ela sobre Alice, a nova imortal da ABL e sobre sua polêmica aberta contra Zélia, que entrava em trégua até que abocanhassem o dinheiro do processo contra Celinha.

Celinha chegou a abrir a boca pra dizer impostoras, mas se conteve. Em choque sabia que aquelas eram ela, tinha certeza.

Então Celinha levantou da cadeira em frente ao computador pegou a Celinha atônita pela mão e a pôs sentada no sofá. Disse-lhe que tivesse calma, que tudo terminaria bem.

Celinha deixou Celinha no sofá e foi para janela, pensando em escrever uma história em que os pseudônimos de um escritor começassem a se confundir entre si. Achou muito banal. Resolveu começar uma telenovela.



Intimate secretary - The Racounters

quarta-feira, abril 26, 2006

Veja por exemplo, a questão do maralismo

Veja por exemplo, a questão do maralismo, /ops/ moralismo com os termos de calão enlameado. Ali evidencia-se como o significado social dos termos extrapola qualquer bolota de ferro semântica presa à serifa dos verbetes.

Clareando, é na proibição dos palavrões que dá pra sacar como funciona a mente moralista. E ainda perceber como o significado que o uso dá às palavras desautoriza qualquer dicionário.

Caso exemplar: o clássico, popular e, talvez a única, verdadeira paixão nacional, o lindo vai si fudê. Uma expressão plena e soberana, capaz de transmitir todo nosso desprezo, má-vontade e contrariedade pela opção de nosso interlocutor.

Pessoas que se policiam em momentos de raiva, puritanos, com modos no linguajar, politicamente corretos e legendistas de filme, substituem o nosso querido e amado vai si fudê (existe a variante fono-morfológica vai ti fudê) por um escandaloso vá se danar.

Imagino que uma pessoa que faça tal substituição pense em evitar a sujeira daquele termo, o peso que ele carrega, o seu sentido pra baixo. Por isso, "alivia" o xingamento, trocando o baixo e vulgar, pelo termo usado na novela.

Mas, caros preclaros, pensem bem: existe algo pior que mandar a pessoinha contrafeitora de nossa vontade se danar, ou seja, para o inferno ETERNO da danação, sentado no colo do Coiso-ruim e sofrendo os ardores e dores por todo o além-vida?

Sou muito mais cristão: aqui se fez, aqui se paga: Mando o viado tomar no meio do teu cu e todos ficam felizes.



Road runner - The 5.6.7.8's

terça-feira, abril 25, 2006

O caso do senhor Izzi

O senhor Izzi era uma boa pessoa, cidadão pagador de impostos, marido fiel e pai compreensivo.

Mas tinha um problema.

Sofria de um daqueles disturbios cerebrais malucos. Ele 'desligava'.

Tava em casa vendo TV, levantava pra ir na cozinha...

Caia no chão e adormecia.

Diagnosticado num primeiro momento como doença do sono, descobriu-se mais tarde que a doença do sono não era doença do sono porra nenhuma. Era uma descarga elétrica intensa dos neurônios, que 'derrubava a chave-geral' do senhor Izzi, cancelando suas funções motoras e colocando-o, após alguns segundos, em descanso. Ou seja, ele só dormia depois.

A descarga elétrica concedia um momento de grande lucidez e criatividade ao senhor Izzi, e segundo o próprio, sempre ouvia a mesma canção de uma de suas bandas favoritas, enquanto uma história completa e diferente atravessava sua mente.

O senhor Izzi tinha esses desligamentos sem nenhuma motivação externa aparente e sem periodicidade, embora fosse difícil passar um mês sem ter pelo menos um deles.

O senhor Izzi começou a tomar ações preventivas, pois do mesmo modo que os catalépticos de Edgar A. Poe, os ataques sempre se deram de modo repent


Whisper - Morphine

segunda-feira, abril 24, 2006

De pai pra filho...

"... porra, Pai! Você não me entende mesmo! As coisas são dificeis pra mim, tá? BEM dificeis. A adolescência é uma fase de mudança e de achamento. E eu tô completamente perdido dentro de mim com essa mudança. Por que você não me dá um tempo? Acha que não ter certeza, estar com tudo indefinido me faz bem? Acha?"

"Pois bem: não faz! Tá?! Não faz nada bem. Essas faltas de certezas estão me matando! E matando rápido."

O Pai continua olhando nas lágrimas do Filho. Se aproxima.

"Olha Filho, pois o que tem me matado lentamente é cada um das certezas que se acumulam dia após dia, que não terei mais mudança nenhuma pra mim. Aproveite sua sorte."

O Pai dá um abraço no Filho, e vai para o banheiro, liga a torneira da pia e empresta lágrimas a face pesarosa e tristonha.


Sapato novo - Los Hermanos

quarta-feira, abril 19, 2006

Pequenas fatias da vida - 2º Ordem ou sobre Bondades Espontâneas

- brigado por ter judado tanto a gente, seu Nicolai. se incomodá tanto...
- não tem que me agradecê pur nada. fiz tudo pelo mais puro egoísmo. olhá cês dois junto me faiz um bem danado, me dá uma alegria que coça. me lembra das coisa boa. tudo que fiz, fiz por causa de mim memo. só usei a felicidade de doceis pra chegá na minha...



Baby - Mutantes

terça-feira, abril 18, 2006

Passa, Tempo!

Veja que coisa divertosa. Só mantenha o controle pra que teu chefe não te ponha essas bolas...
Bem, você sabe...[>>>]


El presidente - Drugstore & Thom Yorke

segunda-feira, abril 17, 2006

Homem-Clipping

Quem não acredita em super-heróis? Não deveriam. Eles mentem...
[>>>]

PelamordeDeus, entrem no link acima...


Superman - Stereophonics

quinta-feira, abril 13, 2006

Pequenas fatias da vida - 1º Ordem ou sobre as Epifânias

Andava na rua. Andava até perder as referências, a consciência e a certeza de que ia àlgum lugar.

Era uma manhã envergonhada, destas que cobrem o dorso com o endredoneblina. Era um sol presumido, como uma lanterna acesa sob as cobertas. As calçadas, ainda úmidas pelos desejos da noite.

Andava, alheio.

E no exato momento que um carro sedan furou o sinal, que um Diogo resolveu matar a aula de matemática, que um Dj resolveu tocar samba, que uma colher atingiu o fundo de um copo, que uma Marilena sentiu o cheiro de plástico queimado no chuveiro, que um Joaquim conseguiu seu primeiro passo, que uma velha mendiga abria o jornal roubado, nesse exato momento, tomava consciência:

Andava fazia meses pelo mesmo caminho e nunca percebera o cartaz mal-pintado na parede.

|SEJA BEM-VINDO!|


O casamento dos pequenos burgueses - Chico Buarque & Alcione

quarta-feira, abril 12, 2006

Habitação, Segurança e Emprego - uma tragicomédia suburbana

Mateus tinha uma puta casa, um belo emprego e um puta segurança.

No terreno ao lado, Lucas. Ele morava num casebre de merda, estava desempregado e tinha a média pessoal de 1 assalto por semana.

Mesmo com seu puta segurança (Pedrão Espada), uma apólice de seguros que cobria absolutamente tudo (menos batidas intencionais de algum de seus carros), Mateus não tinha nenhuma segurança.

Lucas, por outro lado, como morava numa casa invadida de merda, não arranjava emprego, nem tinha nada pra ser roubado, possuia alguma segurança.

Certo dia, fugindo de um cobrador, Lucas pulou o muro da puta casa de Mateus, trepou no balcão vitoriano e invadiu o quarto. Como não tinha ninguém na puta casa, Lucas aproveitou pra tomar um banho, vestir uma daquelas roupas bacanas e deitar naquela cama maior que seu casebre de merda.

Já Mateus, arriscou sair mesmo sendo o dia de folga de Pedrão Espada. Acabou vítima de sequestro relâmpago. Quando os meliantes sacaram a identidade de Mateus, puderam ler "Muita grana" escrito nela. transformaram o relâmpago em uma fraca luz contínua de cativeiro de um casebre de merda abandonado. Não havendo necessidade de se fazer revelações posteriores, sim, era a casa de Lucas.

Lucas acordou no outro dia, assustado, com uma bela mocinha trazendo-lhe o café da manhã. Depois vieram lhe dar banho, recebeu seu personal friend e personal trainner, sairam pra passear com ele, levaram-no até um escritório, uma secretária ruiva siliconada fez sexo com ele e o levaram novamente para casa. Durante todo o dia, o trataram bem e não o olharam nos olhos. Todos baixavam a cabeça pra falar com ele.

Mateus passou um dia de cão sarnento. Apanhou, não comeu, ameaçaram de cometer sexo com ele, deixaram que se borrasse e molhasse, vomitou, chorou. Passou o dia todo imaginando como fugir dali e quão longe de sua puta casa estaria. Dois dias depois, empreendeu a fuga. Desamarrou um nó porco, pulou a janela e embrenhou-se pelo fundo do lote. Viu um muro muito alto e reconheceu sua puta casa. salvo! Correu, saltou, encontrou a puta casa fechada e sem funcionários. Tentou subir para seu quarto pelo balcão vitoriano. Mas havia grades na janela.

Quando Lucas voltava de sua nova rotina viu um maltrapilho tentando entrar em seu quarto. Mandou Pedrão Espada derrubá-lo e dar-lhe uma lição. O cara-de-pau tinha a pachorra de gritar que era o dono da casa.

Espancado, humilhado e não-identificado, Mateus sentiu que perdera tudo. Só ganhara uma certa segurança de não ter mais nada a perder.

Lucas, que mandou pôr grade em todas as janelas e retratos seus com o nome Mateus por todas as partes da puta casa, concedia folgas frequentes pros funcionários e já até comia a camareira. Só tinha uma insegurança: que sua farsa fosse descoberta pelo Fantástico.



Pale blue eyes - Velvet Underground

sexta-feira, abril 07, 2006

Saúde

A tia espirrou. A vó reclamou da dor nos ossos. A mosca pôs ovos na goiaba cortada ao meio.

Seu pai escarrou. Sua irmã tomou a pílula pra emagrecer. O primo (o outro) enfiou um carrinho dele embaixo da camisa pra levar embora.

O gato amarelo lambeu as feridas. O vô perdeu o equilíbrio ao levantar. A mãe chorou ao lavar a louça. O cachorro mordeu suas próprias costas quando ela coçou.

O louco babão passou babando. O bêbado tentou catar a baba do louco babão. Os mosquitos traziam a noite em seus zzzzzzzzuuummmbidos. O primo contou como quebrara as pernas.

Chegou o primo médico, fumando. Ele sempre chamava a atenção de todos.

Contou uma história de hospital: sangue, cirurgia de emergência, falta de ar, vítima paraplegicizada. Todos, compadecentes, fizeram ai, ai!

A vó e a tia (outra), uma rouca a outra afônica, atestaram em coro: mas o importante é que e gente tem saúde, né?

COFF, COFF!


Public pervert - Interpol

quinta-feira, abril 06, 2006

Educação

Edu era um menininho inquieto, questionador, mafaldesco.

Sua professora de matemática, a Tia Cremilda, ensinava as crianças da não-falo-qual classe sobre a reta numérica.

Tia Cremilda encerrou e perguntou alguma dúvida?

Edu ergueu o braço secular inquisidor e varou: não entedi qualé do 0 (zero)?

O quê você não entendeu?, falou-se rindo a velha normalista.

Pra que serve essa porra? (o narrador já citou que Edu é pouco polido? Ele é tipo, fosco...) É óbvio que divisão por zero dá inexistente. Essa merda não existe. Como resultaria em algo que existe, caralho?

Mediante tais argumentos sólidos que desmancham no ar, Tia Cremilda riu. Isso se chama lógica, Edu.

Lógica é o caralho! Como é lógico criar uma disciplina inteira que guia o mundo baseado em uns árabes chapados de narguilê com bosta de camelo?

A turma toda riu e apontou o dedo para Edu.

Porra! Pensa! Como podem existir números infinitos? Como pode ter uma merda de infinito entre 1 e 2? Tem 2 infinitos entre a merda do 1 e do 3? Que bobagem é essa de menos infinito? Caralho vocês não percebem a cuzisse que é deixar esse cu de mundo sob controle de algo que não existe e de algo que finge que existe? A viadagem do 1 e 0 (zero). Binário é meu pau no teu cu!

Ninguém nunca soube na verdade porque Edu foi expulso da escola. Alegaram a quantidade de palvrões. Dizem as fontes que ele ainda teria gritado antes de ser expulso: vão calar o cu de vocês com a merda que eu cago, censores da porra!



Revolution in the summertime - Cosmic Rough Riders

quarta-feira, abril 05, 2006

Hotel Prozac

Atualizado semanalmente, a novela indie Hotel Prozac.

Ainda está no começo da história, apresentando personagens. Hoje vai (foi) ao ar o terceiro deles.

|HOTEL PROZAC|


Time of the seasion - The Zombies

terça-feira, abril 04, 2006

I'm late for a very important date...

Em Curitiba a páscoa rola no dia 16 de Abril, mas os coelhos só passam por aqui depois, a la Carroll, atrasados.

Echo & The Bunnymen, no dia 28 de Abril. É.

Aproveito pra explicar a razão do atraso do show da turma de Liverpool: a culpa é minha.

Meus amigos de tantas noites, Ian e Will, não fariam esse desaforo de tocar no Brasil em uma data em que eu não tivesse dinheiro pra assistir a apresentação.

É apenas isso...

Eles são legais, né?



Going Up - Echo & The Bunnymen

segunda-feira, abril 03, 2006

Uma história ridícula com final surpreendente, porém imbecil

Sabem um cara tão cheio de si que expulsou até o rei da barriga? Um cara tão destemerado que passa pelo meio de assalto? Com tanta coragem que finge estar possuído pra ver qualé da sessão de descarrego?

Esse cara era Altair. Os amigos acresceram-lhe um epíteto, um complemento, um puxadinho ao nome: Altair, o Destemido.

Altair chegava nos boteco barra-pesado e dizia: que clima leve. se alguém tiver problema venha. mas se lembrem que eu nunca faço merda!

Certa vez, Altair enfrentou 9 caras armados. Aliás, enfrentou não: olhou feio para os 9, abriu um especial do Demolidor e disse:ataquem quando quiserem... Mas aproveitem enquanto eu termino de ler, por que depois...bem, vocês sabem, eu nunca faço merda.

Os 9 foram embora. 2 deles chorando.

Altair, em outra oportunidade, pegou um leão faminto pelo cangote e ficou brincando com o bicho até a chegado dos bombeiros.

Ao ser congratulado pelos heróis do fogo, Altair sorriu de leve, e mandou: Comigo é assim: sai tudo certo. Cês sabem, eu não faço merda.

Mas todo o destemor de Altair terminou no dia que teve um ataque de gases.

ex-PLO-diU!

É. Quem tem cu, tem medo.


Who needs you - Queen