terça-feira, maio 31, 2005

Edições

Uma revista: eis o quê minha vida precisa.

Afinal, quando seu despertador (em meio a revistas e livros) pede pra que você levante e você sequer o ouve, tem alguma página faltando.


I'm Only Sleeping (Beatles) - The Vines

domingo, maio 29, 2005

post-pílula (segunda dose)

Além de chamar JAZZ de [jás] esses pedantores da língua costumam pronunciar o nome do músico - imaginemos Cole Porter - como um falante nativo de inglês.

Se possível com sotaque nova-iorquino - que é cool (cu?), arrombando toda e qualquer dança dos sons do português, com um desafino estrangeiro.


Nada - Sofia

sexta-feira, maio 27, 2005

Latin Lover & Grammar Girl

No latim clássico não há pronome de terceira pessoa.

{ Pronome: bagaça gramatical que vai no lugar do nome. Ex.: eu, tu, te, o, nós, etc.

O português - uma língua latina - apresenta um pequeno problema com relação aos pronomes, esses figurões gramaticais que criam uma ligação indireta com pessoa. Na penúltima flor do Lácio (pau no cu do cadáver do Bilac - que ele gosta), fica difícil amar indiretamente.

"Eu a amo."
"Eu amo ela."
[nenhum desses textos sobrevie à oralização]

Amor em português, tem que ser descarado, na cara. Não se pode amar um simulacro. Tem que ser a própria:

Eu amo Caliope.


Love of my life - Queen

quarta-feira, maio 25, 2005

dESComPasSo

Eu sei que tenho um problema na vida.

Na verdade, não chega ser um problema mas uma incapacidade. Uma incapacidade abrangente.

Não tenho ritmo.

O Lielson não sabe tocar violão. Por quê?
ritmO

O Lielson não sabe cantar. Por quê?
ritMo

O Lielson não manja poesia. Por quê?
riTmo

O Lielson não sabe dançar. Por quê?
rItmo

Ritmo, esse estranho, é o agente que torna harmoniosa os espaços e os conteúdos que deslacunam nossas vidas.

Enquanto você, com teu descompasso, vai desarmonizando consigo, atravessando os compassos dos dias, o ritmo compassa tempo e existência.

O tempo é um príncipio organizador de todos os sistemas (e todos os sistemas tendem a entropia - ou seja, desorganização). Quando você está em descompasso o tempo vai à entropia.

Encontra hoje o CD procurado ontem. Lembra ontem o que deveria fazer amanhã. Descobre amanhã o imperdível filme de hoje.

Se há um descompasso no seu desejo e no dela, a única harmonia é no lamento. Em tempos diferentes.


Cordão - Chico Buarque

terça-feira, maio 24, 2005

post-pílula

Acho que não tem coisa mais pedante que chamar JAZZ[diéz] de [jás].

Sem contar, claro, que JAZZ já é suficientemente pernóstico por si.


Jazz from hell - Frank Zappa

sábado, maio 21, 2005

Virada

Já deve ter ouvido falar de ponto de virada da história. Aquele momento de anti-clímax que vai desembarcar no clímax.

Em Hamlet é quando o próprio mata Polônio e percebe não haver mais saída pra sua condição trágica. Só que na ficção, depois do clímax resta muito pouco a se contar (Fade out/ sobe créditos).

A sua vida também tem pontos de virada. Em algum momento você deixa de ser. Passa a re-ser.

Quando era menor (até os 10 anos de idade), apanhei pouco na vida. Merecia muito mais. Uma criança frágil, chorona, estúpida, mandona e anêmica.

Mas das férias do meio do ano da quarta série, Gregor Samsa virou barata. Desenvolvi esse estilo "folgadirônico" que estou lapidando até hoje.

Em lugar das lágrimas, dava aos adversários frases de efeito e pequenas sentenças morais (pode me quebrar inteiro, mas isso não mudará o que penso de tu: é um merda).

Eles, claro, continuavam a me enfiar a mão. Mas não ganhavam mais meu choro pueril, que era valioso como pérolas numa disputa por moral infanto-juvenil (meu, o Pente-fino bateu no piá e fez ele sair chorando).

Eu negava-lhes a única coisa que precisavam. Até porque era a única coisa que podia fazer.

Eu até sei quando as coisas mudaram. Eu não sei o porquê. Não sei como. Nem sei quando irão mudar de novo.

Mas acredito que vão.



Turn - Travis

sexta-feira, maio 20, 2005

Respondendo ao André e ao Digão

Corrente pra mim tem 3 acepções: 1. bagulho de ferro pra prender escravo e cachorro;
2. uma sequência de cargas elétricas que te torram o corpo;
3. textos de internet que te torram o saco:

Mas essa aqui é bacana. É sobre livros - j'aime les livres.(\o/)

1. Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro gostaria de ser?
Contexto: na história do filme/ livro os livros eram destruídos e proibidos. Tinha uns rebeldes que se propunham a decorá-los.
Eu sei que já tinha alguém com o Ulisses, então eu decoraria As Flores do Mal (Charle Baudelaire) ou Homens e Engrenagens (Ernesto Sábato). Por que não Watchmen?

2. Já alguma vez ficou apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Eu pegaria a Claudia Chauchat da Montanha Mágica ou a passante baudelariana. Se apergunta for quanto à identificação, fico com Juan Pablo Castel de O Túnel.

3. Qual foi o último livro que comprou?
Les Fleurs du Mal (R$ 13,90) e Leaves of the Grass (21,20)

4. Qual o último livro que leu?
A confissão de Lúcio, de Almada Negreiros (se liguem nesse texto: lembra Clube da Luta e Spider) e uma coletânea de poemas do Haroldo de Campos.

5. Que livros está lendo?
Collected Short Stories de Roald Dahl; Ulisses de James Joyce; Poesia Reunida de Oswald de Andrade; Freudismo de Bakhtin; Leaves of the Grass de Walt Whitman, as letras do Radiohead e Gros-Câlin de Romain Gary.

6. Que livros levaria para uma ilha deserta?
Métodos, gramáticas e dicionários das seguintes línguas: espanhol, português, inglês, francês, alemão, grego antigo, latim clássico, italiano, hebraico, árabe, aramaico e russo. E essas obras no original: tudo do Baudelaire, Rimbaud, Pessoa, Quintana, Drumond, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Machado de Assis, James Joyce, Lewis Carol, Nietszche, São Tomás de Aquino, Sábato, Garcia-Márquez, Llosa, Borges, Poe, Dostoievski, Dante, Shakespeare, Cervantes, cummings, Whitman, a bíblia, Ilíada, Odisséia, Eneida, e vai...

7 - A quem vai passar este desafio e porquê?
Não passo a ninguém, mas confesso a vontade de ver as seguintes respostas: Kathia (ela adora esse tipo de coisa), Milana (sempre vale a pena ver o que ela fala), Claudemir (por ser um pedante profissional), Tiago Perretto (por ser um leitor e insano voraz) e o Oliver (pra ele não se sentir esquecido).



Palo Alto - Radiohead

quarta-feira, maio 18, 2005

História pra bezerro dormir

Chovia pra caraleamente. O algo úmido rapaz escondido embaixo de um guarda-chuva tamanho puta, andava com mAll-Star* vermelho até o (!) de ônibus.

Um carro (não sei qual, sou um analfabeto veicular) pára ao lado da calçada e abre a porta. Dentro uma bela jovem que diz: Meu nome é Fortuna. Perceba que estou sorrindo.

O rapaz olhou pra trás e viu um cego com uma nota de 20 na mão, com cara desconfiada. O rapaz percebe que a morena não usa brincos, veste jeans e uma blusa branca sem patrocínio. ela - ainda sorrindo - diz: meu nome é sorte. E estou de braços abertos.

O rapaz devolve o sorriso insistente enquanto dá o primeiro passo em direção ao carro. ATO SUSPENSO.
Um caminhão desgovernado arranca o carro da rua, a moça da vida, a sorte do caminho da vida do rapaz.

MORAL: se a sorte saiu da sua vida, fodeu-se.


*Copyleft do termo realizado na obra de SANTANA, Helena.

Lucky - Radiohead

terça-feira, maio 17, 2005

Números da política externa Lielsoniana

Me parece (leio jornais, sabe) que TODOS os problemas do Brasil poderiam se resolver numa equação apropriadaa que levasse em conta uma parcela significativa dos indicadores sócio-econômicos.

Na boca pequena, tem número pra caraleo no jornal (mais que tinta). E todas as decisões de tudo se baseiam em alguns deles.

Sendo LugarCerto uma empresa clara (até nosso fundo é branco), divulgamos nosso balancete:

- leitura de livros: 47;
- preenchimeno do tempo com universidade: 36 horas/semana;
- consumo de milkshake ovo maltine: 3 no ano;
- posts no blogue: média de 5/semana;
- resfriados/gripes adqueridas: 2;
- viagens pra sagrada terra de Francisco beltrão: 0;
- colunas pro Bonde: 2;
- posts improvisados: 1/ semana.

A vida pessoal de nosso esquete não reflete necessariamente a opinião do meio (inteiro, talvez).


We can work it out - Heather Nova

domingo, maio 15, 2005

Clichês

#1 um post sobre coisas que você faz;
#2 uma amiga minha tinha um blogue que se chamava - acho - clichê 52;
#3 esquecer esses detalhes;
#4 acordar pela manhã pra ler T.S. Eliot e o Mais da Folha de SP;
#5 dormir ao som de Radiohead;
#6 ir jantar com dois casais de amigos;
#7 estar só;
#8 discutir sobre Joy Division e Mutantes;
#9 reler trechos do Ulisses;
#10 escrever longamente num blogue falando de si mesmo;
#11 escrever textos de qualidade improvável;
#12 nunca responder sim para o tudo bem?;
#13 não ser supersticioso;
#14 repetir a melhor idéia de um livro meia-boca chamado "Clube dos Corações Solitários"
#15 prometer ao deitar que tudo vai mudar;
#16 prometer de novo na noite seguinte;
#17 prometer de novo na noite seguinte;
#18 prometer de novo na noite seguinte;


Wonderwall - Oasis

sábado, maio 14, 2005

sum ergo cogito

Sou racional. E muito:
Planejei viver cada momento da minha vida com uma paixão desmedida.


A vida é doce - Lobão

sexta-feira, maio 13, 2005

Ze-encontro

- Tô com saudade de você, Lielson...
- Eu também tô com saudade. Se me vir por aí, manda um abraço, fala que eu não tô magoado. Estamos precisando conversar. E diga pra lembrar de ter paciência.


Hello, I love you - The Cure

quarta-feira, maio 11, 2005

"...a velocidade terrível da queda..."

Me lembrei durante o almoço, do trabalho que fazia em 1999. Estava nas províncias do Rio Grande do Sul, e entre me saudosar e desgaudérios, era Eletricista I da RGE (Rio Grande Energia).

Havia sido formado pelo CEFET-PR como técnico em Eletrônica e passei numa série de testes. Estive por uns dois meses entre as cidades de Bento Gonçalves e Erechim.

E minha alma encruzilhada entre um detestável garantido e um interesse remoto.

Sincero, as coisas até iam possíveis, até a queda.

c
a
í
9
m

Freud não explica como não quebrei os joelhos, ralei a cara ou bati a cabeça. Explique talvez uma auto-sabotagem. Ou explica as nesga dele. sei lá.

Ainda hoje, acordo no meio da noite com sensação de queda eminente, apertem os cintos e fique feliz: é colchão e coberta, não poste e chão.

O cair me fez perceber que devia alguma coisa ao movimento. deveria continuar: para baixo ou para cima?

Sei lá. Espaço é relativo, não? Pra cima e para baixo?

Por que não?

Será que o Diabo dorme? Se dorme, será que acorda também aliviado na cama, ao perceber que a Queda é coisa acontecida?

Acontecida, não passada...


Listen, the snow is fallen - Galaxie 500

terça-feira, maio 10, 2005

cONFUSO

sabe aquela sala cheia de gente-que-você-mal-conhece (gente-que-você-mal-conhece é pior que gente-que-você-não-conhece. Gente-que-não-conhece você pode ignorar, mas os que mal conhece tem que ficar simpatisorrindo)?

Uma falação, gritaria, celularação, passos em descompasso, vejabens, tinir (em versão vidro, metal, ossos). Uma verdadeira balbúridia, when les langues comincia a mix. Les italienes parlanno absolutely alto.

Gente, gentíssima e gentarada. E um no canto. Simpatisorrindo. Com as mãos no entrelugar do bolso e do gesto de embolsá-las.

E entra alguém silencioso lá. E faz tanto silêncio, que todos se calam, pra ouví-la. E o silêncio é doído ao ouvido.

Assim que tá minha cabeça.


Silent - Tori Amos

domingo, maio 08, 2005

nihil ego sum.

Eu não sou nada.
Tu não é nada.
E, eles são menos ainda.

Exercícios de alteridade e significação: tente entender o mundo sem utilizar linguagem.

Pense em (porque não?) Lielson. Racionalize pulando o intermédio dos símbolos.

Esqueça a racionalização: tente imaginar Lielson. Tente imaginar Lielson sem som ou palavras. Tente imaginar Lielson sem imagem alguma. Tente imaginar Lielson por um meio que não seja representação.
Repita os procedimentos consigo mesmo. Ou com sua mãe.

O mundo que constrói, edifica e vive é sempre representação. Não há um mundo sem você. Ou sem mim. Talvez, sem ele.

Mas (especulando - afinal, eu já fiz algo na vida além de especular?) a representação desse mundo é metafórica. A representação do símbolo como um símbolo torcido. E um pouco mais belo.

Pelo menos pra mim. Acho, que pra ti. Porventura, pra eles.


Oh, sweet nothin - Velvet Underground

sábado, maio 07, 2005

Manual mínimo do ódio

É bastante fácil odiar alguém. Basta que essa pessoa esteja errada e você certo.

Simples, não?

Se o contrário se provar, não tenha dó: odeie! É a única coisa que lhe resta.

Só não entendo (aposto que você também não) como pode alguém não gostar de mim...


Hate to say I told you so- The Hives

quinta-feira, maio 05, 2005

Não era essa a promessa!

Eu tinha um texto pronto (na cabeça)sobre o time do Corinthians. Mas como não vale a pena falar de ninharias, evito o tema. Sem falar na redução de leitores ao tratar de futebol.

Entretanto, uma frase do Romário me ficou na cabeça esses dias. Veja você:

O viver em sociedade implica em desistir de parte da sua vida e de sua obrigações. Por exemplo? A coleta de lixo. A regulamentação das leis. Você passa a bola adiante porque o mundo é uma bol(st)a complexa e enredada, e esse jogo não é individual.

Daí vem o Romário e diz:Quando eu naisci o Papai do Céu aponthou o dedo e disse: esse é "o cara".

Sincero, se o "escolhido" é um gavola carioca, que só sabia jogar futebol, tem tudo errado. Esse Papai do Céu tá pior das idéias que o papai Smurf. Ser "o cara" deve ter um significado diferente que aquele que eu conheço. Apontar dedo é parte do ato de "rir de alguém"(efeito Simpsons).

Mais: quero de volta minha parte do mundo que ficou pro Romário. Virou terreno improdutivo.


The world has turned and left me here - Weezer

quarta-feira, maio 04, 2005

Uma versão (quem sabe?) real dos fatos

"...sabe, estamos prestes a colidir, somos acidentes esperando pra acontecer, mas diferente do Lost, nossa acidente será bom. (Se bem que o Lost também é bom). Um lance, tipos, dialético, saca?

Quando você vem com todo seu jeito meigo de quem quer ser gentil, eu fico cá com minha mania de quem não cai nesse papo de amor, mas só esperando ser raptado por VOCÊ. Sei que parece doente, mas já vi tudo que podemos fazer, e gosto disso.

E daí que você não lê isso? Diga alguma coisa mesmo assim.

Tem um buraco no espelho. Podemos atravessá-lo.

Vem comigo?
Por favor?"


Stupid me - Frank Black and The Catholics

terça-feira, maio 03, 2005

Uma questão de fé

Não tenho fé nos homens (mas mesmo assim eles continuam a remover montanhas, florestas, morros...). Sempre achei irracional ter fé nesses tipinhos.

Não preciso ficar enumerando holocaustos, tragédias, omissões pra provar o que digo. Todo mundo tem um exemplo desses na sua enciclopédia de bolso.

Saramago disse algo como "disso somos feitos: metade maldade, metade intolerância". Claro que o velhinho português é um pessimista exemplar pra todos os ateus na humanidade. E como toda pessoa que recebe um algumacoisa-ista como referência de personalidade, exagera no algumacoisa

Alguns anos atrás eu diria que um resumo da vida: é conhecer as pessoas, conviver e se decepcionar.

Hoje eu trocaria o decepcionar por SURPREENDER. Que pode ser bom ou ruim. Que depende mais de mim, do que do alter.

Nesse longo auto de fé tenho caminhando: defendendo uma fé irracional em um Deus (graças a Deus!) e um descrença segurara em suas criaturas.

Mas acho que na verdade, só quis a vida toda ser convencido do contrário. Algum defensor do ser, por favor, me convença de alguma coisa...


True love waits - Radiohead

domingo, maio 01, 2005

Aracnofobia

Estava no computador ontem quando uma aranha monstruosa apareceu. Concordo que sua monstruosidade advém mais de mim do que o próprio octópode.

Não pensem que não gosto de aracnídeos. Até tenho um cartaz do Homem-Aranha. Vi os 2 filmes. Li muito do quadrinho. Sofri com a morte da Tia May (foi em vão. ressucitaram a velha depois)

Mas algo apavorado, encolhi as mãos rente ao peito. Levantei. Receoso. Tentei matá-la com o cesto do lixo.
Ela correu.

Cheguei mesmo a abandonar o porão que vivia com medo de acordar coberto de teias. cada vez com um fio solto das cobertas encontrava meu braço eu pensava: é aranha! e estapeava o braço esbaforido.

Vou até o banheiro e pego aquele treco de limpar privada. Me sinto como um aventureiro medieval segurando a massa da destruição, prestes a salvar a vila de um inimigo terrível.

Lembro que uma certeza de união familiar entre mãe e filho, era a covardia que apresentávamos diante do HORRENDO filme aracnofobia. Encolhidos no sofá, quase certos de medo.

Bato uma, duas três, quatro, cinco. Esmago o inimigo. Alivio meu medo. Seis, sete. Só pra garantir. Oito.

Nove.
Dez.


Spiderwebs - No Doubt