quinta-feira, agosto 05, 2010

aeroportos, de ontem até hoje

se eu pudesse inventar uma lenda de internet (tipo o final lost da Caverna do Dragão) seria de que T.S.Elliot escreveu seu Wasteland enquanto esperava em aeroportos.

depois do raio-x entramos numa terra de ninguém, com grandes marcas vendidas a dólar e sem impostos, de vários idiomas e de nenhum wi-fi disponível.

estive numa cápsula fora do tempo entre Curitiba, às 18 h de ontem e o aeroporto, seguido de uma série de metrôs, trens e overgrounds, às 18 h de hoje.

ainda assim, deu tempo de tomar dois pints de cerveja e descobrir que batata frita não muda nada com um atlântico no meio. amanhã, ao centro de Londres.

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quarta-feira, agosto 04, 2010

Curitiba, meio-dia (protetor solar, vinagre e Roberto Bolaño)

entre malas abertas que esperam ser fechadas e ansiedades líquidas que esperam ser vazadas, vou comprar um protetor solar.

é o paradoxo da troca de hemisfério em menos de 24 horas. Curitiba, uns, sei lá 4 graus, Londres uns 15.

- mas não precisa protetor solar pra Londres, homem. só chove naquela porra.

tem razão, mas a esticadinha em Paris pode requerer doses extras contra a queimadura do sol europeu.

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eu vou viajar de coturno. porque como meu leitor implícito (diga olá pro pessoal, Wolfgang) já disse chove pra caraio em Londres.

entretanto, moro em Curitiba, onde os objetos optam por mofar com frequência.

o esperto leitor (incluindo Wolfgang), já presume, por justaposição, que meu coturno deve ter mofado.

como tirar mofo?

vinagre, claro.

opa! problema grave. a medicina ainda não diagnosticou (eu acho que não) essa fobia, mas tenho intolerância grave ao sumo de uvas podres.

alistei a caridosa Van Rodrigues (conhecida como companheira dessa viagem curta à Europa e como comparsa de todos os curtos e longos) para que fizesse o trabalho que sou plenamente incapaz.

valente, Van, foi vinagrou e venceu.

o foda é o cheiro acre que domina a maloca.

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sou um clichê de minha memória.

sempre entro em pânico quando viajo longe e tenho um limite espacial de livros e músicas.

quando viajava pro interior nas férias da UFPR levava em torno de 60 CDs pra 2 semanas. O mp3 resolveu minha vida.

ontem olhando pra estante, livros que eu já li rodopiaram em minha mão (garantias, afinal só vou levar um tomo).

entre dúvidas, optei pelo gigantesco

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tudo pronto pro aeroporto, só falta sair o fedor de vinagre de minhas botas, zipar na mala e passar frio na terra de ninguém entre os portões e o avião.

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