sexta-feira, julho 01, 2005

Enquanto isso, em Curitiba...

A moça de saia curta, sentada de pernas cruzadas, despenca o pescoço e encosta a cabeça mascadora de chiclete na guarda do banco.

O velho negro de terno branco, guardou o lenço vermelho e achou a ruela fedida.

Uma pomba cagou no ombro da colegial excitada com a boca do guri.

A colegial pombagada passa ao lado do velho. Ele se vieleia acima. A moça do banco faz um único movimento: descruza as pernas.

A moça, naturalmente, abre as pernas, como num balé.
A saia, naturalmente sobe, como numa fuga.
O velho naturalmente leva a mão ao chapéu panamá, como num aceno.

Entre eles, o vertical sorriso dela.


Vai passar - Chico Buarque

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo... "cada paralelepipedo da nossa cidade essa noite vai se (???)"... eh! Muito bom!