segunda-feira, janeiro 10, 2005

e aí? belê?

- opa. beleza?
- oh, e aí meu?
- tranquilão?


Uma coisa que me irrita bastante: pessoa que te conhece, sabe quem você é, não se engana quanto a tua procedência e finge que não te reconhece.

Nem pra te cumprimentar.

Numa tentativa de me elevar aos céus pelo bom desenvolvimento de minha alma, parti pra auto análise e auto-crítica.

Por que me irrita tanto? Porque é coisa de cuzão. Coisa de cuzão? Por quê? Qual a dificuldade de fazê-lo; eis o porquê.

Nesses meandros, algo me espoca na cabeça.

SPOC

Qual a razão disso? Pra quê você cumprimenta alguém na rua? Não haverá pausa, troca de informações ou convintes. Apenas confirmação de reconhecimento. Ativa, só a função fática.

A inutilidade do ato parece se preservar perante a tradição. A única função é marcar reconhecimento.

Porém sua ausência nos irrita. Temos tanta necessidade assim de ser reconhecidos e identificados? Ou é o simples hábito, que diante de sua inexistência nos agride?

Talvez seja mais uma medida econômica, anterior a nós. Se você conhece a pessoa, pára pra conversar, com o esvaziamento e a efemerização das relações humanas - marca da modernidade, as pessoas paravam pra trocar afirmações tolas e desinteressantes, todas no reino da manter a conversação apenas. Sem nada de novo pra acrescentar.

Mediante essa "perda de tempo", resolveu-se pela economia: apenas cumprimentar. Será que passaremos ao corte final, com a demissão total dos relacionamentos pessoais?



Palo Alto - Radiohead

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