segunda-feira, novembro 29, 2004

NewZ

{Acho que vou criar um romance...

{Vocês sabiam que existem o termo clínico jamais vu, que é basicamente o contrário do déjà vu? Consiste em não reconhecer algo cotidiano.

{Estou com uma inflamação+dor estranha embaixo pescoço, próximo à orelha.

{O vestibular da UFPR tinha uma questão sem alternativas corretas. Era penas a questão 1) da prova.

{Show de lançamento do disco novo da Vivi e do Bidê ou Balde no Cine. R$ 10.

{Tenho uma entrevista importante na quinta



Alguém total - Ceumar
Etapa Final da Maratona Shows

Ceumar: belíssimo show, no local adequado, com público afim. A cantora tem domínio de voz surpreendente e acompanhada da orquestra de cordas, obeteve-se como resultado algo soberbo.

Pato Fu: esperei 3 anos pra ver um show deles. Valeu a espera. Antes deles, Poléxia do gênio Rodrigo Lemos. Belíssima apresentação, que conquistou quem não os conhecia. Já o Pato Fu cometeu uma apresentação que faz você sair bem com a vida. Uma grande banda, repleta de belas canções, um público na quantidade certa, com muita vontade de vê-los. Como se não bastasse, ainda são a banda mais simpática do Brasil. O Los Hermanos não tem um show sequer próximo ao Pato Fu.

Grupo de Percussão da UFPR: muito batuque, com presença da Edith do Wandula em uma das peças apresentadas, mas o destaque vai pro jazz realizado só com percussão.



Garotos de Aluguel - Poléxia

sexta-feira, novembro 26, 2004

Desorganização

Sou uma pessoa díficil. Não acredito em guarda-chuva, em ovo maltine extra e em agenda.

O fato de não acreditar, faz com que eu não use, peça ou tenha.

Algumas coisas mudaram. Agora sou um cara que passa as camisas. Posso me permitir alguns testes.

Vou elaborar um cronograma de atividades de coisas que devem ser feitas com prazos e objetivos mínimos delimitados. E nem vou esperar o ano novo! Vou fazer isso JÁ!

Aliás, amanhã de tarde...



Antes Que Seja Tarde - Pato Fu
Primeira etapa da maratona shows

Wandula: continua sendo a banda mais foda de Curitiba. Bom demais. Lindo. Deveria haver uma emenda constitucional que obrigasse o wandula só tocar em teatros. Essa mesma emenda deveria garantir que todo brasileiro pudesse ver um show do wandula ao menos uma vez por ano.

Mundo Livre S/A: avaliação prejudicada por diversos fatores. Foi depois do Wandula. Não sou um grande fã da banda - na verdade algumas músicas (aquela do bolo de ameixa, por exemplo) me irritam. Foi no Era Só o Que Faltava. Tinha 500 pessoas. Salvou-se a banda que se garante muito bem ao vivo.

Segunda os resultados do sábado.



Love Tears - Wandula

quinta-feira, novembro 25, 2004

Reclame

Vi um cartaz hoje enquanto andava pela rua. Era colorido e tinha foto de manifestantes com bandeiras vermelhas. Conclamava todos à passeata. Estava escrito grande 'Movimento dos Sem'.

Isso mesmo. Movimento dos Sem ponto(.). Sem o quê? Destituídos do quê? Sem terra, sem teto e sem pemprego são movimentos já bem POPs. Mas nenhum deles é tão legal quanto ao Movimento dos Sem.

Te falta alguma coisa? Então você pode fazer parte dele. Nem que seja um bom motivo pra fazer passeata.



Oi, tudo bem? - Garotos Podres
Maratona Musical

Wandula no Guairinha hoje. Wandula - na minha modestissima opinião - é algo entre genial e espetacular. Após a melhor banda experimental do Brasil, meu primeiro encontro ao vivo com Mundo Livre S/A, no Era Só(...)

Sábado rola no Paiol a cantora Ceumar, que eu quero ver qualé. E Depois no Curitiba Center Art a banda brasileira que queria ver há mais de 2 anos: Pato Fu.



Run Run Run - Velvet Underground

quarta-feira, novembro 24, 2004

Mais notas do Mundo

Mudei de quarto. Mudei de vida. Tenho um prazer especial em poder esticar os braços pela manhã. Em abrir a cortina e ver luz solar adentrar o recinto de meu pouso. De não sentir cheiro de esgoto. Das aranhas desse cômodo serem seres mais discretos. não vi uma única até o momento.

Me habituei a dormir tarde e acordar num horário razoável, convivendo com 6 ou 7 horas de sono. Acordo, puxo a cortina, sinto o calor do externo e me espriguiço com capricho. Quando volto os braços, percebo algo nas costas da minha mão.

Algo marcado a tinta de esferográfica azul, como um lembrete pra mim mesmo. Mas eu não havia escrito aquilo. Dizia:

Lielson, pra que tudo isso?

Levanto da cama, calço os chinelos, vou até banheiro, lavo a mão até a inscrição desaparecer.



People are strange - Echo and The Bunnymen


Eu que sempre reclamo da falta de tempo, me angustio hoje com seu excesso. T - 7h. E contando...


Sobre o Tempo - Pato Fu

terça-feira, novembro 23, 2004

O silêncio das vozes do Mundo

Um grande amigo meu (Fester) veio de Beltrão pra cá pra fazer vestibular. Chegou no domingo pós meia-noite.

No transcorrer de uma conversa sobre Korn na cozinha ele fala: ah, cara um piazinho me entregou um papel e pediu pra eu entregar pra você.

Ele saca do bolso a passagem, moedas de 1 centavo, rabicó azul e finalmente o referido papel. Me entrega. Leio.

Nada

Um papel em branco. Não tem nada escrito nele.... Pega o papel da minha mão. Engraçado...tinha teu nome, e uma pergunta, tipo, sei lá, pra onde vai isso, o que é tudo isso, algossim...

Dobro o papel, jogo no lixo. Continuamos a falar sobre como o The Clash salvou o Rock do Punk.



Mamãe Ama Meu Revólver - Pato Fu
Mudança de paradigma

Desde que tive que me afastar da casa materna, assumi uma nova posição no mundo: pessoas-que-não-passam-roupa. Aliando o fato aos meus cabelos desgrenhados desde sempre, temos alguém que se importa pouco com sua imagem "limpa"

A idéia é: a imagem limpa corresponde ao que as pessoas acham que você deveria aparentar utilizando como base de cálculo a imagem ponderada média. A imagem in facto corresponde ao que você realmente aparenta.

Quanto aos cabelos mal-arrumados pouco posso, mas pela intimada dela [>>>] vou tentar aderir ao mundo das roupas passadas.

Quanto tempo meu ideal persistirá?



Changes - David Bowie

segunda-feira, novembro 22, 2004

Elevando o padrão de vida

Tive que abandoná-la. Eu tentei. Foram meses insistindo no erro. Poucos momentos de boas recordações diante de horas (que pareciam séculos) de desentendimentos. Era fria comigo. Criava aranhas, por Deus! Como viver com aranhas?

Nos últimos tempos dormia afastado dela. Não podia confiar. Tinha medo. Me repugnava. Estragou inúmeros discos meus. Tentou acabar com meus livros e quadrinhos. Se tornara impossível viver ali.

Quando surgiu a oportunidade, agi. Não, convicto, não me arrependo. Fui-me embora para o quarto de cima.

Abandonei minha morada antiga, meu porão escuro, úmido e espaçoso. Não vou mais bater a mão no teto ao me espreguiçar de manhã. Pancadas na viga? Cheiro de esgoto? Inundações pela chuva? E acima de tudo (embora venha abaixo) sem mofo!

Adeus reino fungi. Adeus morada. Tu parecias tão promissora, mas prvou-se maldosa e cruel comigo e meus pertences. Vou subir, vou ser gauche na vida. IDH de Brukina Falso nunca mais[>>>].



Adeus Você (acústico) - Los Hermanos
Ansioso

EU?

Magine...



Possibilidade - Domenico + 2

sexta-feira, novembro 19, 2004

Estafa...

Conhecem o termo 'Estafa' não? É um 'stress'que saiu de moda, que ficou mais demodê que 'demodê'. Acho que estou com isso.

Tenho muito sono, má vontade em sentir "o sol desacortinar-se na sala da minha vida a cada manhã", uma ansiedade de foder, uma inperspectiva, olheiras e reação alérgica.

Na última vez que estive em estado semelhante, ainda era um secundarista cefetiano. Foi uma época legal. Tive até alucinações visuais. Vi pessoas que moravam numa árvore (arbor,-oris) e uma ferida na minha mão (manus,-us; 4º declinação) dançar como um senóide de osciloscópio.

Pode diminuir a perspectiva de vida, mas é gratuito. Acho que depois de algum tempo você deve até se acostumar.



Estados Alterados da Mente - Titãs

quinta-feira, novembro 18, 2004

As virtuais vozes do Mundo

Uma das primeiras coisas que faço quando chego no meu trabalho é olhar meus e-1/2s. Hoje quando abri meu e-1/2 do hotmail, me deparo com o lixo eletrônico entupido por mais de 600k.

O que é muita coisa, visto que no dia anterior tinha esvaziado por completo a lixeira. Curioso, vou ver quantas propostas de empergos e pornografia eu tinha sido isentado.

Todas as 200 mensagens são do mesmo e-1/2 (pqtil@hotmail.com). Abro uma única delas:

Lielson

Pra que tudo isso?

Arrasto a seta do mouse até o botão na barra escrito 'excluir' e confirmo.

Nenhum e-1/2 pra mim.



Turn - Travis
Nenhum homem é uma ilha

Um arquipélago provavelmente. Um arquipélago de pequeninas ilhotinhas. Uma com uma palmeira, outra com um coqueiro, outra com uma parreira, outra ainda com macieira, jabuticabeira, jaqueira, e porque não, melancieira

Em cada pequeninissima ilhotinha dessas vive um naufrago (sem direito a grandes bilheterias), sem bambus ou coragem para jangadas e riscos papilonescos. Todos esses naufragados sabem que em uma ilha distante, vive um ser numa situação semelhante. Mas não sabe como ele é, do que ele vive, se ele gosta de alface com leite ou Tarantino.

O único meio de comunicação são as garrafas de rum vazias e um inexplicável papel que surge, sempre bem acompanahdo de uma caneta bic azul. Garrafa pra lá e pra cá, descobre-se que existem muitos, mas não ninguém sabe o que fazer ou como agir.

Todos esperando um navio pra chegar a um porto, pra então, casa. Mas mesmo os que saem, mantém o resentimento de saber que há muitos mais como ele, que nunca vão sair. Se que esse homem saiu...



When Will Come Home - Galaxie 500

quarta-feira, novembro 17, 2004

As incansáveis vozes do Mundo

Esperava pra atravessar uma via expressa altamente movimentada. Tinha visto uma aula de latim e almoçado no RU. Pensava ainda em verbos depoentes quando avisto do outro lado da rua um grupo masculino de adolescentes. Observo.

Sua principal brincadeira consiste em sopaparem-se enquanto gritam nomes de clubes de futebol brasiliero. Não reconheço nenhum outro padrão.

Quando o sinal de pedestre se manifesta a meu favor, começo a atravessar. O grupo de jovens vem em minha direção. Percebo que entre os tapas e gritos, um deles recebe papel secreto nas costas.

Lembrei de um amigo meu que pensa em tatura 'me chute' em japonês nas costas. Quando passo por eles, me viro e olho. Posso ler no papel de caderno preso com duréx amassado nas costas de um polaquinho:

Lielson
pra que tu-
do isso?


Hoje o dia não vai ser fácil. É 13h30, estou sonolento e com uma tarde inteira pra viver.



Lion Sleeps Tonight - Lebo M.
Sobre mim

Acaba de integrar um abaixo-assinado - embora você não assine mais embaixo de nada - virtual. Contra a proliferação da energia nuclear no Brasil.

Atitude, obviamente do Green Peace. Se essa causa te comove, [>>>]

Eu sei que dificilmente serve pra algo, mas...



About You - Teenage Fanclub

terça-feira, novembro 16, 2004

As vozes do Mundo no feriado

Nesse feriado emendado de sexta até segunda, fui até o litoral paranaense acompanhado de mais quatro amigos. A proposta era passar alguns dias em câmera lenta e dar uma folga pras preocupações existenciais que acometiam nós todos.

Choveu à cântaros e o sol levou as mulheres bonitas pra dar um passeio em algum lugar longe de Caiobá. Mas sobraram: paisagem de praia abandonada, palavras cruzadas, Playstation 2, etc.

Numa caminhada de final de tarde pela praia vejo que um menino de uns 7 anos encontra uma garrafa guspida pelo mar. Enfia seu dedinho gargalo a dentro e retira um papel úmido. Após alguns segundos de leitura silenciosa e balbuciante, proclama em alta voz:

'LI-EL-SON_PRA_QUE-TU-DO-I_SSO?'

Sorridente olha pra seu pai e pede: "Pai, o que é um lielson?". Seu pai toma-lhe a garrafa e o papel, joga ambos num lixo, e:"Não mexa nessas coisas sujas, filho".

Molhei os pés no mar e voltei pro apartamento. Estava com fome.



Jesus, Etc - Wilco
Curitiba não tem nada pra fazer

Acabo de investir R$ 10 em uma entrada para o teatro. A peça em questão é A Vida é Cheia de Som e Fúria, uma montagem brasileira para o Alta Fidelidade, romance inglês de Nick Hornby que já foi citado por um amigo meu como síntese do homem moderno.

A peça terá quatro apresentações de 18 à 21 de novembro no Guairinha.

Rola na sexta dia 19 uma apresentação no Curitiba Center Art, com 3 bacanissímas bandas alternativas: Poléxia, Ludov e Gram. Meia por 10zinho. Na quinta anterior ao tríplice show acontece Nada Surf 2 vezes: na fnac (grátis) e no Era Só o Que Faltava (30ão)

Como novembro é o mês da NAITE, ainda tem dia 25 Wandula no Guairinha (obrigatório) por 6zinho e Pato Fu no último sábado do mês (com abertura da Poléxia), por R$ não-sei-quanto.

E ainda tem Almodóvar e Capitão Sky no cinema. Não vai ter jeito...



Love Burns - Black Rebel Motorcycle Club

sexta-feira, novembro 12, 2004

LIELSON PRA QUE TUDO ISSO?


Legendas do Mundo

Cheguei cansado ontem a noite. Ninguém em casa. Largo a mochila no meu porão e subo até a sala. Acendo a luz. Ligo a TV: Jornal noturno. Não encontro o controle. Me derramo no sofá.

Alguma coisa aciona a função closed caption. O jornal passa a ser também legandado em português, numa espécie de super-redundância. No entremeio de alguns fatos e especulações sobre a morte de Arafat, leio nas legendas:

Lielson pra que tudo isso?

Sinto um algo incômodo no lado da barriga. Passo a mão e descubro um controle remoto. Desligo a função de legendas e mudo pra MTV. Sorte. Coffe & Tv do Blur.



Golden Slumbers - The Beatles
Ingenuidade

Eu não sei se gostaria de ser um gênio. É óbvio que tem vantagens. Numa sociedade de espetáculo e entretenimento-moeda como a que vivemos, pode-se obter recursos apenas com a imagem de gênio.

Existem muitas áreas para geniar: literatura, pintura, esportes, ciência, cinema, etc. Na verdade é gênio todo aquele que tem a "magia". Que consegue criar algo do nada. Que realiza o desejo incosciente de seu interlocutor.

Até parece legal ser um gênio. Mas viver em uma lâmpada e só sair sob esfregões deve ser uma bosta.



Radio America - The Libertines

quinta-feira, novembro 11, 2004

O Mundo e seus recados

Quem me conhece sabe que eu sou um leitor voraz. Dificilmente saio de casa desacompanhado de uma leitura. Por ser um entusiasta da leitura, sou por consequência um frequentador assíduo da Biblioteca Pública do Paraná.

Estive lá recentemente para devolver o livro O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapéu de Oliver Sacks. Aproveitando a oportunidade, resolvi buscar alguns livros no fichário da Biblioteca, para empréstimo.

Para quem não conhece o sistema bibliotecário atual, explico: os livros estão organizados com um código alfabetico-numérico que delimita seu assunto, nacionalidade e autor. Para encontrar o código que você busca, basta ir ao fichário com o nome do livro ou autor, anotar os alfarrábios e números e partir para as partilheiras à sua procura.

Fui até o fichário, procurei o autor [Ramos, Ricardo], encontrei o código [B869.35/R1756], e quando fui anotar o número em uma antiga ficha recortada que agora serve para anotar os criptogramas, me deparo com a seguinte mensagem impresa:

LIELSON, PRA QUE TUDO ISSO?

Vou até a estante no local devido, mas o livro está emprestado. Jogo a ficha fora e pego Haroun e o Mar das Histórias de Salman Rushdie, na estante das sugestões, concluo o empréstimo e vou pra casa.



The Slow Drug - PJ Harvey
Hey man, slow down

Entrei num ritmo acelerado nas últimas semanas. Tempo livre = leituras obrigatórias pra prova do mestrado. Não parava NUNCA {Até quando dormia, ficava me mexendo e esperneando}.

Eis que as coisas passaram e eu não consigo desacelerar. Estou em dúvida se é Movimento Retilíneo Uniforme ou Uniformemente Acelerado. Talvez apenas Acelerado. Célere, pra classificar clássicamente.

Durmo pouco. Inatividade por mais de cinco minutos é considerado crime. Parece que os freios foram cortados. Não vejo nada a frente, mas sei que deve haver um obstáculo, uma barreira.

O freio de mão, não existe. Piso no pedal de freio: nada. O único meio de impedir uma colisão, é a parada forçada. O perigo de capotagem.

Vou jogar uma âncora. É o único jeito.

Mas onde?



The Tourist - Radiohead

quarta-feira, novembro 10, 2004

Os recados do mundo

Fazia uma prova na sala 1100 no 11º andar da Reitoria da UFPR. Questões complicadas que envolviam formação de Cânone, literatura de minorias, multi-facetamento de identidades culturais pós-modernas e coisas do gênero.

As carteiras nessa sala são cadeiras com uma espécie de prancheta imóvel anexa ao braço direito. Após 2 horas e 15 de prova, a considero por encerrada, junto os papéis rascunho, guardo canetas, fecho a mochila, cato as folhas de prova pra entregar à banca examinadora, quando vejo, à caneta, escrito na carteira:

lielson Pra Que
Tudo isso
????

Ponho a mochila nas costas, desço os largos degraus, entrego a prova, me despeço, saio pela porta e chamo o elevador.



Ninguém - Pato Fu
Quero ser criança



Capitão Sky e o Mundo do Amanhã. Vou ao cinema ver isso COM CERTEZA!



The Stars Of The track And Field - Belle & Sebastian

terça-feira, novembro 09, 2004

Nota de agradecimento

Viemos por meio desta informar nossa mais profunda gratidão (tão profunda quanta a merda de seus rabos) aos responsáveis pelo (não) pagamento de Lielson pelo seu mês trabalhado.

Compreenda-se é claro a dificuldade de pagarem R$ 300 todo mês para alguém fazer algo por eles. Mas agradecemos essa oportunidade maravilhosa.

Essa oportunidade de ter um salário miserável e atrasado que me põe diante da seguinte situação financeira: R$ 3,40.

Obrigado por me fazerem ver que esse negócio de comer todo dia, é coisa de privelegiado.

Obrigado por me fazerem sentir desprezível por ter 24 anos, estar formado e não saber o que poderei comer amanhã.

Obrigado por me permitirem não pagar meu aluguel em dia.

Obrigado por me permitirem não aproveitar o desconto para a aula de italiano.

Obrigado por me cansarem dia após dia por R$ 300 reais.

Obrigado por me fazerem perguntar oq ue faço aqui.

Obrigado por essa surpresa de cada dia que é viver sem dinheiro.

E finalmente obrigado por me deixarem furioso e deprimido.



We Suck Young Blood - Radiohead
Avisos do Mundo

Para chegar ao meu trabalho me utilizo dos sercivos da linha Cabral- Osório. O ponto final do ônibus me permite duas quadra de distância do Bonde. Pra entrada no amarelo andante, disto 1 quadra e 1/2 da minha cama ao ponto de entrada.

Hoje pela amanhã, vi o motorista fazendo uma manobra perigosa, mas mesmo assim extendi o braço e embarquei no ônibus. Ao passar o cartão no sensor libera-roletas. Após alguma demora, seu visor adverte:

Saldo VT
12 créditos


E logo em seguida, por poucos instantes:

Lielson, pra que tudo isso?




Boa Viagem!


Me sento e retomo a leitura de "Crime e Castigo". Raskholnikov encontra um amigo atropelado.



Yellow Submarine - Beatles
A violência é tão facinante

Rua Amintas de Barros. 18h20. Oitedenovembrode2004.

Tradicional poente vespertino de Curitiba. Numa das várias padarias-lanchonetes-botecos da região, um homem magralto punha-se de contracordo com um louro de boné de couro.

O desacordo assume valores vis, viris. O magralto ameaça o louro de boné de couro com uma placa da Antartica escrita à giz (bolo de chocolate R$ 1,20 a fatia). Pretendia aplacar a placadas a discussão. Despossuido de suas habilidades motoras (é, bêbado) tem seu equilíbrio turvado pela tontura. Tomba.

O louro de boné de couro sai do estabelecimento em direção ao pavimento. Empurra o magralto ao chão. Segura seus ombros, coibe reação. O magralto tenta morder e derrubar o louro de boné de couro puxando-lhe os joelhos.

Novo tranco do louro de boné de couro o põe ressupino na via pública.

O louro de boné de couro, satifeito em imbilizar; o magralto ébrio, buscava o salto. A força repressora do estado (PM, né) pôs-se em ação: a exemplo da OTAN, resolveu de maneira simples o conflito: bordoada, pancada, paulada, cassetada pros dois. Direito social.

Isso deve ter sido acompanhado por uma bela 4 dúzias de espectadores.



Spit On A Stranger - Pavement

segunda-feira, novembro 08, 2004

Saída pela esquerda...

Aproxima-se o final do ano, afastam-se as expectativas expana-se o pó, abre-se as gavetas. O NoData começa a fazer seu balanço anual.

Já? Olha filhos, tantas coisas aparecem num ano que só os tolos (ou os modernos) poderiam ignorar. Adianto que isso não implicará no fechamento do empreendimento durante os balancetes. Muito provavelmente nenhum dos relatórios será tornado público.

Com esses resultados em mãos, poderemos começar a traçar os designios para o próximo ano e fundamentalmente os planos B e C para caso de tropeços.

Será discutido em reunião a possibilidade de planos que se extendam até o H, pra evitar todas as eventualidades. Será também discutida a entrada de novos acionistas no NoData.



Sidney Bechet - Four Or Five Times
Eis que enfim...

Quase tudo volta ao normal. Já posso me preocupar em tentar ter uma vida. Talvez eu precise de mais um fim-de-semana pra pôr as coisas da graduação em dia.

Talvez caiba o luxo de ler o que eu quero.
Talvez possa ficar de madrugada pra me decepcionar com o Lado B.
Talvez eu possa ficar papeando com amigos até 1 e meia na cozinha.
Talvez eu possa ouvir os CDs que me emprestaram.
Talvez eu possa ir ao cinema.
Talvez me paguem em dia...
Hmmm. Melhor não exagerar tanto.



Hallelujah - Jeff Buckley
As palavras efêmeras do mundo

Moro no bairro juvevê em Curitiba. Quem conhece esse bairro, sabe que uma de suas características mais particulares é o fato das ruas se entrelaçarem improvavelmente e possuirem praças no meio de seu andamento.

Na rua que moro não é diferente. Basta andar algumas dezenas de passos a partir de minha casa para encontrar uma pequena praça circular cercada de ruas por todos os lados. Essa praça contém um parquinho para diversão dos pequenos e bêbados. E areia.

Hoje pela manhã, quando ia para a reitoria passei por essa praça (tão pequena e/ou inexpressiva a ponto de não possuir um nome sequer de militar) e pude ler uma mensagem na areia:

Lielson, pra que tudo isso?

Apressei o passo. Podia chover ou me atrasar.



Burnadt Jamb - Weezer

sexta-feira, novembro 05, 2004

As multiplas vozes do mundo

Andava pela XV pra chegar até meu local de trabalho. Entre gritos de "almoce aqui", "não é lanche" e panfletos de propaganda, recebi um papelzinho estranho entre aquele turbilhão de papel.

Era um papel branco com um carimbo azul desgastado:

Lielson:
pra que
tudo isso?


O dia estava muito quente. Era óbvio que iria chover.



Formato Mínimo - Skank
A queda

Bababadalgharaghtakamminarronnkonnbronntonnerronn
tuonnthunntrovarrhounawnskawntoohoohoordenenthurnuk

Esta é a onomatopéia que James Joyce reserva para um dos trovões em seu Finnegans Wake. Existe outras 9 já catalogadas [>>>].

Não apenas o trovão, essas onomatopéias representam a queda do gigante Finnegan. Creio que pode representar também a queda do médio Lielson. O bom desse exemplo é que Finnegans Wake se apoia no ciclo quadripartido de Vico (um anti-cartesiano), de corso e ricorso.

Explico: temos a era dos deuses (teocracia), a era dos heróis (minoria burguesa no poder), era dos homens (democracia ideal) e a queda (não há mais evolução depois da era dos homens) e retorno (o ciclo).

Que venha a idade dos deuses.



Untitled - Interpol
Top 5 Top5

5 vozes femininas que não cantam em português
  1. Beth Gibbons (Portishead)
  2. Tori Amos
  3. Britta Philips (Luna)
  4. Margo timmens (Cowboy Junkies)
  5. Aimee Mann
5 motivos que podem tornar um Lielson desprezível:
  • Gostar de Engenheiros do Hawaii
  • A incapacidade de relacionar pertinência e informação
  • As ações realizadas nas alcovas e as escondidas
  • O fato de nunca pentear o cabelo
  • A insubordinação, humor negro e sarcasmo
5 valores e/ou ideologias modernas que serão ridicularizadas no futuro por estudantes iniciantes:
  1. A psicologia e o freudismo
  2. A democracia do nosso século
  3. A nossa estética de fome
  4. O amor idealizado
  5. As prisões e o enjaulamento de outro ser humano
5 escritores com 'A':
  • Mário de Andrade
  • Carlos Drumond de Andrade
  • Dante Aligheri
  • Arthur Rimbaud
  • Aldous Huxley
5 cenas de violência explícita no cinema:
  1. A Outra História Americana {o personagem de Edward Norton faz o ladrão de seu carro morder o meio fio e...
  2. Irreversível {extintor?}
  3. Alta Fidelidade {Dick munido de um ar-condicionando para golpear um adversário caido}
  4. Laranja Mecânica {alex e seus drugues no assalto que aleija o escritor}
  5. Cães de Aluguel {serve o corte da orelha do policial?}



Everything In This Right Place - Radiohead

quinta-feira, novembro 04, 2004

Outros Recados do Mundo

Parte de meu trabalho consiste em cadastrar a programação de cinema da cidade de Curitiba no sítio O Bonde.

A mim as pequenas programações vêm por muitos meios: fax, e-1/2 e telefone.

Liguei para um dos cinemas para pedir sua programação:""Shopping Não-identificado, boa tarde. Boa tarde, poderia falar com o cinema, por favor? Só um instante..."

Enquanto a ligação era transferida, tocou uma daquelas músicas monofônicas. Entre os tons ascendentes e descendentes, pude ouvir: Lielson-pra-que-tudo-isso?

"Cinema não-identificado, boa tarde. Boa tarde, o senhor poderia me informar a programação pra semana que vem?"



Quem sabe - Los Hermanos
Momento 'Ai, meu saco...'

Sempre que chega perto do dia do pagamento fico apreensivo e preocupado. Eu sei que o pagamento vai atrasar, por uma incompetência ou duas dos RHs. Eu sei que isso vai me deixar com uma quantia ridícula de dinheiro por algum tempo. E também vão me deixar devendo muito dinheiro. Manja contas fixas? Tipo aluguel, telefone, luz?

Mas tudo isso é contornável, afinal minha vida inteira tive pouco ou nenhum dinheiro (lembro de uma época gloriosa que sobrevivi 4 dias com R$2). O pior mesmo é o efeito moral.

Passo o mês todo num trampo que me esmaga e cospe meu tempo e paga uma miséria. E ainda atrasa. E eu sofrendo privações das mais diversas

Não existe uma única vez nesses meses de atraso que eu não pense em simplesmente desistir e voltar vencido pra casa.

Bem contado, sou apenas uma despesa absurda pro meus pais. Duas pessoas que já passaram do tempo de continuarem se empenhando tanto pelo filho, que nunca devolve nada.

Promissor? Termo certamente oriundo de promessa, que já ouvi bastante associado a mim. Boa definição: as promessas poucas se cumprem.

Que vou fazer sobre isso?

Nada. E que venha a angústia...



It's Over - Beta Band

quarta-feira, novembro 03, 2004

Os Recados do Mundo

Estava deitado no sofá da sala, lendo Italo Calvino, quando ouço umas pancadas leves na janela do quarto da frente.

Estou sozinho em casa, vou verificar: nada, ninguém, nihil. Volto pra sala e deito no sofá.

Novas batidas na mesma janela.

Levanto novamente e vou até lá. Observo tudo com mais cuidado. Nada, ninguém novamente.

Na volta para sala, percebo quatro post its afixados na porta do quarto. Estava escrito:

Lielson, pra que tudo isso?

Arranco os post its, ponha no lixo destinado a papéis, e percebo ter perdido a página do livro...



Hang On to Your IQ - Placebo
Baseado em fatos reais

As pessoas são extremamente previsíveis:

CENÁRIO: Biblioteca no 2º andar do Prédio Dom Pedro I da Reitoria da UFPR.

BIBLIOTECÁRIO - ...e o cara chegou aqui, causou maior rebu!
BIBLIOTECÁRIA - Foi um baita dum grosso (inserir sotaque carioca)
(Lielson entra no recinto e observa os bibliotecários. Ouve)
BIB.(O) - Veio aqui reclamando de tudo, disse que a biblioteca é uma bosta...
BIB. (A) - Tudo isso porque eu disse que ele tava com os livros atrasados. O primeiro dava mais de R$ 10 de multa.
BIB. (O) - É! Foi essa hora que ele despirocou de vez. E ainda queria renovar um livro que estava na reserva...
BIB. (A) - Ele me xingou porque chamei ele de senhor. Ele disse 'sou PROFESSOR' não senhor.
LIELSON (aparte) - Tomara que não seja um professor do mestrado, e quem tenha o livro reservado tenha sido eu...
BIB. (A) - Como era o nome dele? Joel?
BIB. (O) - Não, era algo como Ilael, itael...
LIELSON - Não era Itanel não?
BIB. (O) e BIB. (A) - Isso. ele mesmo!
BIB. (A) - Itanel Quadros Bastos, é o nome dele.
LIELSON - É! Ele mesmo...(aparte)BWAH - HAHAHAHAHAHHAHAHA. Em nada isso me surpreende...



Troubles - Coldplay

segunda-feira, novembro 01, 2004

Fui roubado

Na verdade, ainda não fui. Mas em breve serei. O governo vai me roubar uma coisa que não tem preço (embora seja dinheiro): tempo.

Claro que pra eles é emprestimo. Que vão devolver no final do tal "horário de verão".

O pobre coelho branco bebedor de chá vai estar um pouco mais atrasado pelas bandas do Brasil.

É muito cara-de-pau capitalizar tempo dos outros. Pegam essa hora "emprestada" de cada brasileiro, põe numa conta poltergeist na Suiça (onde se fazem belíssimos relógios) pra render e acumulam muitos minutos.

E eu não tenho tempo pra nada, quem dirá pr'algo, passarei a ter uma hora a menos. Nem tirando coelho da cartola (e olha que da última vez era lebre). E você também. E ele também. Até o cara que nunca leu meu blogue.

Mais um aspecto do auto-beneficiamento dos dirigentes políticos investindo os valores do povo como se seus fossem. Se tivesse uma hora a mais pr'isso, diriam que é uma vergonha, mas o pobre do coelho deu de cara com a mesa vazia e as xícaras viradas. As borras de chá diziam: você está atrasado uma hora para estar atrasado...



Baby, One More Time - Travis
Palavras do Mundo

Enquanto bebia água, observei as contas na porta da geladeira.
  • luz
  • aluguel
  • nota do mercadorama
  • água
no rodapé da conta de água,li a seguinta mensagem: "Acabe com a água suja e parada" e na sequência:

Lielson, pra que tudo isso?

Fiz as contas: vai ficar caro...



Minor Stab - Andrew Bird's Bowl Of Fire