quarta-feira, agosto 30, 2006

Ganhador do Salão de Humor de Piracicaba





Retirado do Blog dos Quadrinhos da UOL [>>>].


Jimmy Jazz - The Clash

segunda-feira, agosto 28, 2006

Xadrez

Sou um péssimo jogador de xadrez, ainda que reconheça as regras.

Aprendi a jogar com uns 13 anos, na casa do meu vizinho, que ganhou um tabuleiro de madeira com peças maneiríssimas que pareciam o rei Arthur. E o cara precisava jogar com alguém. Digamos que eu era a criança certa, com a desocupação certa e o interesse certo.

De lá pra cá, mexi uns cavalinhos em L pra cá, uns peõzinhos en passant pra lá, mas nunca acreditei que um moleque como eu era poderia jogar direito.

Até hoje.

Magnus Carlsen. Tá certo que o maldito moleque é norueguês (portanto, criado a salmão) e tem 15 anos, mas é um dos mais bem colocados enxadristas do mundo. Se mexe como um moleque, se veste como um moleque, é impaciente como um moleque, é debochado como um moleque. Afinal, ele é um moleque, um piá novo.

Recusou o treinamento do monstro russo das 64 casas PBs, Garry Kasparov, por não estar a fim de se matar estudando xadrez.

Um amigo meu, numa espécie de antevisão, já tem até autógrafo do guri. Eu tenho só um lenço xadrez.


In spite of me - Morphine

quinta-feira, agosto 24, 2006

Uma garganta cortazariana

Ele sempre teve problemas com sua garganta. Mas isso não o impedia de cantar. Inflamava constantemente, acordava no meio da madrugada por afogamentos, cuspia várias vezes ao dia pequenas bolas amareladas e com pêlos.

Pêlos pequenos. Acostumado, não dava muita importância. A moléstia lhe era amiga sazonal, cheia de indas e vidas. Mas posso perder minha cinta, minha mãe e minha garganta, desde que tenha o rock'n 'roll, dizia.

Em alguns anos, as coisas se complicaram: por mais que as dores e inflamações tornassem em intervalos cada vez maiores, se iam rápida e vorazmente, levando consigo, uma parte dele: sua voz.

Ele foi enrouquecendo. Só podia cantar Ira!, Bob Dylan e músicas infantis em que existia uma voz de pato. Simples assim, de pouco em rouco, mudou-se em um mudo completo. Conseguia falar uma frase curta, mas sua garganta precisaria em repouso por mais algumas horas antes da próxima sentença.

Após as palavras, a doença começou a levar embora os espaços da garganta, mas continuava a deixar pêlos. E o que lhe deprimia era não poder mais cantar.

Quando foi ao médico e ensaiou um raio-x gargântico, reconheceram lá dentro um cisto entalando na guela, em forma de coelho selvagem. O médico disse que em caso de andorinhas africanas é possível intervenção, mas os coelhos escavam as carnes a cada sílaba.

Deu-lhe 2 meses de vida, desde que não falasse mais.

No dia de sua morte, cercavam sua cama amigos, uma ex, a mulher, uma amiga que preferia ser uma ex que ser uma amiga, o pai, a irmã.

Ele escrevera uma nota dizendo que diria a coisa mais importante de sua vida.

O pai pensou que ele agradeceria a grana da faculdade, a mulher os filhos que não tiveram e que não estavam orfãos, a ex a louca paixão, os amigos a amizade imedida, a irmã lembranças da infância com ela. A amiga que queria ser ex esperava uma linha de arrependimento pelo não-tudo.

Mas ele, simplesmente, cantou. Morreu no meio da palavra 'scratch', atrapalhando o compasso.


Just - Radiohead

quarta-feira, agosto 23, 2006

Vá de retro!

Teve um cara que eu queria que fosse pro inferno.

Hoje, ele trabalha na política.

Ganha mais que antes, mas é... política, né?.

Reinar no inferno pra servir no céu?

Acho que não...


Hey sweet man - Madeleine Peyroux

terça-feira, agosto 22, 2006

A maldição do preço

Numa época em que eu trabalhava como estagiário no Bonde, eu ganhava como um estagiário e gastava como um alucinado.

Álcool? Mulheres? Drogas? Viagens? Naites?

Não. CDs.

Nesse período irresponsável de minha vida, a Livrarias Curitiba tinha preços tentadores e, mais que tentadores, irresistíveis:

Com um custo unitário variando entre 6,90 e 9,90, comprei: Snow Patrol, Andrew's Bird, Damon & Naomi, Galaxie 500, Mercury Rev, Luna, Aimee Mann, Morphine, entre aqueles outros todos aqueles que não comprei.

Eis que nesse domingo, a passear pela Curitiba do Park Shopping Barigüi com a Van, nos deparamos com uma placa paradoxal: Promoção (ou seja, preços módicos) e Importados (ou seja, preços nórdicos).

No fuça que revira, um Morrissey por 10 pilas e um CD de poesia Beat (cabeção, eu sei) por outro simpático 10 pilas. Graças a Deus, os Bowie estavam caríssimos e eu "esqueci" de olhar os Grandaddy.

Se me virem perto de uma Livrarias Curitiba, por favor, me impeçam de entrar.


Sing your life - Morrissey

sexta-feira, agosto 18, 2006

Músicas

Top 5 dos fones novos:

NYC - Interpol;
One and two - James Iha;
About her - Malcolm McLaren;
Black & Blue - Snow Patrol;
Kirsten Dunst - Daniel Flay & The Irreparable Guilty.


Si mon amour - Paris Combo

quinta-feira, agosto 17, 2006

Uma agulha funda nos nervos

Era do tipo abre bem a boca por que é uma região difícil de acertar. Nada reconfortante ouvir a dentista te falar isso.

Mete-lhe agulha adentro, os nervos mandibulares chiam e exigem retorno e a sensação de corpo estranho é incômoda.

No resumo: a dentista vai meter uma broca meu dente adentro pra que uma cárie vaze afora. Como na vez anterior que fiz a tal restauração a 'seco', doeu pra caraio, não me contive em pedir o anestésico.

Duas agulhadas e 3 repuxões nevrálgicos depois, as formigas correm pelos meus lábios pela parte de dentro. As mesmas formigas desligam minha língua e dançam quadrilha na minha gengiva.

Carnaval delas e greve geral da metade esquerda de baixo da minha boca. Penso em Gargantua ou Pantagruel do Rabelais, quando os soldados (ou algo assim) viveram anos na boca de um gigante desses.

A broca entra e sai do dente, a boca continua aberta e as promessas não se cumprem: a dor bate cartão, ainda que com menor entusiasmo.

Bato meu cartão no trabalho como um boca-mole. A iminência da baba domina a manhã. Mas tudo escorre bem.


Anesthesia - Luna

terça-feira, agosto 15, 2006

Metablogue

Bem, como o Oliver ne post pas eu retirei your adress de meu blog.

Và bene, os textos eram bons, mas se já leu, novidade nihil sub solem.

Ah, eu (nada a ver com o Oliver) odeio quem põe mots étranges dans le text.


Be strong now - James Iha

segunda-feira, agosto 14, 2006

Minha vida de animação






Guns of Brixton - Nouvelle Vague

sexta-feira, agosto 11, 2006

Pra não passar em branco...

Ele publicou 3 romances, 1 coletânea de crônicas publicadas semanalmente nos jornais, 1 livro de contos, 2 de poesia, jogou no fogo 1 livro de memórias e 3 contos, rasgou 5 poemas, desistiu de publicar 64 cartas verídicas em ordem falsa. Ganhou um Jabuti e ficou 17 semanas na lista dos mais vendidos nas revistas de circulação nacional.

Hoje, completa 40 de idade e 8 de silêncio literário.

Pra não deixar passar em branco, escreveu um bilhetinho num papel amarelo e, apesar do adesivo, pôs com um imã na geladeira: EU AINDA TE AMO

Não seria lido dessa vez por ninguém. Revoltado, se atirou contra a geladeira num ímpeto de falta e solidão, tremendo no ritmo do nome dela e do desassossego no estômago. Diante da sabida inutilidade do gesto, não conseguiu arrancá-lo dali. Deixou isso para o tempo e o sol de fim de tarde.


The night - Morphine

quarta-feira, agosto 02, 2006

Sobre blogues

Um dia ainda serei um blogueiro famoso...




Tomorrow never knows - Beatles

terça-feira, agosto 01, 2006

Vico

Aperta o repeat no iTunes e deixo o OK Computer tocar o dia todo. Tem coisas que pode fazer sempre, sem se chatear. O OK Computer, pra mim, não é como açucar. De açucar você enjoa. Eu adoro repetir os dias com esse disco.

Abro as Flores do Mal e releio. Só troco o marcador de página do Asterix de lugar. Terminei o volume ontem pela sétima vez. Leio esse livro todo ano. Eu adoro repetir meus dias com As Flores do Mal.

Na TV, Indiana Jones. Já sei até as falas de Harrison Ford com Sean Connery. Eu revejo esse filme sempre que posso. Tem alguma coisa não explicada nele, que me faz sentar e esperar o final. Final que já conheço. Mas uma tarde é sempre boa quando repetida com A Última Cruzada.

No meu quarto, você. Como ontem, hoje e amanhã. Sei que vai reclamar do chuva/ do sol/ das nuvens/ do frio/ do calor. Entendo tudinho e sei por que é bom ter você à minha frente, ao meu lado. Pois um dia só é UM, se repetido com você.


Palo alto - Radiohead