quinta-feira, agosto 17, 2006

Uma agulha funda nos nervos

Era do tipo abre bem a boca por que é uma região difícil de acertar. Nada reconfortante ouvir a dentista te falar isso.

Mete-lhe agulha adentro, os nervos mandibulares chiam e exigem retorno e a sensação de corpo estranho é incômoda.

No resumo: a dentista vai meter uma broca meu dente adentro pra que uma cárie vaze afora. Como na vez anterior que fiz a tal restauração a 'seco', doeu pra caraio, não me contive em pedir o anestésico.

Duas agulhadas e 3 repuxões nevrálgicos depois, as formigas correm pelos meus lábios pela parte de dentro. As mesmas formigas desligam minha língua e dançam quadrilha na minha gengiva.

Carnaval delas e greve geral da metade esquerda de baixo da minha boca. Penso em Gargantua ou Pantagruel do Rabelais, quando os soldados (ou algo assim) viveram anos na boca de um gigante desses.

A broca entra e sai do dente, a boca continua aberta e as promessas não se cumprem: a dor bate cartão, ainda que com menor entusiasmo.

Bato meu cartão no trabalho como um boca-mole. A iminência da baba domina a manhã. Mas tudo escorre bem.


Anesthesia - Luna

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