"Recorda: O Tempo é sempre um jogador atento
Que ganha, sem furtar, cada jogada! Ë a lei.
O dia vai, a noite vem; recordar-te-ei!
Esgota-se a clepsidra; o abismo está sedento."
BAUDELAIRE, Charles - O relógio in Flores do Mal (trad. Ivan Junqueira)
tenho tentado.
acho que não o suficiente, mas tenho.
me livrei de jogos do Facebook, reduzi meu período no Twitter e no e-mail, mas o efeito ainda não veio.
a pilha de livros só aumenta (talvez, se eu parar de comprar e emprestar da Biblioteca), os filmes a ver já ocupam muitos GBytes, as correções da pós-graduação em HQ vão se escoando, digo sim a frilas, digo sim a congressos e não começo - simplesmente não começo - a escrever.
a covardia de falhar se banha na arrogância de que posso fazer a qualquer momento.
em Beltrão, minha mãe disse, meio que por brincadeira:
"se eu tivesse mais um filho, obrigava a ser médico e ganhar dinehiro. de sonhador, já basta um."
como diz Saint Bachelard, o sonho é importante e sem ele não há mundo desperto.
mas a matéria antiplatônica tem de ser erigida e não basta apenas o prático e onírico.
é preciso a consciência do desperdício.
do dia comido pelo próprio dia, oroboro cósmica do puta que te pariu!
que ninguém me fale em passatempo, eu quero um paratempo!
eu quero um fluitempo, eu quero um melevajuntotempo.
nem que seja só por um instante.
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