quinta-feira, março 31, 2011

31 no 31

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eu já passei muitas aniversários vendo filmes.

muitos filmes e muitos aniversários.

nada ritualístico, não.

só uma vontade de escapar via tela e de economizar dinheiro mesmo.

(não quero bancar Lula - o filho do Brasil, mas já troquei o dinheiro do lanche por livro em sebo, então, um dia em que podia assistir de graça vários filmes era mais que uma benção divina, era quase uma incumbência de Noé.)

as maratonas de celuloide envolviam uns três filmes. teve uma vez que eu achei 10 reais no chão, perto da fila do ingresso.

juntei com o dinheiro do ônibus e comprei um livro.

caminhei até em casa lendo o Desobediência civil, do Thoreau.

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mas não lembro quais filmes vi nesse dia. nem quais filmes vi em qualquer uma dessas gincanas da nona arte.

era de graça e era uma desculpa pra fugir de 31 de março.

hoje não fui no cinema. preferi parar de me... não.

em vez de me amortecer, decidi me arranhar.

(descobri que nasci justamente numa quinta-feira)

sentei pra escrever e dei play.

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quarta-feira, março 30, 2011

Eu e a música [edição comemorativa]

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depois de tantas horas com as fitas, era exigido que eu destapasse as orelhas e ouvisse.

creio piamente em músicas, álbuns e bandas para fones, mas minhas convicções se expandiam.

eu podia experimentar as malditas senoides rítmicas em tempo real; eu podia ver (ouvir) shows.

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vi diversas bandas de Curitiba (muitas delas foram pra um mundo melhor - a memória), porque dividia apartamento - na época - com o Túlio, que - na época - era do ramo.

mais uma vez gostaria de dizer a favor da narrativa e apostar em histórias de bebedeira e mulheres bem rock'n'roll, mas não é a verdade. eu era só um ouvinte entusiasmado incapaz de romper o perímetro que separa banda e público.

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(embora uma vez tenha escrito uma letra, que o Túlio tocou e errou - sem mágoas)

eu não danço. não gosto (talvez porque não sei) e não sei (talvez porque não goste) de dançar.

se o faço, pareço o Thom Yorke, só um pouco menos torto.

eu fico parado, curtindo, longueando, saboreando aquilo tudo.

(escrevi um pouco sobre isso em um outro blog, de um show do ruido/mm)

eu saio dali, mas já volto. é um pouco de instinto em uma selva de razão.

eu entendo no cálcio o sentido de phew, for a minute there, i lost myself.

 

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terça-feira, março 29, 2011

Já viu o Universal Sigh?

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foi distribuído ontem em várias partes do mundo que não fossem a Amérikafka.

nada pessoal - parece.

mas pode ler aqui ó:

The Universal Sigh<script type="text/javascript">(function() { var scribd = document.createElement("script"); scribd.type = "text/javascript"; scribd.async = true; scribd.src = "http://www.scribd.com/javascripts/embed_code/inject.js"; var s = document.getElementsByTagName("script")[0]; s.parentNode.insertBefore(scribd, s); })();</script>

de nada!

 <span>RADIOHEAD - 06 Codex by wilcow</span> 

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quinta-feira, março 24, 2011

Eu vi Uma educação

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era quarta vez que víamos na locadora o Uma educação.

(aparte: curto locadoras, assim como curto bibliotecas. os espaços virtuais diminuem a chance do acaso. mas aquele acaso mais casual, de uma obra estar ao lado da outra só por ordem alfabética, ordemd e lannçamento, de chegada. uma lógica que dista das minhas escolhas e preferências anteriores - resumindo, o algorritmo dessa busca não e´aquele do gugou)

filme inglês, atores que não conhecíamos, diretora que não conhecíamos, roteiro do Nick Hornby.

assistimos até o final, como teimosia, tentativa. como esperança, eu diria. algo podia melhorar.

 

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mas não aconteceu.

o filme não é de todo ruim. mas também não é nada bom.

não é tão ruim a ponto de você poder parar de se importar e rir (chamamos de 'efeito Wolverine').

e ao acontrário do que afoirma Sidarta, o pior caminho é o do meio.

as atuações são boas, a direção da conta do recado, a história até é boa, o cenário é a interessante Inglaterra da década de 1960.

a tempo: Hornby adaptou o roteiro a partir de um livro da Lynn barber - que absolutamente conheço.

 

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peraí, qual é o problema do filme afinal?

é o tal do roteiro. há estrutura escolhida por Hornby não é boa, personagens que deveriam ser importantes somem e desimportantes brilham, as cartas são marcadas, não há surpresas.

a resolução é longa e enfadonha, embrulhada em papel Disney.

ao final, sobra o título de pior filme visto este ano. algo injusto, talvez.

 

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quarta-feira, março 23, 2011

Eu falei na TV

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reportagem sobre quadrinhos da TV UFPR e palavra de um "especialista".

tsc-tsc-tsc

apesar de eu falar de A metamorfose do Peter Kuper, a reportagem mostra a do Crumb, porque a Gibiteca de Curitiba, onde a bagaça foi filmada, não tinha um exemplar e eu esqueci de levar o meu.

ah: eu maniatado sou mudo!

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terça-feira, março 22, 2011

[+] eu e a música

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2000: esse é o ano que saí do meu quarto em Francisco Beltrão pra sala de aula universitária em Curitiba.

e, às vezes, pro meu quarto de pensão.

(seria glamuroso eu poder me pintar de anti-herói e inverter a setença, dizendo ter passado mais tempo no quarto da pensão - que seria suja e violenta - e menos na sala de aula, mas não seria verdade, tampouco meu desejo. e não, a pensão não era ruim, só era desinteressante.)

depois de passar em Publicidade, eu precisava viver em Curitiba. pra isso precisava de abrigo (pensão), alimentação (pensão + Restaurante Universitário), livros (biblioteca + xerox) e música.

equacionemos o problema:

pensão = quarto de pensão

quarto de pensão = eu + 3 indivíduos. logo, quarto de pensão diferente de som ambiente.

pelo teorema de Pavel, a solução é 2 X (fone de ouvido).

ou seja, em 2000 música + pensão = walkman.

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(não era tão pequeno, mas na época era a ideia de portátil)

após equacionado, o produto da solução era um walkman + 30 CDs.

foi preciso converter isso em momentos de 30 + 30 minutos - embora as fitas da BULK permitissem quase 33 de cada lado.

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gravei toda a Legião Urbana em fita.

Todo o Rage Against The Machine e todo o Radiohead.

e eu fazia o máximo de música cabver no mínimo de fita magnética.

(uma fita pródiga tinha metade do Evil empire no A e Cazuza ao vivo no B)

horas criando coletâneas improváveis e inadmissíveis até resolver fazer listas e fitas para alguéns.

a pequena caixa de música da Aiwa se alimentava de baterias AA e alimentava meus almoços e trechos, alimentava minha resistência as 'mais pedidas da pensão' e minhas leituras.

(ah, eu levava a literatura tão a sério naquela época)

eu ia com quilômetros de fita no meu bolso e uma trilha sonora à pilha na vida.

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segunda-feira, março 21, 2011

Olhar, 2011

quinta-feira, março 17, 2011

Mais eu e a músicas

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folheando as fitas, encontrei gravações telefônicas de meu primo para "brotos" e músicas estranhas.

larguei tudo lá.

na verdade, não. peguei as fitas de galanteio, levei na casa dos meus amigos de camiseta preta e gravei Pavilhão 9, Racionais MCs, Legião Urbana, Bob Marley e Ramones.

na mesma fita. se bobear, do mesmo lado A.

na sala, um amigo me emprestou fitas do NoFX e do Rappa.

as pessoas trocando CDs e eu com fitas de bandas que sequer gosto. era uma anacrônico.

(lembro de puxar uma fita da mochila pra responder à pergunta na ficha do CEFET: qual seu estilo musical favorito?)

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(anos depois eu gravaria fitas pras pessoas, e então leria o Alta fidelidade e veria que aquilo fazia sentido pra mais gente. tentei gravar CDs, mas nunca funcionou comigo...)

a virada foi uma coletânea.

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por dentro, Queen. Bycicle Race, Bohemian Rhapsody, We Will Rock You, Crazy Little Thing Called Love, Fat Bottomed Girls.

e essa fita se desenrolou em amizades musicais, que me levou a mais fitas e mais músicas.

essa fita, em autoreverse, continua. apagada e regravada.

(quando precisei me mudar pra Curitiba, essa fita do Queen sobreviveu. mais tarde ela virou o Led Zeppelin IV)

em 1998, com 18 anos e com meu salário de estagiário, comprei um aparelho de som pra 3 CDS - o primeiro, e até hoje, único da casa de meus pais.

foi o fim do pensamento dicotômico A e B.

por enquanto.

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quarta-feira, março 16, 2011

Eu e a música

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(quantas postagens dessas últimas tem um estrondoso EU no título? mea culpa - e de novo EU)

na minha casa em Francisco Beltrão não tinha música.

meu pai e minha mãe não são músicos, não cantam em coral da igreja e não são fãs de ninguém.

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mentira. a nostalgia do meu pai é fãzoca do rei e do tremendão.

mas as necessidades financeiras, tanto as reais quanto as temidas, fizeram de meu pai um homem sem extravagências. e sem se permitir.

e os filhos herdam.

herdei uma casa com som baixo de TV e de nenhuma melodia. hoje me atravanco no ritmo da poesia, no compasso da dança e na eufonia da vida.

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minha prima tinha um toca-discos, mas ela levou embora quando não morou mais com a gente. tudo bem, eu não tinha discos.

lembro de ligar pra rádio todos os dias - três vezes - de uma semana pra pedir uma música que gostei.

meus amigos da sétima série (e depois da oitava) vestiam camisetas pretas e falavam sobre bandas; eu ainda salvava o mundo toda a tarde lá em casa.

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até que um dia herdei do meu primo revistas de eletrônica e caixas e mais caixas de fitas K7. mas isso é grande e fica pra amanhã.

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terça-feira, março 15, 2011

Greve

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a postagem de hoje informa que não comparecerá, exigindo melhores criações de trabalho.

a postagem fura-greve de outro dia foi impedida pelos grevistas, que cortaram a energia e fizeram com que ela se perdesse.

caso haja algum avanço nas negociações, os leitores serão avisados.

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segunda-feira, março 14, 2011

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parece que HOJE é dia da poesia.

mando lá umas aspas, só pra constar:

"A oferenda

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos...

Trago-te estas mãos vazias

Que vão tomando a forma do teu seio."

Mario Quintana, lírico e safado, como a boa poesia.

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sexta-feira, março 11, 2011

Eu li o Contardo Calligaris

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a sempre elucidativa coluna do Calligaris de ontem vai abaixo.

interessantíssimo o modo de ver o Carnaval e a bela leitura de O cisne negro, filme queridinho da equipe desse blogue.

"Cisne Negro", o Carnaval e as mães


Se conseguimos viver plenamente, é graças a autores e intérpretes que nos revelam nosso lado B

"CISNE NEGRO" é a história, muito bem contada, do desabrochar de uma loucura. Mas amei o filme por outras razões. Aqui vão duas delas.

1) Revi "Cisne Negro" no domingo e, na volta do cinema, assisti ao Carnaval na TV.

Gosto da exuberância de alegorias e fantasias, e o que mais importa no Carnaval talvez seja a paixão das escolas ao preparar o desfile, mas resta que, na televisão, o espetáculo do carnaval e de seus bastidores consegue a façanha se ser, ao mesmo tempo, vulgar e careta. Como é possível?

É que, no espetáculo televisivo, a transgressão da folia consiste numa tremedeira de carnes (vagamente sugestiva de um exercício sexual), acompanhada de uma dose diurética de cerveja. Ou seja, o Carnaval na televisão é um programa infantil, pois é assim que as crianças imaginam a transgressão: vulgar como xixi-cocô e careta como suas suposições sobre o que acontece entre adultos na hora do sexo.

Só para confirmar: as crianças encaram com prazer o tédio de uma noite de desfiles em família, na frente da televisão. Elas acham reconfortante supor que o lado B dos adultos seja parecido com a visão infantil da transgressão: comilança, bebedeira, bunda e peitos.

Só falta um pum final.

Na verdade, fora esse momento anual de regressão coletiva, espera-se que, para os adultos, a transgressão seja uma excursão em territórios mais tenebrosos e mais aventurosos. Espera-se que o lado B da gente não caiba no Carnaval televisivo e que sua descoberta peça mais do que alguns litros de cerveja.

1) Nada torna a vida interessante tanto quanto a descoberta de nossa própria complexidade; 2) Talvez a função mor da cultura seja a de nos dar acesso a partes de nosso âmago que normalmente escondemos de nós mesmos; 3) Conclusão: se conseguimos viver plenamente, é graças a autores, atores, intérpretes etc. que nos revelam nosso próprio lado B (e C e D).

Agora, será que o artista poderia levar espectadores ou leitores para territórios que ele não tiver primeiro desbravado nele mesmo?

Alguns pensam assim: só quem ousa se aventurar pelo seu próprio lado B consegue revelar aos outros o lado B que eles escondem de si mesmos. Nina, a estrela do "Lago dos Cisnes", não poderia arrebatar seu público sem se entregar corajosa e perigosamente a seu lado obscuro, sem se entregar ao cisne negro nela.

Outros pensam que, para encarnar o cisne negro, Nina não precisa sentir sua lascívia na pele. Bastaria ela atuar e dançar (como dizia Diderot) com a inteligência, e não com o coração. Mas como ela poderia dançar e atuar o cisne negro com a inteligência sem conhecer e entender o que ela precisa expressar?

Seja como for, quem acha que seu lado obscuro é feito de carnes trêmulas e cerveja deveria fazer um esforço sério para sair da infância. Nesse esforço, Nina e "Cisne Negro" seriam de bastante ajuda.

2) Homens e meninos, mesmo quando aspiram à perfeição, convivem razoavelmente bem com falhas e fracassos. É porque acreditam firmemente que, mesmo imperfeitos, eles nunca deixarão de ser tudo o que suas mães pediram a Deus.

Mulheres e meninas, ao contrário, sentem que, mesmo alcançando a perfeição, não serão o que suas mães pediram a Deus. A explicação clássica disso é que elas, pelo simples fato de serem mulheres, nunca preenchem a expectativa materna tanto quanto um filho varão. Paradoxo: as mulheres aspiram à perfeição mais do que os homens porque tentam merecer uma aprovação materna que é quase impossível.

Há uma outra explicação do sentimento feminino de não corresponder às expectativas maternas. Essa explicação, mais inquietante, diz que, para uma mãe, o triunfo de uma filha (profissional ou amoroso) sempre apresenta ao menos um defeito: o de não ser o triunfo dela mesma, da própria mãe.

A mãe de Nina espera que o sucesso da filha compense suas frustrações de bailarina que renunciou à carreira. Também acusa a filha de ser a causa dessa renúncia. Qual será o melhor bálsamo para a ferida: o sucesso ou o fracasso da filha?

Muito frequentemente, as mães rivalizam com as filhas. Essa rivalidade é especialmente óbvia e feroz quando, de um jeito ou de outro, oferecendo pelúcias ou preparando chazinhos, uma mãe tenta manter a filha parada numa eterna infância.

ccalligari@uol.com.br

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quinta-feira, março 10, 2011

Dico (ou como fiz uma HQ infantil)

eu, a convite do Reinaldo, fiz um roteiro prum personagem dele, pra tentarmos o Prêmio Abril de personagens.

não deu.

é uma HQ infantil de 8 páginas sobre Dico, um menino que adora futebol.

a bela arte (não finalizada) é do Reinaldo. outro dia, posto o roteirinho que eu fiz.

HQ_Dico.pdf Download this file

 

 

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quarta-feira, março 09, 2011

Enterro dos ossos

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fechando a festa na avenida, o último bloco.

Carnaval, agora, só se for o do Bakhtin.

<p>Cat Power - Cross Bones Style Music Video from Brett Vapnek on Vimeo.</p>

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segunda-feira, março 07, 2011

Oh, abre alas!

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os jornais matutinos eram a comissão de frente da repetição sobre os desfilos das escolas de samba dos mais diversos topoi.

O que se pode depreender é que nada aconteceu no mundo durante final de semana diferente de samba no pé e bunda na tela. assim, interrompemos a folia e malemolência para tornar pública e notória a morte da informação não redudante televisiva brasileira.

EXTRA EXTRA EXTRA

denúncias anônimas dão conta de que passistas sambam satisfeitos no túmulo da informação.

voltaremos assim que tivermos novidades.

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sexta-feira, março 04, 2011

Eu vi Um lugar qualquer

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é um filme tão franco e tão elegante que é difícil falar qualquer coisa.

fiquei ulteriormente comovido com o trabalho da Coppola.

o filme é tão franco, que não perde tempo em desarolhar um enredo em caracol. vai direto aos personagens em ação.

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a mãe é uma voz telefônica ao longe (que não sabe quando volta) e o pai um ator de cinema que se deixou carregar pelas astrices da carreira: Ferrari, hotel de luxo e sexo compulsório.

já a filha é uma voz fraca,que pede ajuda.

mas tudo isso se diz sem dizer nada. ou dizendo pouco e certeiramente.

a elegância é a direção de Sofia Coppola, com poucos enquadramentos, sem cortes frenéticos ou montagem de videoclipe. é um filme que não tem medo de ser cinema e fazer com que os personagens lutem contra a inércia.

me lembrei de Dino Buzzati e seu Deserto dos tártaros. me lembrei de João Gilberto Noll e seu Canoas e marolas.

há muito movimento no filme, mas é preciso estar atento, pois da nadeza surge o tocante.

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um pouco clichê, eu sei, mas uma das minhas cenas favoritas é o preguiçoso zoom na piscina, na cena do cartaz do filme, com Strokes ao fundo.

gosto das autorreferências, que compara o devastador jogo de pernas de Kate Moss com a dupla de strippers indolentes de Um lugar qualquer.

ou aquilo que não foi ouvido pela plateia em Encontros e desencontros e o que não foi ouvido pela filha, em Um lugar qualquer. nem mesmo pelo pai.

basicamente, é a história de um personagem que está em algum lugar (e ele se deixa ficar, inerte) e que precisa ir para algum outro lugar. e eu não sei bem onde está minha posição quanto ao filme. só sei que gostei muito.

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quinta-feira, março 03, 2011

Outra lista

irregularmente tenho publicada dicas de que quadrinhos comprar se você nunca leu HQs. mas que tal uma outra opinião?

e que tal a opinião de um especialistão?

saiu no blog da revista Época umas dicas do Sidney Gusman em uma conversa com o André Solitto, ambos meus camaradas lá do Universo HQ. acompanha aí:

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quarta-feira, março 02, 2011

Eu, Cesare

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eu já passei por pedante diversas vezes.

algumas dessas foi por confirmar meu entusiasmo com o cinema expressionista alemão.

sempre gostei dos cenários pontudos, das histórias góticas, dos alto contraste entre luz e sombra.

eu meio que entendia (e entendo) o porquê daquilo tudo.

mas hoje eu mais que entendi, eu vivi: quando olhei no espelho, parecia um ator maquiado prestes a entrar no set do Wiene.

acho que preciso parar um pouco, ler  um gibi, ver um filme, sei lá...

 

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terça-feira, março 01, 2011

Por pouco

reunião setorial avança perigosamente para o horário de almoço.

a pirâmide de Maslow cobra sua taxa e o pagamento é em paciência e problemas de dicção.

todos olham pra ele. é agora.

que nem ele ensaiou, que nem ele viu no filme.

todos ali, a posição correta da cadeira, o sorriso correto. é agora.

"o que eu acho? acho que eu me demito disso. não me demito dessa empresa, me demito das reuniões, do horário vilão, do ônibus lotado, das vontades sufocadas, das planilhas do Excel, do bloqueio das ideias, da minha força gerar dividendos aos acionistas. demito a mim dessa vitae, desse curriculum, dessa porra aqui."

(bate na mesa, bate na mesa, vai, é agora! - todo mundo acha que surtou mesmo, aproveita: não há meio surto)

"estou fora dessa mediocridade, dessa lesa-vida. e todos vocês deveriam fazer isso também. pelo menos pensar em fazer, pelo se imaginar fazendo..."

é, quase. mas ainda não é o momento.

semana que vêm tem outra reunião e dessa não passa. fique tranquilo, ainda dá tempo de desentalar.

está cada vez mais perto. ou desentala ou morre afolegado.

mas, ao menos, conseguiu definir como é a parte em que bate na mesa.

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