segunda-feira, janeiro 15, 2007

Viajante
 
Saiu do banho, pôs seu terno preto - que era o melhor, a camisa preta - que era a mais bem-passada, a gravata preta - que era a mais cara, o sapato lustroso bem-lustrado - que era o mais limpo, levou as duas malas de couro, uma verde - modelo antigo, com reforço de madeira e uma vermelha - dessas bolsas arredondadas.
 
Dentro delas, roupa para 7 dias, revistas para 14 horas de leitura, livro para uma vida toda.
fechou as janelas, pôs as trancas do lado, cerrou as cortinas, tirou a TV da tomada, comeu a última fruta da geladeira com o último copo de leite.
 
Foi até a porta de trás e fechou-a com duas voltas de chave - que era o máximo de voltas possível, foi até a porta da frente, apagou a luz da sala, abriu-a, sentiu o vento no rosto, limpou os pés, fechou a porta, chaveou com duas voltas e sentou-se quietinho emcima da mala verde no meio da sala de estar.
 
Quão mais longe precisaria ir para viajar?
 
That's entertainment - The Jam

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