tenho levado uma vida dupla.
apesar da frase um pouco cansada pelo uso impensado, saiba que poetei essas palavras como o mais Cabral dos joões .
o ‘tenho’ é uma posse, é algo que me pertence, a vida. O ‘levado’ é porque sou simples forma a pipocar inconstante e sem rumo. O ‘uma’ é porque a ‘vida’, mesmo única, é ‘dupla’, criado um interessante paradoxo textual.
quero dizer concreticamente que fui impulsionado a essa duplicidade vital, que é a minha. Não pude agir, só reagir. E em dobro.
portanto, tenho levado uma vida dupla, mas não gosto disso.
quero me largar da vida dupla, mas só há uma saída. ou melhor tem de haver uma só saída e não mais duas: o autoassassinato de minha meia-vida.
ou quem sabe tomada de posse desse território. mas como me matar e me manter vivo?
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