[Imagem de David Byers Brown para o Canto XI da Odisseia, com Ulisses contando sua história para o rei Alcino]
esta é a primeira vez no livro que Joyce vai deslocar uma cena da Odisseia da sequência de eventos criada por Homero. antes de chegar ao Hades, no canto XI, Ulisses se encontrar com Éolo, com os Letrigões, com o Ciclope e com Circe, cenas que no Ulysses são posteriores.
Ulisses, aconselhado por Circe, vai até o Hades, que é a morada dos mortos, para conversar com o sábio Tirésias e descobrir um jeito de voltar pra casa mais susse, pois desde daquela época os portos já estavam virando rodoviárias (#Cidadãogregosofre) e aproveita pra colocar a conversa em dia com várias parças que caíram na guerra de Troia, tipo o Agamenon e Aquiles (aquele do calcanhar).
para conversar com os mortos há todo um ritual com sacrifícios animais. somente a alma que beber o sangue sacrificial recuperará a memória e o dom da fala e poderá trocar uma ideia com o autor do sacrifício. em Ulysses, Bloom acompanha todo o cerimonial de enterro e ao contrário de Ulisses que é sempre ouvido por suas "palavras aladas", Bloom é grosseiramente cortado diversas vezes por diversas pessoas diferentes.
no livro do Joyce, Bloom e aqueles que o acompanham falam com de mortos e lembram deles o tempo todo. uma relação bacana é que o defunto Paddy Dignam morreu do coração de tanto beber e na Odisseia um dos companheiros do Ulisses morreu na casa de Circe porque tava travado de vinho e caiu do telhado. ou seja, o álcool abotoou o paletó dos dois.
muitas histórias de afogamento e de se molhar ou nadar e cair na água, não só neste capítulo, mas em todo o livro, fazem paralelo com os marinheiros de Ulisses que naufragaram ou morreram no mar.
Bloom também conta os presentes no enterro e são 12 e mais ele, assim como Alcino tinha 12 reis e mais ele a receber Ulisses. sem falar no óbvio 13, número místico até o radical.
Nenhum comentário:
Postar um comentário