sexta-feira, julho 09, 2010

Liguei pro meu pai...

liguei pro meu pai. 

sempre conversamos sobre o futebol. eu, com a função de alimentá-lo de notícias do Corinthians, já que meu pai além de morar no interior, não manja (ou maneja) internet.

entre a possível saída de Felipe da meta alvinegra e a improvável reforço de atacantes ao elenco do Timão, falou:

- tu te lembra do Epídio? irmão do tio Carlos?

- lembro, tudi bem com ele?

- é... pode-se dizer que mais nada de mal vai acontecer: ele morreu.

- ih, caramba... e o tio, ficou abalado?

- sempre, né? sabe como ele é. infarte, tava ali em Ampére e morreu.

- do nada?

- é, mal súbito. 

- triste...

- triste, né? Ele tinha a minha idade.

 

em seguida ele voltou ao protocolo. E o trabalho? E o clima? Mais alguma novidade do futebol? mas naquele pequeno instante, ele se mostrou inteiro: lembrou que as pessoas morrem.

óbvio, mas e nossa segurança pra viver. esquecer que a morte é um fio de cabelo, é um apendicite.

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liguei pro meu pai

- (...) mas então, tudo certo com os tios?

- tudo, tudo.. tudo bem... tu lembra do Rafael? Rafael Benneb.

- Rafael, Rafael... aquele que estudou comigo no pré?

- isso...

- ele não tava em uma clínica de reabilitação... drogas, né?

- tava, saiu e tava bem... até que começou a beber.

- muito?

- ele morreu de cirrose essa semana.

- ele fazia a niversário em março também, sabia....

 

protocolo. minha vez de pensar na vida em fios de cabelos enrolados.

 

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