é um filme tão franco e tão elegante que é difícil falar qualquer coisa.
fiquei ulteriormente comovido com o trabalho da Coppola.
o filme é tão franco, que não perde tempo em desarolhar um enredo em caracol. vai direto aos personagens em ação.
a mãe é uma voz telefônica ao longe (que não sabe quando volta) e o pai um ator de cinema que se deixou carregar pelas astrices da carreira: Ferrari, hotel de luxo e sexo compulsório.
já a filha é uma voz fraca,que pede ajuda.
mas tudo isso se diz sem dizer nada. ou dizendo pouco e certeiramente.
a elegância é a direção de Sofia Coppola, com poucos enquadramentos, sem cortes frenéticos ou montagem de videoclipe. é um filme que não tem medo de ser cinema e fazer com que os personagens lutem contra a inércia.
me lembrei de Dino Buzzati e seu Deserto dos tártaros. me lembrei de João Gilberto Noll e seu Canoas e marolas.
há muito movimento no filme, mas é preciso estar atento, pois da nadeza surge o tocante.
um pouco clichê, eu sei, mas uma das minhas cenas favoritas é o preguiçoso zoom na piscina, na cena do cartaz do filme, com Strokes ao fundo.
gosto das autorreferências, que compara o devastador jogo de pernas de Kate Moss com a dupla de strippers indolentes de Um lugar qualquer.
ou aquilo que não foi ouvido pela plateia em Encontros e desencontros e o que não foi ouvido pela filha, em Um lugar qualquer. nem mesmo pelo pai.
basicamente, é a história de um personagem que está em algum lugar (e ele se deixa ficar, inerte) e que precisa ir para algum outro lugar. e eu não sei bem onde está minha posição quanto ao filme. só sei que gostei muito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário