Um conto de Ruben
Tenho feito de minha vida uma privada (lembro do PRAVDA soviético). Até acordo ao lado dela.
Afinal, é natural que acorde ao lado do que durmo (se bem que ele sempre vai embora).
Tenho bebido tanto, que nem lembro de beber. As deduções partem do mau cheiro e das poças a minha volta. E da privada em meus braços.
Ele bebe muito (chamo ele de Russo). Bebe mais que eu. Nunca vi ele desabar.
Eu sempre termino no sofá, imagem simples da derrota.
O outro dia me convence que bebi demais: a privada suja a minha frente, o gosto azedo em minha boca, a cabeça latejando, os olhos apertados.
Olho o quanto que deixei de mim na privada. Sorrio e aceno para o que está no vaso.
Dei àquela parte de mim a chance que sempre precisei, e nunca ganhei: desaparecer.
Dou o último adeus, sinto a cabeça doer e puxo a descarga.
Love will tears us apart - Nouvelle Vague
Hello world!
Há 6 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário