quarta-feira, novembro 22, 2006

vamos fazer outro texto, ops... teste
 
já no serviço.
desde de segunda.
 
Slow hands - Interpol

sexta-feira, novembro 10, 2006

aparece o HTML?

<span style="font-family:verdana;color:#02145e;">dá-le teste.<br><br>
<em><span style="font-family:verdana;color:#02145e;">Paranoid Android - Radiohead</span></em><br>

quinta-feira, novembro 09, 2006

será?

olhá só...
que moderno, por e-1/2
 
airbag - Radiohead

sexta-feira, outubro 27, 2006

O ano do cachorro

Olha, não tenho a menor dúvida em afirmar que esse é o pior ano da minha vida.

Como desgraça nunca é demais - mas a cota do período já foi alta - nem sei mais o que vem por aí. Mas mantendo as últimas pesquisas e tendências, alguma coisa vai foder mais um pouco.

Tudo difícil demais. Acho que chega.

Alguém sabe como parar essa merda?


Fuck forever - Babyshambles

sexta-feira, setembro 29, 2006

Poucas atualizações

Por que tenho a impressão que a maior parte dos meus posts farão referência a fazer posts mais frequentemente?

Clichê.

HMPF! pra mim mesmo.


Neil Junk - Teenage Fanclub

quarta-feira, setembro 06, 2006

Olha só, que loucura

A vida tem disso, né? Quando tu menos espera ganha a conta.

Demissão tem um fragrância intrínsseca de incompetência, não importa o que o cara diga pra você, você (eu) me sinto um merda (no caso, a outra fragrância do processo).

A vida segue. O problema é só acompanhar.

E me deêm licença pra uma bichice, mas vou ficar uns dias infeliz ali e já volto.

PS - Esse blogue passará a ser atualizado semanalmente


Tomorrow never knows - Beatles

sexta-feira, setembro 01, 2006

Fellini



[>>>]


The opposite of me - Rubin

quarta-feira, agosto 30, 2006

Ganhador do Salão de Humor de Piracicaba





Retirado do Blog dos Quadrinhos da UOL [>>>].


Jimmy Jazz - The Clash

segunda-feira, agosto 28, 2006

Xadrez

Sou um péssimo jogador de xadrez, ainda que reconheça as regras.

Aprendi a jogar com uns 13 anos, na casa do meu vizinho, que ganhou um tabuleiro de madeira com peças maneiríssimas que pareciam o rei Arthur. E o cara precisava jogar com alguém. Digamos que eu era a criança certa, com a desocupação certa e o interesse certo.

De lá pra cá, mexi uns cavalinhos em L pra cá, uns peõzinhos en passant pra lá, mas nunca acreditei que um moleque como eu era poderia jogar direito.

Até hoje.

Magnus Carlsen. Tá certo que o maldito moleque é norueguês (portanto, criado a salmão) e tem 15 anos, mas é um dos mais bem colocados enxadristas do mundo. Se mexe como um moleque, se veste como um moleque, é impaciente como um moleque, é debochado como um moleque. Afinal, ele é um moleque, um piá novo.

Recusou o treinamento do monstro russo das 64 casas PBs, Garry Kasparov, por não estar a fim de se matar estudando xadrez.

Um amigo meu, numa espécie de antevisão, já tem até autógrafo do guri. Eu tenho só um lenço xadrez.


In spite of me - Morphine

quinta-feira, agosto 24, 2006

Uma garganta cortazariana

Ele sempre teve problemas com sua garganta. Mas isso não o impedia de cantar. Inflamava constantemente, acordava no meio da madrugada por afogamentos, cuspia várias vezes ao dia pequenas bolas amareladas e com pêlos.

Pêlos pequenos. Acostumado, não dava muita importância. A moléstia lhe era amiga sazonal, cheia de indas e vidas. Mas posso perder minha cinta, minha mãe e minha garganta, desde que tenha o rock'n 'roll, dizia.

Em alguns anos, as coisas se complicaram: por mais que as dores e inflamações tornassem em intervalos cada vez maiores, se iam rápida e vorazmente, levando consigo, uma parte dele: sua voz.

Ele foi enrouquecendo. Só podia cantar Ira!, Bob Dylan e músicas infantis em que existia uma voz de pato. Simples assim, de pouco em rouco, mudou-se em um mudo completo. Conseguia falar uma frase curta, mas sua garganta precisaria em repouso por mais algumas horas antes da próxima sentença.

Após as palavras, a doença começou a levar embora os espaços da garganta, mas continuava a deixar pêlos. E o que lhe deprimia era não poder mais cantar.

Quando foi ao médico e ensaiou um raio-x gargântico, reconheceram lá dentro um cisto entalando na guela, em forma de coelho selvagem. O médico disse que em caso de andorinhas africanas é possível intervenção, mas os coelhos escavam as carnes a cada sílaba.

Deu-lhe 2 meses de vida, desde que não falasse mais.

No dia de sua morte, cercavam sua cama amigos, uma ex, a mulher, uma amiga que preferia ser uma ex que ser uma amiga, o pai, a irmã.

Ele escrevera uma nota dizendo que diria a coisa mais importante de sua vida.

O pai pensou que ele agradeceria a grana da faculdade, a mulher os filhos que não tiveram e que não estavam orfãos, a ex a louca paixão, os amigos a amizade imedida, a irmã lembranças da infância com ela. A amiga que queria ser ex esperava uma linha de arrependimento pelo não-tudo.

Mas ele, simplesmente, cantou. Morreu no meio da palavra 'scratch', atrapalhando o compasso.


Just - Radiohead

quarta-feira, agosto 23, 2006

Vá de retro!

Teve um cara que eu queria que fosse pro inferno.

Hoje, ele trabalha na política.

Ganha mais que antes, mas é... política, né?.

Reinar no inferno pra servir no céu?

Acho que não...


Hey sweet man - Madeleine Peyroux

terça-feira, agosto 22, 2006

A maldição do preço

Numa época em que eu trabalhava como estagiário no Bonde, eu ganhava como um estagiário e gastava como um alucinado.

Álcool? Mulheres? Drogas? Viagens? Naites?

Não. CDs.

Nesse período irresponsável de minha vida, a Livrarias Curitiba tinha preços tentadores e, mais que tentadores, irresistíveis:

Com um custo unitário variando entre 6,90 e 9,90, comprei: Snow Patrol, Andrew's Bird, Damon & Naomi, Galaxie 500, Mercury Rev, Luna, Aimee Mann, Morphine, entre aqueles outros todos aqueles que não comprei.

Eis que nesse domingo, a passear pela Curitiba do Park Shopping Barigüi com a Van, nos deparamos com uma placa paradoxal: Promoção (ou seja, preços módicos) e Importados (ou seja, preços nórdicos).

No fuça que revira, um Morrissey por 10 pilas e um CD de poesia Beat (cabeção, eu sei) por outro simpático 10 pilas. Graças a Deus, os Bowie estavam caríssimos e eu "esqueci" de olhar os Grandaddy.

Se me virem perto de uma Livrarias Curitiba, por favor, me impeçam de entrar.


Sing your life - Morrissey

sexta-feira, agosto 18, 2006

Músicas

Top 5 dos fones novos:

NYC - Interpol;
One and two - James Iha;
About her - Malcolm McLaren;
Black & Blue - Snow Patrol;
Kirsten Dunst - Daniel Flay & The Irreparable Guilty.


Si mon amour - Paris Combo

quinta-feira, agosto 17, 2006

Uma agulha funda nos nervos

Era do tipo abre bem a boca por que é uma região difícil de acertar. Nada reconfortante ouvir a dentista te falar isso.

Mete-lhe agulha adentro, os nervos mandibulares chiam e exigem retorno e a sensação de corpo estranho é incômoda.

No resumo: a dentista vai meter uma broca meu dente adentro pra que uma cárie vaze afora. Como na vez anterior que fiz a tal restauração a 'seco', doeu pra caraio, não me contive em pedir o anestésico.

Duas agulhadas e 3 repuxões nevrálgicos depois, as formigas correm pelos meus lábios pela parte de dentro. As mesmas formigas desligam minha língua e dançam quadrilha na minha gengiva.

Carnaval delas e greve geral da metade esquerda de baixo da minha boca. Penso em Gargantua ou Pantagruel do Rabelais, quando os soldados (ou algo assim) viveram anos na boca de um gigante desses.

A broca entra e sai do dente, a boca continua aberta e as promessas não se cumprem: a dor bate cartão, ainda que com menor entusiasmo.

Bato meu cartão no trabalho como um boca-mole. A iminência da baba domina a manhã. Mas tudo escorre bem.


Anesthesia - Luna

terça-feira, agosto 15, 2006

Metablogue

Bem, como o Oliver ne post pas eu retirei your adress de meu blog.

Và bene, os textos eram bons, mas se já leu, novidade nihil sub solem.

Ah, eu (nada a ver com o Oliver) odeio quem põe mots étranges dans le text.


Be strong now - James Iha

segunda-feira, agosto 14, 2006

Minha vida de animação






Guns of Brixton - Nouvelle Vague

sexta-feira, agosto 11, 2006

Pra não passar em branco...

Ele publicou 3 romances, 1 coletânea de crônicas publicadas semanalmente nos jornais, 1 livro de contos, 2 de poesia, jogou no fogo 1 livro de memórias e 3 contos, rasgou 5 poemas, desistiu de publicar 64 cartas verídicas em ordem falsa. Ganhou um Jabuti e ficou 17 semanas na lista dos mais vendidos nas revistas de circulação nacional.

Hoje, completa 40 de idade e 8 de silêncio literário.

Pra não deixar passar em branco, escreveu um bilhetinho num papel amarelo e, apesar do adesivo, pôs com um imã na geladeira: EU AINDA TE AMO

Não seria lido dessa vez por ninguém. Revoltado, se atirou contra a geladeira num ímpeto de falta e solidão, tremendo no ritmo do nome dela e do desassossego no estômago. Diante da sabida inutilidade do gesto, não conseguiu arrancá-lo dali. Deixou isso para o tempo e o sol de fim de tarde.


The night - Morphine

quarta-feira, agosto 02, 2006

Sobre blogues

Um dia ainda serei um blogueiro famoso...




Tomorrow never knows - Beatles

terça-feira, agosto 01, 2006

Vico

Aperta o repeat no iTunes e deixo o OK Computer tocar o dia todo. Tem coisas que pode fazer sempre, sem se chatear. O OK Computer, pra mim, não é como açucar. De açucar você enjoa. Eu adoro repetir os dias com esse disco.

Abro as Flores do Mal e releio. Só troco o marcador de página do Asterix de lugar. Terminei o volume ontem pela sétima vez. Leio esse livro todo ano. Eu adoro repetir meus dias com As Flores do Mal.

Na TV, Indiana Jones. Já sei até as falas de Harrison Ford com Sean Connery. Eu revejo esse filme sempre que posso. Tem alguma coisa não explicada nele, que me faz sentar e esperar o final. Final que já conheço. Mas uma tarde é sempre boa quando repetida com A Última Cruzada.

No meu quarto, você. Como ontem, hoje e amanhã. Sei que vai reclamar do chuva/ do sol/ das nuvens/ do frio/ do calor. Entendo tudinho e sei por que é bom ter você à minha frente, ao meu lado. Pois um dia só é UM, se repetido com você.


Palo alto - Radiohead

sexta-feira, julho 28, 2006

Travaille




Queremos paz - Gotan Project

quinta-feira, julho 27, 2006

Lavoro

Eu, no meu papel de redator, reviso fuins de furadeiras e apago batidas de porta. Pontuo o tempo até a saída, tiro a vírgula das aflições, ponho um

parágrafo no seu desabafo e reticentio meus dentes morderosos.

Imprimo o desabafo e comparo os meus medos num arquivo .PDF: o texto é bom, (a)fora um ponto e vírgula; mas vai fora de FORMATO.

São, entre os entrelinhas.


Do lado de dentro - Los Hermanos

terça-feira, julho 25, 2006

Janela II

A mocinha sorria: o vestido de pano cru vermelhinho, o realce nos olhos com a sombra da veneziana, as mãos cruzadamente sobre o batente da janela (por mais que ele tivesse batido no vidro), o bilhete muitamente lido (já rasgado nos vincos da dobra e colados com duréx), o cabelo penteado às diversas.

A mocinha sorria e esperava, ajanelada.

No começo a mãe era contra, o pai não gostava. Mas a mocinha não sai da janela. Sorrindo e esperando. Lê, come, morde os lábios, bebe, regarda, debruça, coça, conversa, rega as plantas, quasedormeia.

A mocinha vive, espera e sorri.

Ali, enquadrada: vive, espera e sorri nessa janela hoje, há 63 anos.


Sleeping in - Postal Service

segunda-feira, julho 24, 2006

Um comentário rápido

O fato de do vice-presidente José Alencar ser destituido de sua vicessidade e empossado Presidente da República Federativa do Brasil em um hospital TEM QUE ser mais que uma mera coincidência envolvendo a democracia brasileira...


Thom Yorke - The eraser

sexta-feira, julho 14, 2006

Formatura do Lauro



Tiago 'insano' Perreto/ eu/ Lauro ' Psycho'/ Rafael 'Picareta' Caneparo


National anthem - Radiohead

quarta-feira, julho 12, 2006

O rídículo

O rapaz, perdido em intelectualices e bobagens, sobe a escada da biblioteca com um papelzinho na mão.

Ávido, procura os números do papel na estante.

Olha pro livro, sente sua cabeça pesar. Sente o olho pesar. Não aguenta, cai sentado.

Permanece imóvel, olhando pra um livro de Roman Jakobson e não vendo perspectivas.


Welcome to the machine - Pink Floyd

terça-feira, julho 11, 2006

Atenção, passageiros: parada de 60 anos no posto Vida pra lanche!

Syd levantou após esperar que as pessoas saissem do ônibus. Pra que esperar em pé, se podia permanecer, atirado e amortecido, nos dois bancos.

Levantou calmamente, tirou os fones dos ouvidos e apertou STOP[]. A fita TECou. Ele andou para fora.

Sentiu-se irritado com a luz forte, com o frio e com o lugar estranho.

Um homem de branco bateu nas suas costas e pediu passagem. Syd andou e olhou desconsalado pra frente.

Rapidamente, Syd entrou na lancheria.

Obviamente, pediu um suco Pink e uma torta Flóide, os itens baratos do menu. Quando terminou de comer, Syd levantou pra dar uma volta.

Caminhou um pouco pelo patiozinho desse posto desolado, desse parêntese entre nada e coisa nenhuma. Com um cano de ferro, que estava ali, atirado ao chão, escreveu seu nome no cimento fresco. E depois, na terra.

Deu PLAY|>| em seu walkman.

Tão logo a música começou, encheu-se. Arrebatado por uma fúria inércica, [], e arrancou a fita do aparelho.

Mas ao invés de atirá-la na escuridão distante, deixou ela como presente a quem quiser ouvir, ao lado de seu nome escrito na terra.

Embarcou no ônibus e ficou olhando pela janela, esperando a hora de partir.


Shine you crazy diamond - Pink Floyd

segunda-feira, julho 10, 2006

Promessas de final de Copa

Tem gente que faz promessa de fim de ano. Eu faço de fim de Copa.

É uma forma de ocupar aquele vazio que se apodera de mim, após 1 mês de futebol de modo intenso. Há quem chame esse vazio de Depressão Pós-Copa.

Uma vantagem dessa modalidade de promessas e estabelecer de metas pessoal é o tempo possível para sua realização. O período é tão longo que basta beber a taça da vitória ao final ou amarrar a sacolinha da derrota e pôr no lixo reciclável.

Das promessas de 2002 até aqui, a dever uma maior dedicação ao trabalho autoral. De resto, ganhei uns benéficos quilos, a possibilidade de pagar contas com meu próprio dinheiro, VOCÊ (principalmente), entrei em Letras (mestrado conta como benefício extra), completei Monstro do Pântano e Homem-Animal e sei lá mais o quê.

Pra 2010, o que vai na lista?


Respect - Aretha Franklin

terça-feira, julho 04, 2006

A geometria do futebol





Minha história (Gesubambino) - Chico Buarque

quinta-feira, junho 29, 2006

Diálogos patônicos

"...se o mundo realmente só existe do modo que eu vejo, ou melhor do modo que eu sinto, e sobretudo, do modo como eu lembro, nada mais lícito que construir o meu próprio mundo com falsas memórias.

Sério, pensaí: você vive a cada instante, e só vive cada instante pra frente por que não sabe o que vem depois, mas sabe o que veio antes. Como não temos o controle de ver o futuro, nossa referência é sempre passado.

Se você não tiver esse passado, você é um ponto solto: sem memória e sem premonição. Louco, né?

Como nossa referência é o que veio antes, o que é bom na nossa vida foi experimentado. Podemos ter fé em conhecer mais coisas, mas todas elas serão construídas nos alicerces da memória.

Ou seja, não há nada de fraqueza em fazer com que suas memórias sejam as melhores coisas."

Feliz o rapaz encerrou, mastigando e cheirando a admiração por suas conclusões. Um outro falou:

"Certo. Mas como poderíamos escolher aquilo que nos satisfaz? Como poderíamos saber se tudo aquilo que queremos, ao ser obtido não mudaria nossos desejos? E ao ter o que hoje queremos no passado, mudaríamos. Não terá sido a necessidade, em parte, que nos trouxe até aqui? E com a satisfação dessa necessidade, não abocanharíamos novas? E não gostaríamos de ter em memória outras coisas? E nesse ciclo de criação e desejo, até que o mundo inteiro estivesse em nós, e daí o que faltaria?

Faltaria eu creio, a escolha e sobraria um desejo de querer algo que não se sabe mais o que é, mas que tem faltado..."


Tighten up - Yo La Tengo

terça-feira, junho 20, 2006

Coluna no Bonde

Acesse a minha COLUNA nova no Bonde.

Qualquer 9 meses sem escrever. Demorou tanto que a coluna até mudou de nome.



Common people - Pulp

segunda-feira, junho 19, 2006

Metalinguagem





Eleven o'clock - Morphine

sexta-feira, junho 16, 2006

COPA

essa é a primeira copa que sou obrigado a não acompanhar.

Na de 90 (Alemanha, campeã, Caniggia fazendo gol num time medíocre do Brasl que fez uma partida fantástica contra uma ótima Argentina com Maradona) eu não me importava muito com futebol.

A Copa de 94 (Tetra! Baggio dava uma bicanca pra Sicilia, o melhor zagueiro do mundo com cãimbras e perdendo pênalti, Baresi) acompanhei fielmente, jogo a jogo. Assisti todos e alguns teipes.

A de 98 (Petit, PETIT, P-E-T-I-T, faz o terceiro gol pra França, num jogo em que Ronaldo não tava gordo, mas já tivera um ataque qualquer e perdemos pra França do monstruoso Zidane, o maior jogador de cet pays) assisti tudo também. O Brasil time um time nojento, mas chegou na final. Foi uma copa esquisita. Tipo usar perfume pra disfarçar a ausência do banho.

A de 2002 (Penta! Ronaldo debulha e mostra por´que é um 'fenômeno'. Melhor jogo que já vi - Brasil e Inglaterra. Título merecidíssimo. Só aceitaria perdê-lo para Senegal) Vi tudo também. Todos os jogos, ganhei bolão sabia que a França não passaria da primeira fase, só não sabia que não fariam gols.

A de 2006 (?), tenho me virado como posso: lance a lance, gatos virtuais pra ver jogos, empenho em fins-de-semana e feriados (nem sempre recompensados pelos jogos vagabundos da Suécia e Inglaterra). meu lance desesperado final é ouvir os jogos em uma rádio inglesa, que só consigo compreender direito o nome dos argentinos.

A COPA (copa) tem que continuar...


Radio ga ga - Queen

quarta-feira, junho 14, 2006

A fúria

Tenso.

Zenilo estava tenso. Teso. No limiar duma explosão, qual um gato que olha assustado sem ser visto.

Toca o telefone. Zenilo olha. Toca. Ignora. Toca. Tu não vai atender não? Toca.

Zenilo adota a única atitude passiva possível: olha para o aparelho, pega-o na mão, gira na cadeira, puxa os fios que o prendem à tomado e atira-o contra a parede. Sorri e olha: Pronto...

O solitário aparelho espatifado no chão ainda deu seu estertotrinado final, ao qual Zenilo respondeu com o arremesso do monitor de se computador sobre o espatifado aparelho.

...Zenilo, eu acho que... o texto é interrompido pela interlocução manual de Zenilo, que soca seu companheiro de trabalho.

Com ele no chão, Zenilo aplica um série sequenciada de chutes nas costas e cabeça, até que os dentes pulem para a parede. O estagiário que passava por ali e olhava assustado recebe uma joelhada no estômago e outro no nariz.

Zenilo, levanta uma cadeira e a atira na janela de sua sala, dando a ela a liberdade de 15 andares. Um segurança da empresa chega pra segurar Zenilo, que lhe soca a cara e toma a arma. Um pontapé aplicado ao queixo faz com que o segurança acabe sentado na cadeira atirada momentos atrás.

Com a arma em mãos, Zenilo dispara 6 vezes:
- Garrafão d'água;
- um passáro;
- nada;
- janela no canto oposto;
- prédio vizinho;
- a si mesmo, na cabeça.

Zenilo encerra sua fúria contra si mesmo. Bota um ponto final e aperta em publicar.



Bullet in the head - Rage Against the Machine

quinta-feira, junho 08, 2006

WANTED

Vencedores de um concurso de charges e HQs. Mais detalhes |>>>|. Boa, não?




I found a reason - Cat Power

terça-feira, junho 06, 2006

A lida imita a arte

Ou seria a 'vida imita a arte'? Se perdia nesse devaneios o escritor amante. Era amante, não amador. Fazia por amor e sempre ia 'até as entranhas da literatura, causando onomatopéias ofegantes e prazeres em caixa ALTA'.

Nesse devaneio do narrador, o personagem Autor já partiu pra outro devaneio, que continua a idéia lá de cima. Como o personagem Autor parou pra fumar um cigarro (escritor maldito, saca?), recupero tudo pra que você não se perca. Voltando:

A lida imita a arte. Ou seria a 'vida imita a arte'? Se perdia nesse devaneios o escritor amante. 'mas a arte é imitação da verdade'. Só pode haver arte se houver uma imitação a fazer e uma vida a imitar. e dessa imitação pode surgir um valor maior que aquele de origem. se não acraditar nisso, não serei capaz de mímesis, nem de karthasys...

Corta. Na minha história ninguém fica falando coisa sem sentido. Tá virando grego!

Tu deveria é narrar, isento e sem intromissão.

Você tem inveja por ter sido escalado como narrador auxiliar.
E tu tem sorte de eu estar aqui pra organizar as coisas pra ti!
Organizar? Você tá mexendo em parágrafo e espaço, sem marcar turno de fala, confundindo nós dois na cabeça deles. A culpa é tua, não minha. Não aceitarei culpa que não me é minha. pois sabe você tu que eu tu devemos por que eu continuar por o enredo a história é teu não antes que percamos meu o ponto foda do texto-se.
Como é assim? mesmo. FOvai toDMar no mei-So do ScuE.
kaggjkghoubjk\\hg\hjj\jhooohuoçjjb. \zahgdtqrresqwreyftyubvn kjloni!!!!!


Quero-te assim - Toranja

sexta-feira, junho 02, 2006

COPA! COPA!

Esses palpites foram feitos por um cara que gosta de futebol mas está algum tempo afastado das telinhas, tanto em virtude de torcer para o Corinthians como pelo desintresse pelo momentâneo.

Isso porém, não impede que eu pire na época da COPA!

ei o meu jogo a jogo da Copa.

PALPITES:

Grupo A

Ale 2 X 0 Cos
Pol 1 X 1 Equ
Ale 1 X 0 Pol
Equ 3 x 0 Cos
Cos 1 x 2 Pol
Equ 0 x 1 Ale

Ale- 9
Cos- 0
Pol- 4 (0)
Equ-4 (2)

Grupo B

Ing 1 x 0 Par
Tri 0 x 3 Sue
Ing 4 x 0 Tri
Sue 2 X 1 Par
Par 3 X 0 Tri
Sue 2 X 1 Ing

Ing- 6
Par- 3
tri- 0
Sue- 9

Grupo C

Arg 1 x 1 CoM
Srm 1 x 3 Hol
Arg 2 x 1 Crm
Hol 2 x 1 CoM
CoM 3 x 2 SrM
Hol 2 x 0 Arg

Arg- 4
CoM- 4
SrM- 0
Hol- 9

Grupo D

Mex 3 x 1 Ira
Ang 2 x 2 Por
Mex 2 x 1 Ang
Por 3 x 0 Ira
Ira 0 x 2 Ang
Mex 2 X 2 Por

Mex- 7
Ira- 0
Ang- 4
Por- 5

Grupo E

Eua 1 X 2 Rep
It 2 x 1 gan
rep 3 x 2 gan
it 1 x 1 eua
rep 1 x 2 it
gan 2 x 2 eua

Eua- 2
Rep- 6
It- 7
gan- 1


Grupo F

Aus 1 X 2 Jap
Bra 2 x 1 Cro
Jap 0 x 2 Cro
Bra 3 x 0 Aus
Cro 4 x 1 Aus
Jap 1 x 2 Bra

Aus- 0
Jap- 3
Bra- 9
Cro- 6

Grupo G

Cor 2 x 1 Tog
Fra 2 x 0 Sui
Fra 1 x 1 Cor
Tog 2 x 1 Sui
Sui 1 x 1 Cor
Tog 1 x 3 Fra

Cor- 4
Fra- 7
tog- 3
sui- 1

Grupo H

Esp 2 x 2 Ucr
Tun 2 x 1 Ara
Ara 0 x 3 Ucr
tun 1 x 4 Esp
Ara 0 x 3 Esp
Ucr 3 x 1 Tun

Esp- 7 (primeiro)
Ucr- 7 (segundo)
Tun- 3
Ara- 0

OITAVAS

1) 1A (Ale) X 2B (Ing)= 1 x 2
2) 2A (EQU) X 1B (SUE)= 1 x 3
3) 1C (hol) x 2D (por)= 2 x 0
4) 2C (CoM) X 1D (mex)= 2 x 2 (CoM 4x2-PEN)
5) 1E (it) X 2F (Cro)= 1 x 1 (it 1x0 - PRO)
6) 2E (rep) X 1F (Bra)= 1 x 2
7) 1G (Fra) X 2H (Ucr)= 1 x 1 (Ucr 5x6-PEN)
8) 2G (Cor) X 1H (esp)= 1 x 3

QUARTAS

A) 1 X 3= ING 1 X 3 HOL
B) 2 X 4= SUE 2 X 0 CoM
C) 5 X 7= IT 1 X 1 UCR (Ucr 3x4-PEN)
D) 6 X 8= BRA 2 X 0 ESP


SEMI

I) A X C= HOL 3 X 1 UCR
II) B X D= SUE 2 X 2 BRA (BRA 0X1-PRO)

TERCEIRO:
UCR 2 X 4 SUE
FINAL:
HOL ? X ? BRA




Senhora tentação - Cartola

quinta-feira, junho 01, 2006

As diversas quedas


a folha seca
olha para o homem
e hai
cai
.
.
.



He war - Cat Power

quarta-feira, maio 31, 2006

As diversas quedas

Você ainda lembra da sua infância?

Não estou pensando em primeiros amores ou brincadeiras marcantes. Falo daquela idade em que se é um bebê e não se é capaz sequer de falar.

Tenho um amigo que lembra de, sentado no sofá de sua casa, jogar um objeto amarelado longe. Era a carteira de cigarro de seu pai, que viu naquilo um sinal para que parasse de fumar.

Conseguiu até o dia da separação, quando aceitou um cigarro desse meu amigo que anos antes, em formato bebê, jogara pela janela uma carteira de Camel. Ele fuma Carlton.

Outro amigo meu lembra de estar sentado num tapete sobre o teto de um fusca verde. E de que o sol beliscava sua face e o tornava amarelo.

Esse não fuma, nem assistiu separação dos pais, embora queira projetar um computador que funcione por luz.

Eu me lembro de meu pai com os braços abertos e sorrindo, enquanto eu dava um passo frágil e caía. Levantava, re-equiibrava e caía.

Meu pai sorria (não ria), por isso me dava confiança e a oportunidade de seguir.

Nos braços dele. A memória dá um salto e perco toda minha via vitoriosa, com sabe-se lá quantos passos.

Aqui, andando pela calçada, vejo meu pai de braços abertos na esquina. Caminho trôpego até ele.

O vinho me empurra para um lado, eu me seguro na lixeira.
A vodca me amarra os fios invisíveis do pé, eu me asseguro num muro semi destruído.
O bilhete dela no bolso da calça empurra pra fora parte do vinho, da vodca, dos sanduíches, de mim e de meu amor próprio.

Limpo o rancor azedo no canto da boca e olho pro meu pai sorrindo. Sem represálias. Sorrindo.

Ando até ele e o desespero me empurra para seus braços.

Caído na calçado, procuro meu pai. Ele se foi e não voltou. Ele nunca esteve aqui.

Pai, ó pai: por que me abandonaste?



Carta - Toranja

segunda-feira, maio 29, 2006

As diversas quedas

O prazer da dor da queda, o aprendizado e esquecimento, acontece nas pequenas e grandes alturas.

Com homens e colheres, mulheres e objetos.




Live forever - Oasis

sexta-feira, maio 26, 2006

As diversas quedas

Algumas vezes, não precisa cair.
O chão (num golpe de marketing, uma espécie de queda delivery) vem até você.




Dura na queda - Chico Buarque

quinta-feira, maio 25, 2006

As diversas quedas

Dario, caido no chão. Ao seu lado uma vela em constante batalha com o vento. A roda de Samba da morte já veio, ali em torno de Dario.

Contorno de si mesmo, Dario fluia para fora de si.

Já vão 2 horas da queda. E Dario, continua, deitadinho pequeno, esperando. A multidão, incomodada com o final do espetáculo que não chega nunca, começa a vaiar Dario.

Afinal, o carro branco, que pára atrás de Dario. O rapaz sardento, assustado diz o prólogo, na frente do palco improvisado:

- Ele caiu faz tempo. Acho que morreu antes do final da queda.

(Sem dúvida, essa queda começara muito antes)

Os brancos 2, 3, 4 e o rapaz sardento jogam dario numa maca e o levam para as coxias.
As cortinas (logo após as portas) fecham.

Aplausos (ainda) em pé.

A sirene faz os agradecimentos.



Just - Radiohead

quarta-feira, maio 24, 2006

As diversas quedas

O moço, tão leve, tom simples, andava pelos campos de soja de Campos Sales.

Caminhava lento, atento aos ramos que dançavam ao sabor do vento.

Passeava a mão, sentia os dedos tocarem cada grão. A densidade, a pureza, a cor de cada planta, nele, e a sutileza.

Os pés tropeçavam no invisível, batiam forte contra si mesmos, conversavam o indizível. O chão quente, como que chamando cada elemento pra si, como alimento, como aumento de si.

Continuou o moço, reto, até que encontrou o poço, mal coberto. Caiu inteiro e desperto. No deserto de viver, sumiu da memória. Sem personagem pra escrever, desaparece da história.

Foi toda sua, inglória, queda.



In time - Cosmic Rough Riders

terça-feira, maio 23, 2006

Mil noites sem fio

Estava no ponto de ônibus. As mulheres atrás de mim conversavam. Falavam sobre um moço que casaria:

- Ele estava em sua casa, uma hora antes do casamento, dedicando todo seu tempo a ficar nervoso e apreensivo e comer salaminho, quando atendeu o telefone. Era o Tadeu, seu amigo falastrão. Começou a lhe contar uma história:

"Um homem entrou numa casa abandonada e resolveu morar ali. Mas percebeu, enquanto arrumava as tranqueira e abandonadices a seu gosto, que tinha uma frase na parede da casa. Era uma espécie de carta:

'Meu nome é Cairo, 35 anos. Vou dizer a você (seja quem for que irá me ler) uma profecia, contarei como será minha morte. Essa tinta não sairá da parede, nem minhas palavras de sua mente. Serei morto por um homem de bigode com um castiçal na sala de leitura. Esse homem fará isso por causa de um livro. Estará escrito nesse livro:

Não há sanidade entre um ponto e outro do homem. Isso faz com que as coisas terminem como comecem, pois não podem ir até o outro lado. Eu lhes contarei uma história que vi quando guri, sobre um rapaz. Esse rapaz tinha um diário, e certo dia, escreveu o seguinte:

Estava no ponto de ônibus. As mulheres atrás de mim conversavam. Falavam sobre um moço que casaria...



Ouvi contar - Sá, Rodrix e Guarabyra

segunda-feira, maio 22, 2006

Batendo o cartão

Terminei meus fazeres de cunho profissional. Também dei cabo da proposta intitulada de Maratona Blogue. Também parei de frescura pra falar. Ou melhor, escrever.

Eis que a chuva me concede uma trégua na hora de ir embora.

Espero que não seja uma armadilha vil de Xu-Wah, o vingativo senhor das águas-que-de-cima-vêm, por não ter eu lhe pago o tributo a que sou obrigado: portar o guarda-chuva.

Agora, daqui pra aula de Brasileira III, uma sopinha do RU e um café da cantina. Entre eu e meus simples desenhos, Xu-Wah e sua vingança impiedosa e fluida.

Para amanhã, as mesmas bobagens de sempre, uma única vez por dia.



Cheated hearts - Yeah Yeah Yeahs
No meio do turno da tarde

Então, penúltimo passo da Maratona Blogue'. Se você não percebeu, rolou um post a cada hora (mais ou menos) que estive aqui.

Explico aqui pra poder fazer um texto que não meta-texto no último post do dia.

Na última hora fiz textos de até 233 caracteres, encontrei um disco do Morphine e pensei sobre o que escrever aqui.

Não descobri.


Yes - Morphine
No meio do turno da tarde

Ontem assisti a um documentário sobre o Integralismo. Duas coisas:

a) é certo renegar a obra literária de Plínio Salgado, do modo tão velado que é feito? Ainda não li (nem sofri incentivo) mas tem uns caras bem medíocres nas leituras obrigatórias. Trarei novodades em breve sobre os textos ficcionais de Salgado. Aguardem mais informações por aqui.

b) A princípio, os integralistas deveriam lutar contra os fascitas (e demais regimes nacional-socialistas). Mas eles partiam do mesmo princípio e, por caminhos, diferentes chegavam à mesma conclusão:

Elites capacitadas governando e educando os demais pela honra e pela moral (deles), com a graça de Deus.

Deus me livre!



Next exit - Interpol
Voltando...

Entre 1 hora no banco, translados e internet lenta, volto ao texto.

No caminho de volta pra cá, pensava: não é só questão de opção os textos serem tão pessoais.

Numa produção de 1 por hora, não tenho tempo de ficcionalizar decentemente. Poderia fazer história do que acontece comigo, usando símiles ou aumentando.

Mas acho que a idéia é algo meio American Splendor, bem honesto e verdadeiro.

Se bem que sempre que eu conto uma história, é só uma visão dela. E desta visão não podemos garantir exatidão, ainda mais por se tratar de uma história acontecida comigo. Ou seja, o autor que cria o narrador está completamente envolvido e, portanto, não é nada isento.

Toda essa verdade daqui é apenas uma ficção de mim. Talvez meu personagem mais próximo de mim. Tão próximo que já não se reconhece Lielson suficiente nele...


I just can't get it enough - Nouvelle Vague
Saindo do trabalho e já voltando

Num dia chuvoso e atarefado como hoje, tenho que ir até um banco dar muito dinheiro a eles.

Isso poderia marcar um momento contrafeito, mas estou tranquilo. Números e letras pra eles, menos números e problemas pra mim. Sossego custa caro hoje em dia...

Sim, isso quer dizer que ficarei mais de uma hora sem atualizar a bagaça aqui


I gonna sit right down and wright myself a letter - Madeleine Peyroux
No fim de semana

No bom e velho sábado, descansamos e o guardamos na memória como manda o bom Deus.

A cena final desse ato de dia ficou a serviço de um espetáculo de bonecos de um argentino, o Titereteiro de Banfield. Teatro de bonecos para adultos.

Adulto aqui não quer dizer putaria nem a ultra violência, mas temas conhecidos até das crianças (solidão, partida, amizade, etc) encarados de forma madura.

As intervenções de metateatro são absolutamente fantásticas. Bonecos que percebem serem bonecos, magoados por se lembrarem de que são manipulados, salpicado com humor e ironia de alta qualidade.

Espetáculo pra lembrar e sorrir andando.

Túlio, fique ligado nesse cara. Se puder ir, vá!


I fall in love too easily - Chet Baker
No trabalho

Entre textos e textos, me vem uma idéia: vocês sabem dos 5 S organizacionais? E dos 4 P do marketing? E dos 4 C, do marketing e das organizações?

Se você não sabe, são idéias idiotas pra tornar mecânico um trabalho que é humano. Se você tiver seres humanos, os mecanize num regime taylorista-fordiano e exija estatísticas e produtividade para relações humanas.

Me deparei agora com um 4 R, dedicado ao meio ambiente: Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

Pra esses caras de empresonas ou corporaçõesonas, é tudo um número + letra. Por isso é tudo tão gráficos, tão econômico, tão desumano. Por isso é tão fácil demitir alguém: são letras (nome) + números (salário).


Secret meeting - The National
Para chegar no trabalho

Eu e a Van até tentamos acordar cedo.

Tentamos.

Mas sempre é difícil sair da cama com esse frio que malumora Curitiba. Perde-se ônibus e vamos pegar aquele lá longe. O dela, maior e mais lotado; o meu menor e gratuito, porém tão lotado quanto.

Só consigo embarcar no terceiro ônibus, incomodado.

Incomodado por ter ouvido motores de ônibus da minha casa até entrar no meu trabalho. São tantos ônibus, tão barulhentos, e não são suficientes.

Mais barulho, mais fumaça, menos descanso igual problemas no horizonte, elevado a cada vez mais próximo.


Rita lee - Mutantes

sexta-feira, maio 19, 2006

O encontro do palhaço calçudo com o comedor de fogo infeliz

O pão até pode torrar, mas o circo precisa pegar fogo.



Polar bear - Ride

quinta-feira, maio 18, 2006

cart1

Copiado da página http://www.irancartoon.com/Knokke/




Ask me how I am - Snow Patrol

quarta-feira, maio 17, 2006

O Teatro Epifânico apresenta: Do amor como prova substancial do amor - pedaça em 1 ato.

dramatis personae:
- Ela;
- Ele;
- Eles.

Cenário:
Banco de praça movimentada OU sofá na sala OU cama em um quarto.

ELA (em pé) - me diga então, senhor Ele. Como pode me provar tudo que disse?
ELE (sentado)- provar?
ELA - não me venha com o papinho que não se prova se sente.
ELE - sentir?
ELA - vamos! adiante!
ELE - só sei que te amo loucamente, Ela.
ELA - quer dizer que...
ELE (interrompendo)- e também que te amo racionalmente.
ELA - o que quer...
ELE (em pé) - te amo loucamente e racionalmente. E te amo paradoxalmente.
(Eles entram em cena e cobrem Ele e Ela com toalhas verdes. Elae, abraçados, saem de cena. Eles fecham as cortinas e aplaudem)
ELES - Ela sorriu e disse pra Ele bobo. Ele sorriu e não respondeu nada. Nós entramos, sorrimos e apresentamos ele.(apontam para as cortinas. O Fim, inteiro de branco, entra e segura um grande lençol nas mãos.
FIM - bem, acho que agora é comigo. (joga o lençol e cobre todos os expectadores, personagens e narradores)



The end - The Doors

terça-feira, maio 16, 2006

Coisa pouca

Quando seu filho nasceu, Pierre recém havia se convertido. Empolgado por uma passagem bíblica de sua preferência no livro dos Tessalanisenses, não teve dúvidas: registrou o bacuri de Tessalonisêncio Pedrosa II.

Tessalonisêncio era um rapaz alto, BEM alto. Grandão mesmo.

Aos 14 anos tinha 2, 47 de altura. Ser tão alto mexia com a cabeça de Tessalonisêncio, assim como os batentes das portas por onde passava. Ele queria ser menor.

Um dia, andando pela rua com uma lupa, foi mordido por um morcego radiotivo enquanto tomava um raio. Quando deu por si, Tessalonisêncio percebia o mundo MAIOR.

MAS NÃO ERA O MUNDO QUE ESTAVA MAIOR E SIM ELe que havia encolhido. Feliz, faceiro e saltitante, Tessalonisêncio corre pra casa, com seus inteiros 1,34 m de altura.

No caminho para casa, Tessaloni percebe uma coisa: continuava a encolher!

Mais e mais, ou melhor, menos e menos. Tessa já estava com 33 cm, do tamanho de uma régua, para baixo e avante.

Tê estava do tamanho de uma formiga com os centímetros e milímetros se esvaindo cada vez mais (menos, né?).

T. continuava a minorar e diminuir até que...

Onde ele foi parar? Não estou mais vendo... acho que tá ali, achei!

Então t...

Cadê?
(roubando uma idéia da Van)


A time to be small - Interpol

segunda-feira, maio 15, 2006

Texto velho, porém contextualizado

Escrevi esse texto em 2002, e na época pensava sobre situação política e artística, de maneira bem inocente, como podem perceber no texto. Mas estou, sem falsa modéstia, em desespero pelos eventos em São Paulo. Acho que, infelizmente, essa merda aí é só o começo:

Quem gosta de abismos
Que tenha asas

F.Nietzsche

O romance, o último gênero que surge é oriundo do século XIX. De lá para cá nada de novo surge nesse contexto. James Joyce, autor do maior romance do século XX – Ulisses, já apresenta algumas das principais característica do pós-modernismo: a releitura e a fragmentação. Ulisses conta um dia na vida Leopold Bloom. Existem comparações com a Odisséia de Homero e no transcorrer do livro Joyce se utiliza de vários gêneros textuais para compor o seu.

É aqui que o romance se apresenta como um híbrido. Abarca todos os gêneros ao mesmo tempo e a partir dele nada original foi criado.

A democracia participativa e o capitalismo estão como senhores da política e da economia desde da ascensão burguesa no século XVIII. Surgem termos como neo-liberalismo e afins, que nada são além de formas mantenedoras do regime capitalista.

A arte passou por vários momentos pós-romantismo, mas boa parte dos seus princípios e conceitos ainda vogam em nossos valores estéticos. Basta ouvir o setor que mais produz literariamente, a industria musical.

Nosso pensamento filosófico atual apresenta poucas considerações novas. Relemos apenas sem produzir algo mais. Um setor paralisado desde Nietzsche – que não chegou a pisar no século XX, pois morre em 1900 - um pouco cutucado por Sabato, Ortega y Gasset e a turminha mal-humorada de Frankfurt.

A ciência do nosso século XXI não trouxe os bacaníssimos carros voadores ou esteiras estilo Jetsons em lugares de calçadas. Nem ao menos andróides para fazer o trabalho pesada e gerar um pouquinho mais de desemprego. A ciência produz conhecimento nem sempre com valor para o ser humano.

Percebe-se uma inquietação na arte. Os artistas estagnados apenas reproduzindo segundo o padrão pós-moderno sente-se incomodados pela falta de um novo impulso.

Algo está para acontecer.

A ausência desse impulso talvez deva-se ao século XX. Se o século XIX “matou” Deus, o século XX matou as utopias.

O socialismo se provou uma farsa, as duas guerras mundiais e todas as intervenções autoritaristas localizadas pelo mundo põe no chão qualquer sonho de paz.

A esperança de igualdade se restringe a cada metro que a cidade cresce. A promessa de igualdade sussurrada pelo capitalismo não se cumprirá.

Algo está para acontecer.

A morte das utopias parece ter estagnado toda a inovação tanto nas artes quanto no pensamento social-filosófico. Nossos produções de pensamento dificilmente se livram de Descartes, Marx e/ou Darwin.

Acho que estamos em uma época limite. Algo está para acontecer. Estamos na linha limítrofe da mudança.

Enquanto estamos parados o chão sob nossos pés vai desaparecendo. A fé perde o valor, as utopias não são capaz de substituí-las, a arte se desmotiva e apenas recicla.

O que o século XXI matará? Algo está para acontecer.



Sleep now in the fire - The Rage Against the Machine

sexta-feira, maio 12, 2006

Minha vida não faz mais sentido

Sebastião teve um choque quando descobriu que sua blusa, dita por ele preta, era na verdade de um azul marinho exemplar.

Martinha se permitiu um choroso desespero ao verificar a não-correspondência do amor de Mauri por si.

Édipo descobre ter matado seu pai e trepado com sua mãe, e tido filhos e/ou irmãos com ela. Arrancou os próprios olhos e foi dar problemas pra Electra na terceira parte da trilogia tebana.

Sean passou 184 meses escrevendo o livro, que sem falsa modéstia, chamou de romance mais importante do mundo. Um mês antes de lançar descobriu a existência do Finegans Wake e Ulisses, respectivamente o que seriam os capítulos 8 e 5 de seu livro. E uns tais de Grande Sertão: Veredas, Montanha Mágica, O Processo e a Ilíada (capítulos 2, 3, 18 e prólogo, acho que nessa ordem). Seu pés foram soterrados ao chão com o peso do céu desabado às suas costas.

Rhalj, 39 anos de vida afastado de hábitos alimentares que envolviam carnes ou derivados de animais, até viajar para o maldito ocidente e descobrir que as delicosas salsichas não davam em árvores podres ao chão. Seu mundo caiu e tudo em que ele acreditava e pelo que lutava, desabou aos seus pés, esmagando quatro dedos do pé esquerdo, pé esse que ele nunca usara para levantar.

Lielson, descobre abismado que a palavra normatizada e dicionarizada é dúplex, com acento e pronúncia de gringo, não aquela que usara e ouvira toda a vida, Duplex. Ficou inconsolável e flutuando sobre ruínas daquilo que ele conhecia como certezas.


Dom Quixote - Mutantes

quarta-feira, maio 10, 2006

A mentepsicose

lars acordou em sua Casa, num Distrito da Lapônia. olhou para O Relógio nA Parede e percebeu serem HORAS de levantar da Cama.

lars, 42 anos, louro, olhos azuis, 16 CM era um laponês honesto, solteiro e trabalhador. trabalhava na MESMA Empresa de Adubagem em Terrenos dificeis. pois justamente no DIA 10 de Maio de 2006, lars foi demitido. seu CHEFE disse ser efeito da GLOBALIZAÇÃO.

contraram compantaneses para fazer o MESMO Trabalho que lars fazia, mas longe dali, não-sindicalizado e por 1/4 do custos salário-empregatícios do laponês.

Dinheiro não era problema para lars, pois economizou seu Salário durante ANOS. poderia viver por mais um bom TEMPO sem nenhum Emprego.

o GRANDE PROBLEMA é que lars não poderia viver muito TEMPO sem um Emprego. Ahn? lars sabia que não poderia conduzir sua vida desapegado de uma Rotina e de um Trabalho Fixo.

mas preferiu não entrar em Desespero ainda. quis ver se as Coisas aconteciam por Si Mesmas. enquanto aguardava pelas Coisas, organizou sua Rotina:

...Jardim, limpeza da Casa, manutenção dos Móveis, As Folhas dO Quintal, A Calçada de Casa, A Rua...

depois de 2 MESES, lars não tinha mais Serviços a fazer. sua Casa estava perfeita, assim como Qualquer Coisa, Troço, Treco, Objeto, Bugiganga, Posse, Pratarias, Louça, O Caralho a 4.

a cada novo DIA desocupado, lars se preocupava. em Uma Proporção direta, quanto mais fazia, menos tinha por fazer e portanto mais a se incomodar.

não havia mais Jeito: sua Rotina tinha ido pras Cucuias laponesas. a cada DIA ia mais, e parecia ainda mais longe de voltar.

todo DIA lars dormia sem descansar, preocupado.

Certa manhã, ao acordar de sonhos inquietos, Lars viu-se transformado num pequenino inseto: uma formiga. E novamente pode ser feliz.



Half a person - The Smiths

terça-feira, maio 09, 2006

É coisa de criança...

Antes de sermos dominados pelas letras, usamos o desenho como expresão simbólica e de representação. Isso serve de corroboração àqueles que dizem que quadrinhos é coisa de criança.

É até um pouco mais. É como a fascinação pelo fogo, algo ancestral. Muitas vezes, só queremos o mais simples. Como ter uma janela ao seu lado.




Moonshot - Galaxie 500

segunda-feira, maio 08, 2006

horror vacuum

Era esse o nome que os historiadores davam ao sentimento dos egipcíos em relação as bordas em branco ao redor de seus painéis hieroglificos.

Medo do vazio. Zemti era o nome de um escriba responsável por cobrir e ornamentar tais cantos. Tudo era informação e adorno. Zemti acrescentava idéias suas às paredes, que não eram extaamente as mesmas do Faraó. Foi condenado a decapitação.

Na idade média, o monge copista Zicarius produzia o dia todo aqueles lindos trabalhos ao redor do texto de cada página ou na primeira letra de cada capítulo, arabescos e iluminuras. Não se poderia desperdiçar aquele espaço sem propor uma beleza ao mundo. E Zicarius ousou embelezar um texto e acrescentou frases suas a vários autores gregos e latinos. Foi laureado com a fogueira.

Zelioux, costumava anotar nos livros da biblioteca de Luis XXX, criando notas explicativas e oferecendo desfechos alternativos nas páginas em branco ao final dos livros que lia. Seu talento literário foi reconhecido com a guilhotina.

Zenolo gostava de acrescentar partes de letra nos silêncios vocais das músicas que ouvia. Algumas décadas antes do surgimento da música pop, Zenolo criara o backing vocal. Foi presenteado com tomates e pontapés por público e músicos. Aos empurrões, caiu num daqueles rios fedorentos de Veneza e morreu afogado.

Zylde era um poeta de banheiros. Sempre prencheia os batentes, portas e patentes com versos e trovas, embelezando o ambiente tanto quanto podia. Pego com a boca na tampa da caneta e calças arriadas foi expulso do colégio, não tirou mais boas notas, não conseguiu entrar no mestrado e morreu de fome como um dos péssimos poetas errantes de Nova Iorque.

Zico (não aquele) escrevia textinhos difamatórios na parede da cela, nos guardanapos do refeitório e nas bordas do jornal. Começou a escrever um livro no papel higiênico. Apadrinhado por um ator que tinha contatos numa grande editora (Letras Ltda), publica seu papel higiênico, num misto de fato, relato, depoimento, memória e ficção. Encabeça a lista dos mais vendidos por semanas. É tornado um imortal da ABL.


Free love - Morphine

sexta-feira, maio 05, 2006

Um conto de Ruben

Tenho feito de minha vida uma privada (lembro do PRAVDA soviético). Até acordo ao lado dela.

Afinal, é natural que acorde ao lado do que durmo (se bem que ele sempre vai embora).

Tenho bebido tanto, que nem lembro de beber. As deduções partem do mau cheiro e das poças a minha volta. E da privada em meus braços.

Ele bebe muito (chamo ele de Russo). Bebe mais que eu. Nunca vi ele desabar.

Eu sempre termino no sofá, imagem simples da derrota.

O outro dia me convence que bebi demais: a privada suja a minha frente, o gosto azedo em minha boca, a cabeça latejando, os olhos apertados.

Olho o quanto que deixei de mim na privada. Sorrio e aceno para o que está no vaso.

Dei àquela parte de mim a chance que sempre precisei, e nunca ganhei: desaparecer.

Dou o último adeus, sinto a cabeça doer e puxo a descarga.


Love will tears us apart - Nouvelle Vague

quinta-feira, maio 04, 2006

JUSTIFICATIVA

Esse blogue, fiel a seus sentimentos, encerra hoje o êxtase de 3(três) dias úteis, ocasionado pelo show do Echo & The Bunnymen.

Amanhã, reassumimos nossa programação habitual.

PS - O que foi aquilo?


Never stop - Echo & The Bunnymen

sexta-feira, abril 28, 2006

Os coelhos estão atrasados pra um importante encontro...

Tive uma adolescentice hoje: sorri na rua por me lembrar que vou ao Show do Echo & the Bunnymen a noite.

Certo, é meio forçado.

Tô com aquele comichão logo acima do estômago, me dizendo em seus sinais comichonais que o show vai ser épico.

Não sei se é um jeito estúpido de justificar a pequena fortuna empregada na compra do ingresso. Mas eu sempre gostei de ir em shows. Sei que é errado criar expectativas positivas antes de qualquer coisa, pois é difícil conseguir que o espaço entre a imaginação e o fato seja ocupado pela satisfação.

Já fui em shows bons como o do Los Hermanos, na abertura da turnê do Ventura, do Teenage Fanclub, no CRF 2, do Arcade Fire, no Tim Festival e do Coldplay, na Via Funchal.

Em shows que rolou "aquela" entre banda e público, como o Mombojó no 92º, o Pixies na pedreira e o Strokes em São Paulo.

Fui em shows plenos e perfeitos, como a Nação Zumbi na Ópera de Arame e o Cake no Curitiba Master Hall, bandas que não tenho nenhum CD e mesmo assim proporcionaram os melhores shows que já vi. Vi não, participei. Ah, é claro: o singelo e emocionante show do Pato Fu em Curitiba em 2004.

Mas, veja você, show do Echo & The Bunnymen, nesse eu nunca fui...


A promisse - Echo & The Bunnymen

quinta-feira, abril 27, 2006

Era uma vez

Celinha. Morava num pequeno apartamento afastada das pessas, mas próximas das multidões. Celinha era escritora.

Começou com um blogue meia-boca, que no boca a boca, virou mania e cartilha de conduta para adolescentes, que a consideravam uma boca e meia.

Celinha porém sabia qual parte de boca lhe cabia. Por isso, sempre assinou o blogue com um pseudônimo: Alice (Ce-li-a ---> A-li-ce). Não queria 'sujar' seu nome.

Cada vez mais, as histórias meia-boca entravam goela abaixo das pessoas. Celinha, como Alice lançava um livro a cada 2 meses. Celinha resolveu então, publicar uma literatura experimental e levada a sério. Escolheu o nome de Lecia.

Celinha se mordia, pois Lecia (que era a escritora que ela sempre quisera ser) não vendia nada, mas era beijada pela crítica; o oposto de Alice, que vendia muito, porém os analistas literários metiam a boca.

Celinha, então inventava mais uma personagem: Zélia, uma escritora de soft porn. Seu primeiro livro (Pipoca ou Pop Corn?) fez tanto sucesso entre os intelectuais e punheteiros, que virou filme.

Mas Celinha não engolia isso. Não era isso que pensara pra si.

Resolvera pôr a boca no mundo: lançaria um livro assinado, finalmente, por ela mesma, revelando toda a história da criação das outras 3 escritoras. Todos ficarão de boca aberta, pensou.

Quando Celinha começou a escrever, percebeu a história que ficaria muito grande e resolveu lançá-la aos poucos, em capítulos, formando uma decalogia. O(s) livro(s) foi(ram) um sucesso comercial.

Até que aconteceu: as outras editoras que publicavam os pseudônimos de Celinha, resolveram processá-la por uso indevido e mal-intencionado da imagem de suas escritoras. Corre à boca pequena que Celinha teria aberto um largo sorriso ao ouvir isso.

Quando Celinha, de boca aberta, viu Leicia na TV, num programa de entrevistas, não soube o que fazer. Comentava ela sobre Alice, a nova imortal da ABL e sobre sua polêmica aberta contra Zélia, que entrava em trégua até que abocanhassem o dinheiro do processo contra Celinha.

Celinha chegou a abrir a boca pra dizer impostoras, mas se conteve. Em choque sabia que aquelas eram ela, tinha certeza.

Então Celinha levantou da cadeira em frente ao computador pegou a Celinha atônita pela mão e a pôs sentada no sofá. Disse-lhe que tivesse calma, que tudo terminaria bem.

Celinha deixou Celinha no sofá e foi para janela, pensando em escrever uma história em que os pseudônimos de um escritor começassem a se confundir entre si. Achou muito banal. Resolveu começar uma telenovela.



Intimate secretary - The Racounters

quarta-feira, abril 26, 2006

Veja por exemplo, a questão do maralismo

Veja por exemplo, a questão do maralismo, /ops/ moralismo com os termos de calão enlameado. Ali evidencia-se como o significado social dos termos extrapola qualquer bolota de ferro semântica presa à serifa dos verbetes.

Clareando, é na proibição dos palavrões que dá pra sacar como funciona a mente moralista. E ainda perceber como o significado que o uso dá às palavras desautoriza qualquer dicionário.

Caso exemplar: o clássico, popular e, talvez a única, verdadeira paixão nacional, o lindo vai si fudê. Uma expressão plena e soberana, capaz de transmitir todo nosso desprezo, má-vontade e contrariedade pela opção de nosso interlocutor.

Pessoas que se policiam em momentos de raiva, puritanos, com modos no linguajar, politicamente corretos e legendistas de filme, substituem o nosso querido e amado vai si fudê (existe a variante fono-morfológica vai ti fudê) por um escandaloso vá se danar.

Imagino que uma pessoa que faça tal substituição pense em evitar a sujeira daquele termo, o peso que ele carrega, o seu sentido pra baixo. Por isso, "alivia" o xingamento, trocando o baixo e vulgar, pelo termo usado na novela.

Mas, caros preclaros, pensem bem: existe algo pior que mandar a pessoinha contrafeitora de nossa vontade se danar, ou seja, para o inferno ETERNO da danação, sentado no colo do Coiso-ruim e sofrendo os ardores e dores por todo o além-vida?

Sou muito mais cristão: aqui se fez, aqui se paga: Mando o viado tomar no meio do teu cu e todos ficam felizes.



Road runner - The 5.6.7.8's

terça-feira, abril 25, 2006

O caso do senhor Izzi

O senhor Izzi era uma boa pessoa, cidadão pagador de impostos, marido fiel e pai compreensivo.

Mas tinha um problema.

Sofria de um daqueles disturbios cerebrais malucos. Ele 'desligava'.

Tava em casa vendo TV, levantava pra ir na cozinha...

Caia no chão e adormecia.

Diagnosticado num primeiro momento como doença do sono, descobriu-se mais tarde que a doença do sono não era doença do sono porra nenhuma. Era uma descarga elétrica intensa dos neurônios, que 'derrubava a chave-geral' do senhor Izzi, cancelando suas funções motoras e colocando-o, após alguns segundos, em descanso. Ou seja, ele só dormia depois.

A descarga elétrica concedia um momento de grande lucidez e criatividade ao senhor Izzi, e segundo o próprio, sempre ouvia a mesma canção de uma de suas bandas favoritas, enquanto uma história completa e diferente atravessava sua mente.

O senhor Izzi tinha esses desligamentos sem nenhuma motivação externa aparente e sem periodicidade, embora fosse difícil passar um mês sem ter pelo menos um deles.

O senhor Izzi começou a tomar ações preventivas, pois do mesmo modo que os catalépticos de Edgar A. Poe, os ataques sempre se deram de modo repent


Whisper - Morphine

segunda-feira, abril 24, 2006

De pai pra filho...

"... porra, Pai! Você não me entende mesmo! As coisas são dificeis pra mim, tá? BEM dificeis. A adolescência é uma fase de mudança e de achamento. E eu tô completamente perdido dentro de mim com essa mudança. Por que você não me dá um tempo? Acha que não ter certeza, estar com tudo indefinido me faz bem? Acha?"

"Pois bem: não faz! Tá?! Não faz nada bem. Essas faltas de certezas estão me matando! E matando rápido."

O Pai continua olhando nas lágrimas do Filho. Se aproxima.

"Olha Filho, pois o que tem me matado lentamente é cada um das certezas que se acumulam dia após dia, que não terei mais mudança nenhuma pra mim. Aproveite sua sorte."

O Pai dá um abraço no Filho, e vai para o banheiro, liga a torneira da pia e empresta lágrimas a face pesarosa e tristonha.


Sapato novo - Los Hermanos

quarta-feira, abril 19, 2006

Pequenas fatias da vida - 2º Ordem ou sobre Bondades Espontâneas

- brigado por ter judado tanto a gente, seu Nicolai. se incomodá tanto...
- não tem que me agradecê pur nada. fiz tudo pelo mais puro egoísmo. olhá cês dois junto me faiz um bem danado, me dá uma alegria que coça. me lembra das coisa boa. tudo que fiz, fiz por causa de mim memo. só usei a felicidade de doceis pra chegá na minha...



Baby - Mutantes

terça-feira, abril 18, 2006

Passa, Tempo!

Veja que coisa divertosa. Só mantenha o controle pra que teu chefe não te ponha essas bolas...
Bem, você sabe...[>>>]


El presidente - Drugstore & Thom Yorke

segunda-feira, abril 17, 2006

Homem-Clipping

Quem não acredita em super-heróis? Não deveriam. Eles mentem...
[>>>]

PelamordeDeus, entrem no link acima...


Superman - Stereophonics

quinta-feira, abril 13, 2006

Pequenas fatias da vida - 1º Ordem ou sobre as Epifânias

Andava na rua. Andava até perder as referências, a consciência e a certeza de que ia àlgum lugar.

Era uma manhã envergonhada, destas que cobrem o dorso com o endredoneblina. Era um sol presumido, como uma lanterna acesa sob as cobertas. As calçadas, ainda úmidas pelos desejos da noite.

Andava, alheio.

E no exato momento que um carro sedan furou o sinal, que um Diogo resolveu matar a aula de matemática, que um Dj resolveu tocar samba, que uma colher atingiu o fundo de um copo, que uma Marilena sentiu o cheiro de plástico queimado no chuveiro, que um Joaquim conseguiu seu primeiro passo, que uma velha mendiga abria o jornal roubado, nesse exato momento, tomava consciência:

Andava fazia meses pelo mesmo caminho e nunca percebera o cartaz mal-pintado na parede.

|SEJA BEM-VINDO!|


O casamento dos pequenos burgueses - Chico Buarque & Alcione

quarta-feira, abril 12, 2006

Habitação, Segurança e Emprego - uma tragicomédia suburbana

Mateus tinha uma puta casa, um belo emprego e um puta segurança.

No terreno ao lado, Lucas. Ele morava num casebre de merda, estava desempregado e tinha a média pessoal de 1 assalto por semana.

Mesmo com seu puta segurança (Pedrão Espada), uma apólice de seguros que cobria absolutamente tudo (menos batidas intencionais de algum de seus carros), Mateus não tinha nenhuma segurança.

Lucas, por outro lado, como morava numa casa invadida de merda, não arranjava emprego, nem tinha nada pra ser roubado, possuia alguma segurança.

Certo dia, fugindo de um cobrador, Lucas pulou o muro da puta casa de Mateus, trepou no balcão vitoriano e invadiu o quarto. Como não tinha ninguém na puta casa, Lucas aproveitou pra tomar um banho, vestir uma daquelas roupas bacanas e deitar naquela cama maior que seu casebre de merda.

Já Mateus, arriscou sair mesmo sendo o dia de folga de Pedrão Espada. Acabou vítima de sequestro relâmpago. Quando os meliantes sacaram a identidade de Mateus, puderam ler "Muita grana" escrito nela. transformaram o relâmpago em uma fraca luz contínua de cativeiro de um casebre de merda abandonado. Não havendo necessidade de se fazer revelações posteriores, sim, era a casa de Lucas.

Lucas acordou no outro dia, assustado, com uma bela mocinha trazendo-lhe o café da manhã. Depois vieram lhe dar banho, recebeu seu personal friend e personal trainner, sairam pra passear com ele, levaram-no até um escritório, uma secretária ruiva siliconada fez sexo com ele e o levaram novamente para casa. Durante todo o dia, o trataram bem e não o olharam nos olhos. Todos baixavam a cabeça pra falar com ele.

Mateus passou um dia de cão sarnento. Apanhou, não comeu, ameaçaram de cometer sexo com ele, deixaram que se borrasse e molhasse, vomitou, chorou. Passou o dia todo imaginando como fugir dali e quão longe de sua puta casa estaria. Dois dias depois, empreendeu a fuga. Desamarrou um nó porco, pulou a janela e embrenhou-se pelo fundo do lote. Viu um muro muito alto e reconheceu sua puta casa. salvo! Correu, saltou, encontrou a puta casa fechada e sem funcionários. Tentou subir para seu quarto pelo balcão vitoriano. Mas havia grades na janela.

Quando Lucas voltava de sua nova rotina viu um maltrapilho tentando entrar em seu quarto. Mandou Pedrão Espada derrubá-lo e dar-lhe uma lição. O cara-de-pau tinha a pachorra de gritar que era o dono da casa.

Espancado, humilhado e não-identificado, Mateus sentiu que perdera tudo. Só ganhara uma certa segurança de não ter mais nada a perder.

Lucas, que mandou pôr grade em todas as janelas e retratos seus com o nome Mateus por todas as partes da puta casa, concedia folgas frequentes pros funcionários e já até comia a camareira. Só tinha uma insegurança: que sua farsa fosse descoberta pelo Fantástico.



Pale blue eyes - Velvet Underground

sexta-feira, abril 07, 2006

Saúde

A tia espirrou. A vó reclamou da dor nos ossos. A mosca pôs ovos na goiaba cortada ao meio.

Seu pai escarrou. Sua irmã tomou a pílula pra emagrecer. O primo (o outro) enfiou um carrinho dele embaixo da camisa pra levar embora.

O gato amarelo lambeu as feridas. O vô perdeu o equilíbrio ao levantar. A mãe chorou ao lavar a louça. O cachorro mordeu suas próprias costas quando ela coçou.

O louco babão passou babando. O bêbado tentou catar a baba do louco babão. Os mosquitos traziam a noite em seus zzzzzzzzuuummmbidos. O primo contou como quebrara as pernas.

Chegou o primo médico, fumando. Ele sempre chamava a atenção de todos.

Contou uma história de hospital: sangue, cirurgia de emergência, falta de ar, vítima paraplegicizada. Todos, compadecentes, fizeram ai, ai!

A vó e a tia (outra), uma rouca a outra afônica, atestaram em coro: mas o importante é que e gente tem saúde, né?

COFF, COFF!


Public pervert - Interpol

quinta-feira, abril 06, 2006

Educação

Edu era um menininho inquieto, questionador, mafaldesco.

Sua professora de matemática, a Tia Cremilda, ensinava as crianças da não-falo-qual classe sobre a reta numérica.

Tia Cremilda encerrou e perguntou alguma dúvida?

Edu ergueu o braço secular inquisidor e varou: não entedi qualé do 0 (zero)?

O quê você não entendeu?, falou-se rindo a velha normalista.

Pra que serve essa porra? (o narrador já citou que Edu é pouco polido? Ele é tipo, fosco...) É óbvio que divisão por zero dá inexistente. Essa merda não existe. Como resultaria em algo que existe, caralho?

Mediante tais argumentos sólidos que desmancham no ar, Tia Cremilda riu. Isso se chama lógica, Edu.

Lógica é o caralho! Como é lógico criar uma disciplina inteira que guia o mundo baseado em uns árabes chapados de narguilê com bosta de camelo?

A turma toda riu e apontou o dedo para Edu.

Porra! Pensa! Como podem existir números infinitos? Como pode ter uma merda de infinito entre 1 e 2? Tem 2 infinitos entre a merda do 1 e do 3? Que bobagem é essa de menos infinito? Caralho vocês não percebem a cuzisse que é deixar esse cu de mundo sob controle de algo que não existe e de algo que finge que existe? A viadagem do 1 e 0 (zero). Binário é meu pau no teu cu!

Ninguém nunca soube na verdade porque Edu foi expulso da escola. Alegaram a quantidade de palvrões. Dizem as fontes que ele ainda teria gritado antes de ser expulso: vão calar o cu de vocês com a merda que eu cago, censores da porra!



Revolution in the summertime - Cosmic Rough Riders

quarta-feira, abril 05, 2006

Hotel Prozac

Atualizado semanalmente, a novela indie Hotel Prozac.

Ainda está no começo da história, apresentando personagens. Hoje vai (foi) ao ar o terceiro deles.

|HOTEL PROZAC|


Time of the seasion - The Zombies

terça-feira, abril 04, 2006

I'm late for a very important date...

Em Curitiba a páscoa rola no dia 16 de Abril, mas os coelhos só passam por aqui depois, a la Carroll, atrasados.

Echo & The Bunnymen, no dia 28 de Abril. É.

Aproveito pra explicar a razão do atraso do show da turma de Liverpool: a culpa é minha.

Meus amigos de tantas noites, Ian e Will, não fariam esse desaforo de tocar no Brasil em uma data em que eu não tivesse dinheiro pra assistir a apresentação.

É apenas isso...

Eles são legais, né?



Going Up - Echo & The Bunnymen

segunda-feira, abril 03, 2006

Uma história ridícula com final surpreendente, porém imbecil

Sabem um cara tão cheio de si que expulsou até o rei da barriga? Um cara tão destemerado que passa pelo meio de assalto? Com tanta coragem que finge estar possuído pra ver qualé da sessão de descarrego?

Esse cara era Altair. Os amigos acresceram-lhe um epíteto, um complemento, um puxadinho ao nome: Altair, o Destemido.

Altair chegava nos boteco barra-pesado e dizia: que clima leve. se alguém tiver problema venha. mas se lembrem que eu nunca faço merda!

Certa vez, Altair enfrentou 9 caras armados. Aliás, enfrentou não: olhou feio para os 9, abriu um especial do Demolidor e disse:ataquem quando quiserem... Mas aproveitem enquanto eu termino de ler, por que depois...bem, vocês sabem, eu nunca faço merda.

Os 9 foram embora. 2 deles chorando.

Altair, em outra oportunidade, pegou um leão faminto pelo cangote e ficou brincando com o bicho até a chegado dos bombeiros.

Ao ser congratulado pelos heróis do fogo, Altair sorriu de leve, e mandou: Comigo é assim: sai tudo certo. Cês sabem, eu não faço merda.

Mas todo o destemor de Altair terminou no dia que teve um ataque de gases.

ex-PLO-diU!

É. Quem tem cu, tem medo.


Who needs you - Queen

sexta-feira, março 31, 2006

Lielson

Escreveu tantas histórias de si, que não pode achar graça em nenhuma. Todas as histórias foram "de si".

Só pode, ao final de tudo, escrever:

Desculpem, nada pude escrever. Essas histórias encharcadas ainda estão por nascer. Espero...



Catching the butterfly - The Verve

quinta-feira, março 30, 2006

Nelson

Nelson não tem dúvidas que o jogo será difícil. A final do torneio da cabeceira do rio Concórdia. O Esporte Clube Piratini está em campo aquecendo.

Nelson, impaciente.

"Melhor esperar meia hora, do que chegar dois minutos atrasados, mas não pro nascimento de um filho!" Mediante sua ansiedade, revia seus conceitos. Lourdes entrara em trabalho de parto pouco antes do almoço.

Nelson, ansioso.

Começa a chover antes do apito inicial. Norberto, chega para seus dois irmãos mais novos e diz:
- Nelson! Anildo! Dio madonna! calma! vocês são bons e fizeram um campeonataço até aqui. o que pode dar errado?

Nelson não sabe. Mas não gostava quando chovia.

Ele sempre ficava nervoso quando chovia. Como naquele jogo do torneio do rio Chapecó. Ou era do rio Concórdia? "Um filho! O que isso mudará na nossa vida? Uma vida de dois extendida a três."

Dio cramento!

1 X 0, pra eles. Quase final do primeiro tempo. Nelson, trajando a jaqueta de número 8, recebe a pelota, gira e escapa do desarme, prepara e lança pra Anildo (11), pela direita. Anildo recebe, domina no peito, ajeita com a coxa e arremata certeiro no canto esquerdo baixo do porta-metas adversário. 1 X 1!

Nelson, feliz.

16h. O médico já avisara Nelson que tudo agora seria questão de poucos momentos. "Acho que essa chuva é, no fim das contas, alguma coisa boa." Ao olhar pras gotas conhecendo o chão, Nelson não sabia, mas experimentava uma epifania.

A ansiedade prossegue.

Já é segundo tempo. Nelson não gosta de chuva. Campo liso é mais difícil. O pior é aquele bigodudo que não cala a boca:
- manda embora esse 8. é um pereba! um perna-de-pau!

Nelson, nervoso.

"Vêm filho, vêm. Não demora tanto. Promete que não vai chegar aprontando. Teu pai só quer te conhecer. Vêm."

"O Bigodão não cala a boca. Parece não saber falar outra coisa. Opa. Vou mostrar pra ele. Um veio, sai. Cadê o Anildo pra eu tocar. Sai daqui, limpei esse. Cadê alguém pra receber? Têm dois na frente e outro vindo por trás. Pelo meio. Cadê alguém? Vou chutar. O goleiro saiu."

Nelson, em dúvida.

"Será que tá tudo bem? Que demora, meu Deus. Será que deu algo errado com a criança? Com a Lourdes? Por Deus, não, Deus não permita que..."
- senhor Nelson? Nelson se virou tão rápido quanto pode.

Tira o goleiro do lance e chuta forte. GOL! Nelson corre pela chuva e com a testa franzida, chega até o Bigode, e põe o indicador em riste sobre os lábios, até ser submerso pelos companheiros do Piratini. Aquele era o maior golaço que Nelson já havia feito ou faria. Driblou 5 jogadores e virou o jogo. Motivado pela raiva.

Nelson, sorridente.

Seu filho nascera 16h30, de cesariana, porém sem complicações para mãe, criança ou pai. Era a maior conquista da sua vida. Sua melhor jogada. Não só sua, também de Lourdes. Motivados pelo amor de um pelo outro.

Satisfeito, Nelson se deixa chover.


O vencedor - Los Hermanos

quarta-feira, março 29, 2006

Tranquilo

Tranquilo estava apaixonado. Era capaz de apostar cada um do seus tostões duramente economizados que Catarina correspondia a seus desejos, olhares e esperanças.

Pensando bem, não apostaria não. Tinha a mais absoluta certeza, mas pra quê arriscar perder o pouco que se tem?

Ai! A miséria, ai a carestia! Tranquilo queria presentear Catarina com algum mimo, para que as evidências transparecessem como os fatos irremediáveis que eram. Mas tudo tão caro!

Flores? Muito caras e convencionais. Doces? Também caros. Roupas? Essas sim, custam os olhos da cara!

As necessidades econômicas de Tranquilo, mal sabia ele, já eram adaptadas à época da distribuição gratuita de música e programas. O que fazer pra suprir as necessidades e não ir à falência?

Tranquilo sabia. Na tarde de domingo, foi até a casa de Catarina, logo pela manhã.

O orvalho ainda deslizava pelas folhas e as poças d'água de dias anteriores de chuva não haviam se retirado, enquanto Tranquilo sentia seus pés umedecerem. Sua testa e torso, começavam a pingar.

Ao longe fez sinal para que Catarina, que estava no seu quarto, fosse até ele. Entre ansiosa e assustada, a bela jovem saiu pela porta e aproximou-se.

Tranquilo entregou-lhe uma caixa verde. Sorrindo, ela a abriu: nada.

Olhou para Tranquilo, que sorria, senentendida.

- Aí dentro está meu amor, minha admiração por você e a vontade de fazê-la minha esposa.
- Mas não tem nada aqui!
- É, não tem. Não coube, nem há caixa no mundo em que caiba!

Exatos vinte anos depois, o pequeno Nelson, recebe pelo correio uma caixa verde e leve, remetida por Tranquilo. Entrega-a para Catarina.

- Mãe, foi o pai que mandou! Mas não tem nada aí dentro...

Sorriso e lágrimas, Catarina ensina a Nelson:
- É que não coube aqui dentro, filho.



After all - Cat Power

terça-feira, março 28, 2006

Massimiano e Giovanni

Massimiano e Giovanni competiam entre si. Não havia, por parte deles, atitudes isentas da disputa.

Massimiano vencia no futebol, quatrilho e com a horta. Giovanni, na corrida, bocha e no galinheiro.

Massimiano roubava as botas de Giovanni. Giovanni, escondia espinhos na almofada da cadeira de Massimiano. Este devolvia atirando tomates no peito daquele; o troco vinha em forma de baldes d'água em cima das portas.

A competição só se igualava no rio: ambos pescavam exatamente a mesma quantidade de peixes, nadavam com a mesma velocidade, prendiam a respiração durante o mesmo tempo e faziam uma pedra dar 13 pulos n'água.

Casaram e tiveram famílias igualmente numerosas, pouco dinheiro e bastante satisfação. Dizia-se que não morreriam jamais, em disputa para saber quem viveria mais tempo.

Um dia, Giovanni e Massimiano foram nadar e voltaram machucados, assustados e quietos. Suas esposas estranharam e se preocuparam. Depois desse dia não houve mais disputas entre eles. O marco da aliança foi batizar o filho de Giovanni de Tranquilo.

Giovanni e Massimiano, competiam para saber quem seria o primeiro a quebrar o pacto e entrar em disputa com o outro.



L'excessive - Carla Bruni

segunda-feira, março 27, 2006

Domenico

Sentado no porto sobre um rolo de corda, Domenico vigia seus filhos dormirem.

Pouco se passou desde o desastre de ontem. Os dois, já adultos, lembram crianças dormindo juntas no mesmo quarto.

5 dias. O que separa Domenico de Margherita são 5 dias para um lado e a eternidade para o outro.

As águas que o emergiram à família, agora lhe afogam Margherita. Dizem que deu sorte: está vivo.

Domenico não vê muita sorte. Só muito trabalho e dor. Para ele e para i ragazzi.

Os rapazes terão que ajudar: a achar o seu lote, a plantar, a aprender questo maledeto portuguese, a semear.

Semear faz nascer. A força que está na vida. Mas hoje, 5 dias só, Domenico está fraco.

Chora.

Giovanni e Massimiano, acordam. Choram abraçados, os três. As lágrimas são as primeiras sementes que deitam à terra.



Llam cuando quieras - Rubin

sexta-feira, março 24, 2006

Pra começo de história...

Um cesto igualzinho àquele trazia um bebê também homem. As águas que não eram egípcias e sim, italianas.

Nada de profetas, líderes libertadores ou escritores da Bíblia. Uma singela criança arriva na margem, quase aos pés do casal.

Atravessar as montanhas fora realmente uma idéia de Deus. A prova era a recompensa que tinham aos seus pés.

Uma gritante e frágil criatura, desamparada e necessitando de cuidados. Qual deveria ser seu nome?

Talvez uma homenagem ao tio-avô pintor, também um agraciado pelas mãos do Senhor.

Retirado do cesto sobre a plano existir das águas, o pequeno ser que era pó e um dia retornaria ao pó, foi parcialmente imerso e recebeu um punhado dessa água, levemente aplicado, sobre a testa.

O pequeno Domenico entrava para a existência do mundo.



Great jones street - Luna

quinta-feira, março 23, 2006

Sabe, tem coisa que a gente não cansa de fazer

Nunca fiquei cansado de me divertir, por exemplo.

Ou de ouvir Radiohead. Ou de descobrir coisas sobre literatura. Ou de sair com a Van.

E, é claro, comentar sobre a ABL. Enquanto o Jerôoooooni-mo Teixeira (óbvio, da veja) tenta reclamar/ difamar e descreditar a nova geração de escritores, eu prefiro atacar os velhinhos (sim, minha maldade é ilimitada e gratuita).

Quem nunca sonhou em tomar um chá imortal de morangos eternos com o imortal Marco Maciel? É claro, jamais esqueçamos as bolachinhas (nhã - nham).

Pois hoje a tarde votar-se-á a bunda de número 28.

O imortal que morreu e liberou espaço foi um jurista com inúmeros livros legais chatíssimos publicados.

As bundas...bundos...bundões...caras? que disputam a dança da cadeira imortal são:
  1. Célio Borja: Advogado publicou livros de direito a torto e. O resultado por livros seus no site da Livraria cultura deu em 0, assim como na Submarino;
  2. Domício Proença Filho: esse cara é mais quente: crítico literário e romancista, é possível encontrar coisas dele para venda, como o originalíssimo recontar de Dom Casmurro, pela voz de Capitu;
  3. Oliveiros Litrento: esse é outro advogado-escritor. Alguém nos moldes do XIX, quando todos os escritores eram advogados. O que encontrei de suas obras dizem respeito a poesia e livros de direito.


allea jacta est.

Que vença o melhor entendedor de chá.


Driftwood - Travis

quarta-feira, março 22, 2006

Olá, Doutor, estou com uma inflamação esquisita...

- Olá, Doutor, estou com uma inflamação esquisita, logo aqui no 'lado'.

- Doutor, o senhor sabia que no Brasil existem 154 faculdades de medicina? Sabia que estamos na frente da China com 150, Estados Unidos 120 e Índia com 130?

- (...)
Sim, temos menos habitantes que todos esses países.Imagino que se o atendimento aqui já é... é...bem, do jeito que é, imagina lá, né?

- (..:)
- O senhor acha é? então qual é o problema?

- (!!!)
- Entendo... mas e o meu inchaço no saco?

- (.;.)
- Como assim cortar fora? Como saco vazio não pára de pé, daí não incha o saco?

- (.¨.)
- Se eu quiser operar pelo INANPS, tenho que esperar 4 meses? como eu vou aguentar ficar de saco cheio por tanto tempo?

- (<[]>)
- Aguentar por que sou brasileiro e não posso desistir nunca? AH! Não torra meu saco.

- (-.-)
- Sim, funcionou, sim. Estorriquou e ele ficou pequerrucho de novo. Obrigado, Doutor.

- (8o.)


Why does it hurts when I pee? - Frank Zappa

terça-feira, março 21, 2006

CLASSIFICADOS


  • Rapaz que precisa de atenção, 22 anos e empregado, troca suicídio por cafuné e suco de laranja sem açucar. Respostas para caixa 111.



  • Bebê de colo vende sorrisos e sono (para estudantes e classe artística 50% de acréscimo, basta apresentar carteirinha). Interessados tratar com___________ (ainda não foi batizado).



  • Moça linda de morrer espera pelo homem da sua vida. Se você gosta de mulheres lindas, compreensivas, que não falem palavrão (tá, só um e outro), usem tiara e forneçam carona, encontre Penélope as 21h. Basta pôr uma camiseta de listras azuis com crisálidas na lapela e descobrir o lugar do encontro.



  • Vendo perguntas para as mais diversas respostas. Acompanha enciclopédia Larousse. Preço de ocasião. Pedidos pela caixa 81264896149834689.



  • Troco guitarra velha, mofada e podre por uma que esteja nova, em perfeitas condições e preste. Prometo não tocar Gun's Roses. Caixa 3.



  • Compro revista Sandman (editora Globo ou Metal Pesado), números 4,5 e 6. Interessados mandar propostas para caixa de comentários.


E-pro - Beck

segunda-feira, março 20, 2006

Espere pelo DVD

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O trailler acima é de um filme que certamente não será distribuido nos cinemas por aqui.

É a singela história de uma pequenina cidade que resolve fazer um filme pornô. A CIDADE INTEIRA.

A pérola se chama The Moguls e é dos mesmos produtores de Amnésia, Quero Ser John Malkovich e Donnie Darko

Pra mim, no mínimo promissor.



Mamãe ama meu revólver - Pato Fu

sexta-feira, março 17, 2006

Bebei e dai de beber aos que tem sede...

"...quer dizer que não tem nad'aí pra beber?"

"- pois é, fiio. Graças a Deus, onti chegô qui um povaréu aí e bebeu tudo: cerveja, pinga, vódega, biter, refrigerente, gasosa, tudo."

"- a senhora vendeu bem, então?"

"- graças a Deus, fiio. Eles Beberam tud'aí, ficaro tudo bebido, mi pagaro no dinhero. Graças a Deus!"



The narrow way 1 - Pink Floyd

quinta-feira, março 16, 2006

Lista escolar

Pai, pra que serve a borracha?

Pra apagar...

Por que qu'eu vou querer apagar?

Porque você errou...

Como vou saber que eu errei?

Quando a tia falar que você tá errado

Pai, você não disse que não é pra eu acreditar em tudo que me falam?

É, eu falei. Mas na tia da escola, no pai e na mãe você deve acreditar...

Por quê?

Porque nós não vamos mentir pra você.

Pai, como posso ter certeza?

Porque nós te amamos e nunca faríamos isso com você. Você vai ter que confiar.

Pai, posso comprar uma borracha maior?

Essa aí, tá boa, filho. Pra quê você quer uma maior?

Porque eu posso apagar vocês errados e fazer certo de novo...



Miss you- Etta James

quarta-feira, março 15, 2006

Lição de casa

Leiam meu texto jacu no Tinidos:

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Eu sei que já sairam textos melhores, mas também posso sonhar em tomar chá e comer bolachas de polvilho com o Sarney.

O primeiro passo é não escrever bem e nunca publicar nada. Continuo fazendo os dois.



Jumping Jack Flash - Aretha Franklin