domingo, abril 11, 2010

Domingo e a dor de cabeça

foto por Mark Jenkins, disponível em http://www.xmarkjenkinsx.com/

 

Teve uma época da minha vida que achei por bem acolher uma dor de cabeça dominical e, como se o desagradável fosse uma lagoa onde minha cabeça afundasse assim convivia: uns iam a missa; a mim vinha as dores de cabeça.

como o tempo, a dor foi se profissionalizando a ponto de me fazer escorar as paredes mais próximas de mim, pois poderiam cair tamanha insatisfação minha cabeça acusava.

me formei em publicidade, passei no vestibular de Letras e entrei no mestrado usando a técnica da cabeça doída. e o quero coisa de domingo virou roupa de bater todo dia.

certo domingo me dei conta do problema, quase que por acaso, quase que sem querer, quase que por quase: enrolando meus cabelos distraído diante de um chato campeonato inglês de football encontrei lá um objeto pontiagudo.

imediatamente o retirei de minha cabeça e percebi que era uma espécie de barra inclinada que mantinha seu ângulo de 45 graus em relação ao mundo não importa o que acontecesse. avaliando o material e comprando com materiais similares de uma apostila sobre tipografia, entendi se tratar de um acento agudo.

fiquei preocupado se aquilo não prejudicaria minhas, à época, idéias. mas percebi que o acidente da solução me tornava um homem de vanguarda e que ideias não precisam de acento, precisam de clareza.

minha cabeça ficou, desde então, doida, mas não doída. guardei o agudo no armário, caso eu precise fazer outro vestibular. ou outra reforma ortográfica.

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