quinta-feira, abril 05, 2012

Tenho levado uma vida dupla # 2

tenho levado uma vida dupla.

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e não é essa esquizofrenia light que todos os urbanos têm em suas autoestradas.

uma vida acontece ao lado da outra, sobre a outra, dentro, através.

são duas e simultâneas, compartilham o chão.

(vi que pensava em metades quando anotei sobre a existência dupla antes, mas não, estava errado, são dois inteiros no espaço de um e é isso que faz com que eu não me caiba, com que eu não me sirva.)

estou empaturrado de um eu que é outro.

embora seja também o mesmo.

(sinto pouca terra embaixo do meu pé para que a divida com outro.)

assim, meu problema muda: como me livrar de um de mim, se os dois estão juntos, se os dois só se diferem no que mais importa: eu.

onde está meu solo?

 

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terça-feira, abril 03, 2012

Tenho levado uma vida dupla # 1

tenho levado uma vida dupla.

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apesar da frase um pouco cansada pelo uso impensado, saiba que poetei essas palavras como o mais Cabral dos joões .

o ‘tenho’ é uma posse, é algo que me pertence, a vida. O ‘levado’ é porque sou simples forma a pipocar inconstante e sem rumo. O ‘uma’ é porque a ‘vida’, mesmo única, é ‘dupla’, criado um interessante paradoxo textual.

quero dizer concreticamente que fui impulsionado a essa duplicidade vital, que é a minha. Não pude agir, só reagir. E em dobro.

portanto, tenho levado uma vida dupla, mas não gosto disso.

quero me largar da vida dupla, mas só há uma saída. ou melhor tem de haver uma só saída e não mais duas: o autoassassinato de minha meia-vida.

ou quem sabe tomada de posse desse território. mas como me matar e me manter vivo?

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