segunda-feira, agosto 06, 2012

Leiturosseia do Ulysses - Capítulo Quatorze - Gado do Sol

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[o pôster bacanudo é do Nicholas Girling e pode ser comprado no site dele]

apesar do Paulo Coelho dizer que não gosta e que o Ulysses é um livro vazio, continuo com a minha leitura por pura teimosia, pois, afinal, o que mais pode ser dito depois de dom Paulete? 

ao livro que fez mal à literatura: este é um dos capítulos mais audaciososo do Ulysses - também chamado de difícil e de ilegível. veja só: a cena se passa na maternidade, onde a Sra. Purefoy está há dias em um parto complicadíssimo e Leopold Bloom resolve visitá-la. lá no hospital encontra Stephen e uma galera aprontando todas e bebendo mais ainda.

por alguma razão, Bloom fica com pena de Stephen e resolve cuidar do moleque pra ele não fazer merda. então a criança Purefoy nasce bem e todos resolvem cair na gandaia e Bloom vai junto. daí, o próximo capítulo que se passa num bordel.

o episódio homérico é aquele que os marinheiros do Ulisses desobedecem o aviso e carneiam os bois de Hélio, o Sol, para comer, invocando contra eles, óbvio, the furious anger do deus.

é mais um dos quiprocós da Odisseia: quando tudo parecia que se arranjaria, alguén faz uma cagada e eles não conseguem voltar pra casa. e você achava que a Uni era um problema.

agora, precisamos pensar com a cabeça do Joyce: ora, se a história se passa numa maternidade, com alguém nascendo, é óbvio que a linguagem tem de acompanhar. se algo nasce, a língua nasce também diante do leitor, mostrarei as raízes da lingua inglesa e parodiarei escritores importantes para o estabelecimento do idioma. é óbvio.

para os interessados em conhecer cada um dos textos parodiados, recomendo esse link aqui. e este ótimo resumo aqui também, ó.

nesse capítulo, o tradutor tem de sapatear. o Caetano Galindo optou por procurar correspondências de textos formadores do português para parodiá-los, o que me parece uma solução mui sensata. esse, sme dúvida, é o capítulo mais pra nerd de literatura do livro.

porém, marca outro fator importante pra prosa de ficção do século XX e XXI: a paródia e o pastiche.

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