sábado, maio 21, 2005

Virada

Já deve ter ouvido falar de ponto de virada da história. Aquele momento de anti-clímax que vai desembarcar no clímax.

Em Hamlet é quando o próprio mata Polônio e percebe não haver mais saída pra sua condição trágica. Só que na ficção, depois do clímax resta muito pouco a se contar (Fade out/ sobe créditos).

A sua vida também tem pontos de virada. Em algum momento você deixa de ser. Passa a re-ser.

Quando era menor (até os 10 anos de idade), apanhei pouco na vida. Merecia muito mais. Uma criança frágil, chorona, estúpida, mandona e anêmica.

Mas das férias do meio do ano da quarta série, Gregor Samsa virou barata. Desenvolvi esse estilo "folgadirônico" que estou lapidando até hoje.

Em lugar das lágrimas, dava aos adversários frases de efeito e pequenas sentenças morais (pode me quebrar inteiro, mas isso não mudará o que penso de tu: é um merda).

Eles, claro, continuavam a me enfiar a mão. Mas não ganhavam mais meu choro pueril, que era valioso como pérolas numa disputa por moral infanto-juvenil (meu, o Pente-fino bateu no piá e fez ele sair chorando).

Eu negava-lhes a única coisa que precisavam. Até porque era a única coisa que podia fazer.

Eu até sei quando as coisas mudaram. Eu não sei o porquê. Não sei como. Nem sei quando irão mudar de novo.

Mas acredito que vão.



Turn - Travis

Um comentário:

Anônimo disse...

É mais ou menos como chutar quando a sala se junatavam para te dar um chazão no seu aniversário. Você sabia que eles iam de dar o dito "chá de cueca" e ainda, de quebra, pela sua petulância, levaria alguns golpes. Mas era bem melhor do que aceitar passivamente.

Abraços!

Tiago