há um conceito muito importante no budismo: a impermanência.
a ideia é de que os seres vivos querem evitar a dor e acham que a melhor forma de fazer isso é estabelecendo-se e criando garantias. e a demolição é que não existem garantias e o mundo não é permanente. nem o mundo, nem nada que o faz ser mundo.
a vida é impermanente. ao tentar fixar-se pra fugir da dor, corremos pros braços dela.
eu que não sou budista, embora tenha meus flertes, associo, de modo muito mais tacanho, permanência à tragédia e impermanência à comédia.
pois dor, tradição, herança e retorno ao mesmo ponto me parecem excessivamente trágicos. e saber que o vento sempre empurra o cisco de volta pro assoalho é cômico.
no meio de uma mudança de vida, de casa, de estado, de prospecções, quero imaginar que aquele que me escreve torça o braço de Melinda e afunde sua cara numa torta de creme.
é o riso contra a seriedade.
voltando aos budsatvas, o mantra é: não se leve tão a sério, é só quadrinhos, é só comida, é só uma opinião diferente, não se leve tão a sério, é só uma cidade, é só umas caixas pra passar fita adesiva, é só uns dias, é só... não se leve tão a sério, não se leve tão a sério, não se leve tão sério.
Sê leve. Apenas.
ou descola um fio invisível.
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