é amanhã, sábado!
tem coisa minha, coisa da Van e coisa do Liber na revista
só chegar no aprazível Brooklyn Café, tomar o melhor macchiato da cidade e comprar a sua revista!
é amanhã, sábado!
tem coisa minha, coisa da Van e coisa do Liber na revista
só chegar no aprazível Brooklyn Café, tomar o melhor macchiato da cidade e comprar a sua revista!
nessa semana de empolgação com os bizorros de Liverpool, vamos com covers tão bons quanto os originais - ou até melhores mesmo, mas fala baixo.
uma óbvia
uma obrigatória
uma do I am Sam
uma porque a Van sugeriu
uma porque é suja e agressiva
aproveitando a empolgação com o show do Paul, vai aí um top 5 Beatles, válido por 2011 (ordem variável):
fui no show do Macca no domingo.
tenho tanto pra falar sobre o show, que não consigo.
topicalizo:
- foi demais
- tocou 2 do meu top 5 Beatles.
- foi foda
- as músicas mais batidas, são as mais fodas ao vivo.
- ouvir o cara falando "usei esta guitarra pra compor Paperback writer. vou tocá-la pra vocês" doi foda demais.
- foi tudo certo.
- 24 horas de ônibus valeram a pena.
- aquilo ali foi lindo:
entre idas e vindas da corrida de rua regular, hoje tive minha primeira evolução marcante: fiz todo o meu percurso só correndo e ainda tinha energia pra mais.
pela primeira vez desde que comecei a correr não tive que respirar como um búfalo espirrando.
e o ar de Curitiba tá frio de Pinguim pedir pra ir dentro da geladeira.
milagre? segunda mutação? o contato com o rato me deu novas habilidades?
nope.
aprendi o ritmo de corrida.
o meu ritmo.
levei alguns meses pra encontrar o disgramado, mas agora somos amigos e corremos juntos.
é uma bobagem, coisa pouca, mas depois de ganhar as contas e ter que linchar outro mamímefero, encontrar o ritmo parece o começo da harmonia.
sempre com alguma distorção, pra ter graça.
não teve jeito.
o veneno que joguei, o Senhor Rato estocava prum futuro suicídio.
a ratoeira, o mercado não tinha.
a única pessoa da casa que não treme à menção da palavra ratazana sou eu.
meus princípios éticos foram pelo ralo que o Senhor Rato usou pra chegar à minha casa.
encarei o animal frente a frente.
um duelo entre mamíferos.
não se fala mais em inteligência e artimanhas, apenas em velocidade, agilidade e força.
matei o Senhor Rato a pauladas.
foi triste.
principalmente pra ele.
tinha uma brincadeira uma tortura consentida entre os piás de Francisco Beltrão que se chamava "tratar verdura".
(nunca descriptografei essa)
a regra era mais clara que o Arnaldo: ao ver a outra parte tratada, você deveria dizer 'hoje não'. aquele que não disse 'hoje não', tomaria murros e pontapés até que dissesse a frase código.
por que as crtianças, todas do sexo masculino, participavam dessa ludicidade espartana?
não sei, nunca entendi também.
nem quando tinha idade pra 'tratar verdura'.
mas me deu uma vontade de dizer "hoje não" bem na cara do marasmo e metre-lhe um socão no braço!
eu entrei na cozinha e o rato também. ele tava ali, focinhando vida e eu parado, ainda meio paralizado.
é a primeira vez que eu duelava com um bicho desses.
(por ser pequeno, ele ganha bônus de armadura contra mim).
o rato optou por uma fuga veloz e rasteira para os quartos dos fundos da casa, que ocorreu entre "é, gosto do livro do Dyonélio" e "o Mickey é imensamente mais simpático".
cerquei o perímetro e sei em qual área está. resta agora pôr o rato pra roer grama pela raiz.
mas cada vez que planejo o assassinato do Senhor Rato, ouço o barulho de ossos pipocando.
às vezes, um gemido de vida em fio acompanha.
ele sangra, sabe?
somos ambos mamíferos, temos pelos.
temos ossos que estalam.
optei por uma saída mais shakesperiana: o veneno.
me sinto mal por induzir o Senhor Rato a, em desespero famélico, comer a desvida.
mas é ele ou eu.
que vença o primata.
eu fui demitido.
ontem.
perdi o emprego. estou na rua da amargura. fui chutado. dispensado.
ou como se diz hoje no mundo RHquico: desligado da empresa.
me chamaram com mais 4 colegas pruma sala, engataram o papinho temos uma notícia triste pra vocês, vocês estão sendo desligados.
entregaram um papelzinho carente de assinatura em que, resumidamente, a empresa dizia que me dispensava e que tinha um motivo de enorme alegria em ter trabalhado comigo.
se a alegria fosse tão grande, me manteriam na firma só pelo ambiente feliz que proporciono com minha jovialidade. afinal, funcionários felizes são mais produtivos, até o Toyota sabe disso.
eu não me engano: bom, não foi. ser demitido é uma bosta. mas não é o fim do mundo também.
fim do mundo é te mandarem embora, e pedirem pra você responder um questionário demissional que começa com: "Qual a razão da sua demissão?"
veja abaixo o meu bate-papo com o DW, na sacra estrutura da Itiban, durante o lançamento de La naturalesa.
para ver o resto, vai lá no blog do DW.
impressionante meu movimento facial enquanto falo.
e claro, as malditas mãos que bailam loucamente pelo ar.
patético.
uma passagem - dentre diversas - muito bonita de Sabato, na tradução de Janer Cristaldo:
"Mas nesse momento, naquele caloroso dia de verão, naquele úmido e pesado entardecer, com a transparente bruma de Buenos Aires velando a silhueta dos arranha-céus contra as grandes nuvens tormentosas do oeste, apenas eriçado por uma brisa distraída, sua pele se estremecia apenas como pela lembrança apagada de suas grandes tempestades; essas grandes tempestades que certamente sonham os mares quando dormitam, tempestades apenas fantasmagóricas e incorpóreas, sonhos de tempestades, que só conseguem estremecer a superfície de suas águas como estremecem e grunhem quase imperceptivelmente os grandes mastins adormecidos que sonham com caçadas ou combates." (SABATO, Ernesto. Sobre heróis e tumbas. Abril: 1986, pp. 142 e 143)
"Recorda: O Tempo é sempre um jogador atento
Que ganha, sem furtar, cada jogada! Ë a lei.
O dia vai, a noite vem; recordar-te-ei!
Esgota-se a clepsidra; o abismo está sedento."
BAUDELAIRE, Charles - O relógio in Flores do Mal (trad. Ivan Junqueira)
tenho tentado.
acho que não o suficiente, mas tenho.
me livrei de jogos do Facebook, reduzi meu período no Twitter e no e-mail, mas o efeito ainda não veio.
a pilha de livros só aumenta (talvez, se eu parar de comprar e emprestar da Biblioteca), os filmes a ver já ocupam muitos GBytes, as correções da pós-graduação em HQ vão se escoando, digo sim a frilas, digo sim a congressos e não começo - simplesmente não começo - a escrever.
a covardia de falhar se banha na arrogância de que posso fazer a qualquer momento.
em Beltrão, minha mãe disse, meio que por brincadeira:
"se eu tivesse mais um filho, obrigava a ser médico e ganhar dinehiro. de sonhador, já basta um."
como diz Saint Bachelard, o sonho é importante e sem ele não há mundo desperto.
mas a matéria antiplatônica tem de ser erigida e não basta apenas o prático e onírico.
é preciso a consciência do desperdício.
do dia comido pelo próprio dia, oroboro cósmica do puta que te pariu!
que ninguém me fale em passatempo, eu quero um paratempo!
eu quero um fluitempo, eu quero um melevajuntotempo.
nem que seja só por um instante.
vou-me a Francisco Beltrão.
meus pais e minha infância empacotada em memória cercadas por parênteses de 8 horas sobre rodas.
arrumando malas, trabalhando, escolhendo os livros a empilhar e afins, sobra pouco pro Lugar certo.
(e não seria essa a maldita síntese da minha vida? depositar o tempo no lugar errado mais vezes - tempo? - que eu gostaria?
nos vemos lemos segunda-feira.
mais uma da etiqueta inexistente Oficina do nelson de Oliveira. essa era sobre uma relação entre pai e filho.
olha aí:
Acho que foi o pai quem sugeriu o topo do prédio para “conversar”. O filho já sabia o peso da cena: papo de pai pra filho.
clichê.
Subiram as escadas e chutaram poeira em silêncio pelo terraço. O pai foi até a mureta que separava teto e chão, colocou o pé e apoiou os braços na perna; gostou do calor no rosto e do som do vento. O filho, cumprindo bem seu papel, parecia brutalmente desinteressado.
O pai o chamou com um gesto silencioso, porém gentil. Que mais poderia fazer o filho, se não ir? O pai pesou a mão no ombro do rapaz, que manteve as suas nos bolsos da calça.
O pai tirou sua mão do ombro do filho e sem olhar pra ele, falou: “Filho, a vida é uma coisa louca. Hoje estamos vivos, amanhã não estamos mais.” O filho não pode deixar de pensar – nem tentou deixar, na verdade - como o discurso parecia batido.
“Por isso quero que tenha cuidado ao andar por aí, não se exponha, guarde suas coisas pra si.”
O filho olhou para o pai. Achou que ele merecia, ao menos uma casca de atenção. “Nem sempre quem a gente ajudar, vai entender ou dizer um ‘muito obrigado’. Mas faz parte da... coisa toda.”
“É claro que a herança será sua, e você vai ter que continuar o meu trabalho."
O pai olhou para o filho, que dessa vez ignorou a situação copiada de tantos filmes.
"Você quer isso, filho?”
“Pai, eu até quero... Mas eu preciso MESMO usar uma capa?”
este texto foi feito pra uma oficina de criação literária, ministrada pelo Nelson de Oliveira em Curitiba no final do ano passado.
o objetivo era fazer um texto com repetição, com uns trejeitos de música minimalista.
segundo a bondade do próprio Nelson, esse texto é irretocável pra proposta apresentada.
(momento de autovanglória)
percebeu que ele disse IRRETOCÁVEL?
saiu isto aqui:
PROCRASTINAÇÃO
Alberto termina o almoço e olha pra folha em branco na pilha de papel. Sabe que precisa escrever para o 1º concurso beltronense de romances. Mas não à mão, assim não conseguirá acabar. Precisa de uma máquina de escrever. Fica pro próximo ano.
Alberto termina o almoço e olha pra folha em branco na máquina de escrever. Sabe que precisa escrever para o 2º concurso beltronense de romances. Mas não à máquina, assim não conseguirá acabar. Precisa de um computador. Fica pro próximo.
Alberto termina o almoço e olha pra folha em branco na impressora. Sabe que precisa escrever para o 5º concurso beltronense de romances. Mas não nesse computador barulhento, assim não conseguirá acabar. Precisa de um notebook. Fica pro próximo.
Alberto termina o almoço e olha pra folha em branco na tela. Sabe que precisa escrever para o 10º concurso beltronense de romances. Mas seu peito dói e cai sobre a folha branca.
cercado pelo casamento real de um lado e pela morte (insira sua dúvida conspiratória favorita sobre isso aqui) de Osama Bin Laden, se centra o mais importante - na verdade, pior - acontecimento do final de semana: a morte do escritor e pintor argentino Ernesto Sábato.
não precisa se sentir estúpido ou, pior, fingir que conhece o mestre gringo. pouco falado no Brasil e obscurecido pelos magistrais Cortázar, Bioy Casares e Borges, Sábato chama pouca atenção no meio literário daqui.
mas essa injusta atenção pequena, é em nada desprezível. a Compania das Letras tem tudo (ou quase) do hombre em sua linha editorial.
o sempre foda Zé Castello escreveu sobre ele. leia.
eu fui amigo de Sábato.
não, nunca o encontrei, nunca apertei sua mão e passei pelos segundos sem saber o que falar pra um ser humanao que (a mim) é (ainda É) tão admirável. nunca escrevi cartas pra ele ou e-mails (que eu duvido que ele tivesse). mas ele me conhecia muito bem. e eu a ele.
fomos amigos, e nossas conversas, urdidas pelo Túnel, Sobre heróis e tumbas, Homens e engrenagens e tantas outras palabras, apesar de iguais, cometem novidade. sempre.
ele me falava sobre o cientificismo e do racionalismo dogmático, que segundo ele, são a pinoia desse pampa desumanizador.
quando o conheci, em meio de um capítulo de Homens e engrenagens, no primeiro ano de faculdade, eu entendi alguma coisa. até hoje, não estou bem certo o quê, mas entendi. nessa época, Sábato já tinha abandonado a ficção e praticamente parado de escrever. apenas pintava, em sua casa em um lugar chamado Santos Lugares.
pintava, até que esses olhos, perenes apontadores pro mundo, cansaram. e, nas armadilhas do idioma, no sábado passado, Ernesto Sábato morreu.
eu já tinha sentido que perdia um tio distante quando José Saramago morreu (não se fica impune a ler tanto o escrito de alguém), mas com o Sábato quem se vai é um tio querido, que nunca vi e nem verei, mas que encontrei mais vezes do que a mim mesmo.
como ele mesmo me disse, quando explicava porque a humanidade não se arrebata por uma onda suicida quando compreende sua mortalidade e vacuidade do viver:
"Que valor existiria se trabalhássemos e vivêssemos entusiasmados se soubéssemos que nos espera a eternidade? O maravilhoso é que o façamos apesar de nossa razão nos desiludir permanentemente. Como é digno de maravilhamento que as sinfonias, os quadros, as teorias, não sejam feitos por homens perfeitos, mas por pobres de seres de carne e osso." (Homens e engrenagens, p. 129, Papirus, 1993)
vou continuar a conversar com Sábato. eu me vou um dia, e ele vai continuar a ser ouvido. quem sabe eu mesmo continue a ouvir...
toda a equipe do Lugar Certo (que sou eu) está em luto pesado pelo passamento de Ernesto Sábato. mas falaremos (eu e mais quem?) disso amanhã.
hoje, ouçam meus palpites sobre a carreira de Frank Miller no Anticast Design, com o Liber Paz, Rogerio Coelho, Ivan (dono do podcast) e Reberson.
aqui, quando tudo foi bem pro Miller e aqui quando depreciamos o trabalho do cara, tirando o sono dele e sua razão de viver.