Foto de Daniel Castellano, para a Gazeta do Povo
eu gosto de Curitiba. vivi mais de uma década lá, tomei café na XV, passei frio na reitoria da UFPR, vi os primeiros shows do ruído/mm, vi o Trevisan andando em círculos na Santos Andrade, e - o que eu mais gostava - caminhei bastante por toda a cidade.
meus pés e as ruas de Curitiba tem um bruta dum affair interrompido, mas nunca apagado ou resolvido.
por isso e pelos amigos e parentes, volto pra lá vez por outra. tipo no Carnaval. Afinal, são poucos os lugares com um carnaval tão inofensivo quanto o de Curitiba - defendo até a institucionalização do não-carnaval curitibano -- sim, com hífen, tamanha sua negação.
e nesse saudável carnaval, a cidade virou zumbi.
não tô lembrando só da divertida zombie walk, que talvez seja a melhor ideia de brincadeira coletiva para adultos (sem ideologia marcada) já inventada. é uma evolução do flashmob. ou um fashmobão.
aliás, tô pensando sim nas fantasias zumbizentas na rua, mas não só.
Curitiba toda virou zumbi.
(a foto não é de Curitiba. coloquei ela só pelo impacto visual)
além dos eventos desmortos do carnaval, e do jargão de que os usuários de crack parecem zumbis, trôpegos, enrolados em farrapos, feridos, fedidos e delirantes que tomam as ruas como se vivessem uma Zombie Walk em sua half-life, há ainda um ar de morto por todos os lugares.
acompanha comigo: ninguém nas ruas, lojas fechadas, shoppings lotados, aquela nevoazinha e é claro, o cenário de guerra que recebe o viajante na rodoviária da cidade.
torço pelo clichê, mas não me encontro com as bolas de feno rolando pela rua.
é engraçado: um texto sobre uma cidade que encontrei meio-morta, num blog que tem dificuldades de se manter vivo se contrasta com um lugar que lembra muito da minha vida.
não, não é engraçado. até sorrio, mas não sei o que é. engraçado, não.
na minha cabeça, tudo está disponível: os cafés, as livrarias, a Biblioteca Pública, a universidade, o rumo da minha (ex) casa no Alto da XV.
Aqui Curitiba vive.
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